Se houver duas ocorrências ao mesmo tempo, o Estado não terá o efetivo suficiente de bombeiros para atender”, disse em entrevista ao Portal AZ, o presidente da Associação de Bombeiros Militares do Piauí, capitão Anderson ao denunciar a precariedade do Corpo de Bombeiros do Piauí.

De acordo com o capitão Anderson, o Governo do Piauí juntamente com o comando geral do Corpo de Bombeiros, a qual está à frente, o coronel Carlos Frederico, “querem maquiar normalidade numa situação onde não existe”. Ele conta que a corporação sofre não só com a falta de equipamentos como também de recursos humanos.

“Observamos a situação da incidência das queimadas, principalmente, no período de B.R.O-BRÓ que este ano já houve o aumento de 30% em relação ao ano passado, e o Governo juntamente com o comando geral do Corpo de Bombeiros trata como uma situação atípica. Nós estamos há dez anos denunciando permanentemente esses riscos urbanos e rurais, e em contraponto a corporação nada evoluiu. Não se estruturou, não se renovou, não se equipou e nem avançou em relação efetivo . Hoje, os bombeiros está trabalhando administrando caos.  Nosso atual comandante geral, Carlos Frederico, não tem obtido resultado satisfatório do desempenho da atividade de comando. E fazemos uma critica para que haja uma mudança, pois entendemos que ele demonstra total incapacidade para gerir o corpo de bombeiros”, destacou.

Em entrevista ao Portal AZ, o major Egídio Leite informou que não houve aumento das solicitações de atendimento contra focos de incêndio e que inclusive, até o momento, e em comparação com o ano passado, os números não se elevaram.

“Esse dado é fantasioso. O corpo de bombeiros atende o que é solicitado e essas informações foram feitas com base em imagens de satélite sobre focos de incêndio, e não quer dizer tenham solicitado atendimento para todas elas. Os números estão abaixo com relação ao ano passado. Tivemos um aumento de 2016 com relação a 2015, mas de 2016 para 2017 não. Inclusive, ainda é muito cedo para se definir ter um resultado disso. O dado está deturpado.O comando é escolhido pelo governador Wellington Dias, é um cargo de confiança. O comando geral tem que atender aos bombeiros militares e, principalmente, à sociedade. Isso está sendo feito através de planejamento”, destacou.

Ainda segundo a denúncia do capitão Anderson, o Piauí possui o menor efetivo do Brasil com apenas 297 militares, sendo que a exigência para o estado é de pelos menos 1442 para serem distribuídos em todos os pólos de atendimento, uma vez que esses sejam regionalizados e descentralizados.

“Há uma grande concentração de demandas reprimidas porque não podemos atender ao menos duas ocorrências ao mesmo tempo. São três milhões de habitantes no Piauí e nós deveríamos estar atuando de maneira regionalizada e desconcentrada para atender as demandas da sociedade. Desde o ano de 2009, só conseguimos nos desconcentrar em quatro pólos de atendimento: Teresina, Picos, Floriano e Parnaíba e em nenhum desses lugares o Corpo de Bombeiros conseguiu se estruturar de maneira plena”, disse o capitão.

O capitão afirmou que por dia só há três militares de plantão. “Uma viatura deveria ser composta por sete militares e só tem três, sendo que um é o motorista. Atribuíram nove militares, que não dá para compor as viaturas, e colocaram mais um carro pequeno adaptado para dizerem que reforçaram o atendimento. Além disso, são carros com limitações dependendo da atividade operacional. Além disso, deveríamos folgar para ter uma compensação orgânica, mas a instituição legislou para comprar a folga do servidor, e não ele não está descansando”, destacou.

No entanto, o Governo do Piauí informou, por meio de nota enviada ao Portal AZ, que o “Corpo de Bombeiros vem passando por um processo de reestruturação desde o ano de 2015 e que tem investido em aquisição de equipamentos de proteção individual; de combate a incêndios em vegetação e edifícios; veículos; além de capacitação para a tropa. Japonas, máscaras, uniformes e botas foram adquiridos. Para o combate a incêndio florestal foram comprados 50 bombas costais e 19 abafadores”.

