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Piauí vai perder 202 médicos cubanos atuando em 102 municípios

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O presidente eleito,Jair Bolsonaro (PSL), disse, na quarta-feira, que manterá o Programa Mais Médicos, mas vai substituir os cerca de 8.500 profissionais cubanos por brasileiros ou estrangeiros. Ele afirmou que os cubanos que quiserem atuar no país devem revalidar os diplomas. A afirmação ocorre no momento em que Cuba informou que vai se desligar do Programa Mais Médicos por não aceitar as exigências feitas pelo novo governo, que considera como ameaça.

A decisão de Jair Bolsonaro fará que o Piauí perca 202 médicos cubanos que estão atuando no estado, informou a coordenadora da Comissão Coordenadora Estadual do Mais Médicos do estado, Idvani Braga.

Ela afirmou que os 202 médicos cubanos estão atuando em 102 municípios piauienses, atuando em atenção básica, como atendimento de gestantes fazendo o pré-natal, da saúde de crianças e idosos.

Idvani Braga informou que existem municípios como Guaribas e Morro Cabeça do Tempo que ficarão sem médicos com a saída dos cubanos.

“O impacto da saída dos médicos cubanos é grande porque era muito bom que sempre tivesse um médico no postinho de saúde para atender os pacientes, para acompanhar as vacinas e saúde das crianças, das gestantes, das parturientes. Eles atuavam na atenção básica, na prevenção das doenças”, falou Idvani Braga.

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O Programa Mais Médicos no Piauí tem 202 médicos cubanos e 125 brasileiros, sendo que deste, são médicos formados em outros países, mas nascidos no Brasil.

Idvani Braga falou que os médicos cubanos estão atuando no Brasil desde 2013, sendo que eles voltavam para Cuba a cada três anos e eram substituídos por outros médicos do país. No Piauí, os cubanos correspondem a 61,7% dos habilitados no programa, que possui ao todo 327 médicos ativos atuando em 134 municípios. Além destes, o Programa Mais Médicos também possui 34 vagas em aberto para médicos brasileiros.

“Essas vagas são correspondentes aos médicos brasileiros que entraram e depois saíram do programa, por qualquer motivo, e a reposição é feita através de edital”, explica a coordenadora da Comissão, Idvani Braga. Os profissionais são responsáveis por atender em especial à população carente, em municípios que possuem déficit de médicos atuando na saúde pública.

O anúncio sobre o fim da parceria entre Cuba e Brasil no Mais Médicos é atribuído, pelo país caribenho, à “referências diretas, depreciativas e ameaçadoras à presença de nossos médicos” feitas pelo presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL). Em nota publicada em um jornal cubano, o governo comunicou que as declarações de Bolsonaro questionam “o preparo de nossos médicos e [condicionam] sua permanência no programa à revalidação do título e como única forma de se contratá-los a forma individual”.

“Não é aceitável questionar a dignidade, o profissionalismo e o altruísmo dos colaboradores cubanos que, com o apoio de suas famílias, prestam atualmente serviços em 67 países. Em 55 anos, 600 mil missões internacionalistas foram realizadas em 164 países, envolvendo mais de 400 mil trabalhadores de saúde, que em muitos casos cumpriram essa honrosa tarefa em mais de uma ocasião”, disse o governo cubano.

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Em suas redes sociais, o presidente eleito Jair Bolsonaro fez críticas à decisão do governo de Cuba. Segundo ele, “a ditadura cubana demonstra grande irresponsabilidade ao desconsiderar os impactos negativos na vida e na saúde dos brasileiros e na integridade dos cubanos”. O presidente argumentou ainda que havia condicionado a continuidade do programa à “aplicação de teste de capacidade, salário integral aos profissionais cubanos, hoje maior parte destinados à ditadura, e a liberdade para trazerem suas famílias. Infelizmente, Cuba não aceitou”, alegou.

O programa Mais Médicos foi criado em 2013, no governo de Dilma Rousseff (PT), com o objetivo de ampliar a oferta desses profissionais em municípios do interior do país.

Bolsonaro conversou com a imprensa na tarde de quarta-feira, no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), sede do governo de transição, pouco antes dele deixar a capital federal para retornar ao Rio de Janeiro.

“Estamos formando, tenho certeza, em torno de 20 mil médicos por ano, e a tendência é aumentar esse número. Nós podemos suprir esse problema com esses médicos. O programa não está suspenso, [médicos] de outros países podem vir para cá. A partir de janeiro, pretendemos, logicamente, dar uma satisfação a essas populações que serão desassistidas.”

O presidente eleito acrescentou que sempre foi contra o programa por discordar do modelo de contratação dos profissionais cubanos. Segundo ele, há um tratamento “desumano” por parte das autoridades em relação aos médicos. Como exemplo, Bolsonaro citou o fato de alguns profissionais virem para o Brasil, mas deixando as famílias em Cuba.

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“Não é novidade para nenhum de vocês, quando chegou a medida provisória na Câmara, há cerca de quatro anos, eu fui contra o Mais Médicos por alguns motivos que agora tornam-se mais claros. Primeiro, pela questão humanitária. É desumano você deixar esses profissionais aqui afastados de seus familiares. Tem muita senhora aqui que está desempenhando essa função de médico e seus filhos menores estão em Cuba.”

O presidente eleito acusou o governo cubano de explorar os profissionais e ainda pôs em dúvida a capacidade profissional dos médicos oriundos da ilha. “Em torno de 70% do salário desses médicos é confiscado para a ditadura cubana. E outra coisa, que é um desrespeito com quem recebe o tratamento por parte desses cubanos, não temos qualquer comprovação que eles sejam realmente médicos e estejam aptos a desempenhar sua função”.

Bolsonaro reafirmou a exigência que seu governo fará para manter os médicos cubanos no programa. “Se fizerem o Revalida, salário integral e puderem trazer a família, eu topo continuar o programa.”

Mais cedo, o governo de Cuba informou que deixará de fazer parte do programa Mais Médicos. Na justificativa do Ministério da Saúde cubano, as exigências feitas pelo governo eleito são “inaceitáveis” e “violam” acordos anteriores.

O contingente de médicos cubanos representa quase metade dos profissionais que atuam no programa, cerca de 18 mil, segundo o governo brasileiro.

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A falta de cobertura desses médicos pode deixar mais de 20 milhões de pessoas, principalmente das regiões mais isoladas e nas periferias de grandes cidades, sem atendimento básico de saúde.

Bolsonaro prometeu asilo político aos médicos cubanos que desejarem permanecer no Brasil. “Temos que dar asilo para as pessoas que queiram, não podemos continuar ameaçando [de expulsão do país] como foi no passado. (…) Se eu for presidente, cubano que pedir asilo aqui vai ter.”

A legislação prevê o asilo político como forma de proteger qualquer cidadão estrangeiro que se encontre perseguido em seu território por delitos políticos, convicções religiosas ou situações raciais.

Fonte: Meio Norte

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