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Caldeirão Grande do Piauí

CALDEIRÃO GRANDE│Bispo Dom Plínio visita comunidade Serra dos Pereiros e denuncia descaso após homem morrer eletrocutado; fotos

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Aproximadamente setenta moradores da comunidade Serra dos Pereiros, zona rural do município de Caldeirão Grande do Piauí, estiveram reunidos nesta segunda – feira (22), na capela da comunidade, por volta das 11h, com o Bispo Diocesano de Picos, Dom Plínio José da Silva juntamente com o prefeito de Caldeirão Grande do Piauí, João Vianney, padre Pio Feitosa, José Lacerda – representante do Terço dos Homens, o presidente da Associação de Moradores, Cláudio José, o advogado Anderson Nunes, e a presidente da Associação das Mulheres Agricultoras da Serra dos Pereiros Zefinha Neta.

O objetivo da visita do bispo, foi para para discutir com a comunidade sobre as condições da rede elétrica que está danificada com fiação rompida, postes caídos e sobretudo quais providências a serem tomadas para com a empresa Equatorial Energia, afim de amenizar o sofrimento da família de Cícero de Manoel da Costa, que morreu vítima de descarga elétrica.

O problema da rede de energia causou a morte do morador Cícero de Manoel da Costa, conhecido em vida como Cícero de Manoel Galdino, ocorrida no último dia 03 de julho, quando o mesmo dirigia-se para a roça e ao passar em sua motocicleta por cima de um fio que estava caído na estrada vicinal, sofreu uma descarrega elétrica e morreu carbonizado, sem chances de socorro. A fiação é de responsabilidade da empresa distribuidora de energia elétrica Equatorial Energia.

Padre Pio Feitosa, pároco da Paróquia São Cristóvão em Marcolândia, Área Pastoral que abrange o município de Caldeirão Grande do Piauí, região limítrofe, lamentou e comentou o fato que resultou na morte trágica do agricultor. De acordo com o padre Pio, moradores da comunidade, desde o dia 24 de março solicitaram a reparação da rede e nenhuma providência foi tomada.

“Esse fato, a cremação deste homem aconteceu de 5h40 até as 9h da manhã. O fogo queimou a moto, queimou o corpo do rapaz ficando apenas uma parte da cabeça e um braço. Foi uma perca muito sofrida para a comunidade. A comunidade não foi omissa e pediu uma reparação no dia 24 de março e outra posteriormente. O prefeito tem documentos que comprovam que foi solicitado reparação na rede de energia, antes de acontecer esse fato – a morte do rapaz […] nunca teve nenhuma manutenção, mesmo a comunidade prevendo algum acidente, só não sabia da gravidade. Como foi que ficou a comunidade? como é que nós estamos? Ficamos com o coração trespassado de dor. Queremos uma reparação deste dano causado à vida e também da rede de energia!”, exclamou questionando.

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“Tivemos o recolhimento de muitas assinaturas, baixo assinados e vamos encaminhar ao Ministério Público, ao senhor Juiz e à promotoria a reivindicação da comunidade para ajudar e acompanhar a família e, sobretudo, o casal tem um filho. Como igreja nós formamos uma família assim como toda Diocese. Então se a comunidade está feliz a igreja está feliz e se a comunidade está sofrendo certamente a Igreja está sofrendo”, destaca o padre Pio.

O prefeito municipal João Vianney, no uso da palavra afirmou também que foi solicitado várias vezes providências há mais de dois meses e encaminhou documentos, indo até Teresina para tentar resolver o problema.

“A comunidade [ as associações] e o município [a Prefeitura] solicitou manutenção nas redes muito antes desse fato trágico. Essas redes foram construídas há mais de 20 anos e não fizeram manutenção. Temos documentos e também fomos até Teresina junto à Equatorial solicitar a manutenção dessas redes”, disse.

Quando indagado sobre o posicionamento quanto ao retorno por parte da empresa em relação à manutenção, o prefeito João Vianney, disse que somente nesta segunda – feira (22) responderam que houve um reparo e que na primeira semana de agosto darão continuidade na manutenção da rede.