O Estado destacou ainda que “novos veículos de combate a incêndio têm sido incorporados aos comandos do interior e da capital. O município de Teresina foi contemplado com dois veículos, nos anos de 2015 e 2016, e os municípios de Picos, Parnaíba e Floriano também foram beneficiados com um caminhão. Além dos caminhões, também foi possível a aquisição de kits de combate a incêndio para veículos”.

Orçamento

De acordo com o capitão Anderson, a corporação tinha uma previsão de R$ 35 milhões.

“Isso não dá nem para folha de pagamento muito menos cobrir outras despesas que são feitas de maneiras extras orçamentárias. E agora o Governo mandou um projeto de lei que trata sobre a execução orçamentária de 2018 para a Alepi para ser votada, e só com isso, nós perdemos quase R$ 4 milhões do orçamento que já temos dificuldade em executar. Tínhamos previsão orçamentária dentro da SSP, mas essa rubrica foi extinta agora também e investidas na Secretaria de Comunicação . Cobramos as taxas de análise de vistorias de projetos de estabelecimento comerciais que estão legítimos e legais a funcionar, conseguimos arrecadar quase um milhão de reais por ano, mas esse dinheiro não retorna como revestimento, ele vai para Secretaria de Transportes e de Meio Ambiente”, ressaltou.

Segundo o major Egídio, o dinheiro arrecadado pelo Corpo de Bombeiro é colocado na Conta Única do Estado.

“Como em qualquer órgão arrecadador o que é recebido pelo serviços, vai para a conta única e não sabemos para quais outros órgãos ele será destinado. Não tenho conhecimento desse déficit de R$ 4 milhões, mas se houver,  não haverá prejuízo, porque com toda certeza havera um remanejamento de recursos”, destacou.

De acordo com o capitão, há uma licitação através de registro de preço para aquisição de equipamentos publicada em agosto de 2017.

“Mas na verdade é só para maquiar. Ele ganha dois anos dizendo que fez uma licitação, porque pode prorrogar, e ainda tem o prazo de um ano para decidir se vai ou não comprar aquele produto que foi licitado e ainda não é obrigado a adquirir. O comandante do 1º Batalhão de Bombeiros mandou oficio ano passado pedindo estrutura e aporte financeiro e, comandante Carlos Frederico respondeu em despacho dizendo que não tinha condição de atender porque não tinha previsão de orçamento e depois exonerou o militar do cargo”, destacou.

Quanto a esta última informação, o major Egídio pontuou que a exoneração do comandante não está associada ao ofício com solicitação de equipamentos e aporte financeiro.

Outro lado

Confira a nota do Governo na íntegra:

O Corpo de Bombeiros vem passando por um processo de reestruturação desde o ano de 2015. O Governo do Estado Piauí tem investido em aquisição de equipamentos de proteção individual; de combate a incêndios em vegetação e edifícios; veículos; além de capacitação para a tropa.

Japonas, máscaras, uniformes e botas foram adquiridos. Para o combate a incêndio florestal foram comprados 50 bombas costais e 19 abafadores. Segundo o major Veloso, relações públicas do Corpo de Bombeiros do Piauí, esses equipamentos permitem mais eficiência nas operações.

“As bombas costais foram adquiridas recentemente e são utilizadas de forma individual para que o bombeiro tenha acesso à área de vegetação durante um incêndio florestal. Os abafadores também são equipamentos individuais para o combate a incêndios em edificações. Todas as unidades do Corpo de Bombeiros foram equipadas com estes instrumentos”, disse.

Novos veículos de combate a incêndio têm sido incorporados aos comandos do interior e da capital. O município de Teresina foi contemplado com dois veículos, nos anos de 2015 e 2016, e os municípios de Picos, Parnaíba e Floriano também foram beneficiados com um caminhão. Além dos caminhões, também foi possível a aquisição de kits de combate a incêndio para veículos.

Além do que já foi adquirido temos uma licitação em andamento para aquisição de novos equipamentos, inclusive novos veículos de combate a incêndio. Paralelo a isso, o comando realiza a capacitação periódica dos agentes. 

Outro investimento que vem sendo realizado é o concurso do Corpo de Bombeiros, onde estão sendo ofertadas 110 vagas para o cargo de soldado. As provas objetivas e dissertativas serão realizadas no dia 19 de novembro de 2017

Fonte: Portal AZ

Foto: reprodução