“Infelizmente depois que perdemos vidas é que se toma providências. É um descaso no nosso Piauí. Se a empresa está sucateada não temos nada a ver. Se a comunidade paga, se a prefeitura paga em dias temos que ser respeitados como consumidores. Estamos sendo solidários com a família cobrando da empresa e queremos que façam manutenção constantemente em todas as comunidades. Se não tivermos uma ação da Equatorial poderemos ter mais vítimas. Quero dizer que estamos ao lado do povo de Caldeirão Grande. A empresa não fez o desligamento depois de 20 dias e não foi solidária com a família. Em nenhum momento a empresa se solidarizou com a família. Nos solidarizamos aqui hoje para que possamos ter o reparo da rede e principalmente com a família. A esposa e o filho, como é que vão sobreviver se o rapaz era uma agricultor?”, questionou Vianney afirmando que estará sempre ao lado do povo.

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“Quero dizer que o Poder Público está presente, esteve no dia e estará sempre ao lado do povo de Caldeirão Grande”, garantiu o prefeito João Vianney.

O advogado, Anderson Alves, no uso da palavra disse que o recurso a ser interposto perante a situação é uma reparação de ação cível porque houve a responsabilidade civil da empresa pela omissão notável por parte da apresentação de todos os ofícios apresentados, durante ocasião nesta segunda-feira, aos quais foram encaminhados à empresa para as devidas providências de manutenção.

“Notadamente a empresa não tomou as providência cabíveis e por sua omissão houve o falecimento do rapaz. Estaremos nessa ação interpondo junto com pedido de dano material, um pedido de pensão para o filho do falecido, por conta da omissão da empresa no caso. Neste mês de agosto a partir do dia 04 como estabelecido pela perícia técnica feita pela Polícia Civil […] vamos interpor uma ação judicial no primeiro grau denominada Ação de Responsabilidade Civil”, explicou.

O advogado acrescentou que caso haja interposição de recurso pela parte e o caso prossiga para segunda instância, acredita-se que o pedido será procedente e prontamente atendido pelos juízes e desembargadores.

O presidente da Associação de Moradores de Caldeirão Grande do Piauí, Cláudio José, declarou que o sentimento da comunidade é de dor e trauma com o fato ocorrido.

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“A comunidade ficou traumatizada por causa desse acontecimento e por conta da empresa que não teve o devido respeito com a comunidade e com a família. Temos em nossa comunidade inúmeros postes se rompendo. Temos um poste que está no chão com toda fiação de baixa tensão. Esse poste caiu na quinta-feira passada e ainda hoje continua caído. A empresa tem conhecimento, mas não tomaram nenhuma providência com esse caso. Entreguei pessoalmente na Equatorial em Teresina uma solicitação de reforma na rede e uma possível ampliação para melhoria dela”, afirmou o presidente da Associação de Moradores.

Membro e coordenador do Terço dos Homens de Pereiros, José Lacerda, disse como o fato repercutiu em meio ao grupo religioso.

“Hoje lamentamos muito a perda do nosso irmão. Quando chegamos na igreja para rezar o terço logo vemos de cara a cadeira vazia que ele ocupava. É muito emocionante e triste perder um irmão por conta da falha da empresa. Quero aproveitar a ocasião para agradecer ao bispo e ao padre que se comoveram com a situação da família e da comunidade”, lamentou.

Durante o momento em que o corpo de Cícero Manoel estava em chamas ele portava no bolso um terço de madeira, objeto sagrado que não foi consumido pelo fogo.

O bispo Dom Plínio José, ressalta que o objetivo da Diocese de Picos é continuar com o papel de Cristo, isto é, defender a vida.

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“Nós vamos somar juntos com a presença da comunidade e legitimar essa inciativa. Percebemos a tristeza da família. Venho aqui pelo meu dever e não poderia deixar de cumpri meu papel. A Serra dos Pereiros está sofrendo com esse fato e temos a necessidade de ser solidários porque o sofrimento pode acontecer em qualquer lugar. Como humanos nós sentimos e a Igreja Católica em si inclui-se nesse sofrimento”, revela o bispo.

Zefinha Neta é moradora da comunidade e presidente da Associação das Mulheres Agricultoras da Serra dos Pereiros. A mesma frisou na ocasião para  convidar demais pessoas para que se associem e que a associação seja fortalecida podendo assim reivindicar por direitos e evitar que tragédias como essa aconteçam.

“É lamentável tudo isso que aconteceu. Fui até a casa do presidente da Associação de Moradores onde conversamos e ele disse que tinha realmente feito a solicitação. Já tínhamos mandado ofício para empresa e eu também fiz um ofício para a empresa. Hoje agradecemos a Deus porque estávamos agindo. Peço força da comunidade, principalmente por parte das mulheres para agirmos com mais firmeza, coragem e reivindicar nossos direitos”, concluiu.

Matéria Relacionada: -Agricultor morre eletrocutado em cabo rompido no interior de Caldeirão Grande

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