Comandante do 4º BPM esclarece jantar com Francimar Pereira

O comandante do 4º BPM de Picos, tenente coronel Edwaldo Viana, falou com exclusividade à Rádio Liderança sobre a divulgação de imagens nas redes sociais onde aparece jantando ao lado de Francimar Pereira apenas dois dias após a liberação do ex-vice-prefeito de São Julião, acusado de ser o mandante da execução do ex-vereador Emídio Reis da Rocha.

Na imagem, além de Francimar, Viana aparece sentado ao lado do Secretário de Estado do Desenvolvimento Econômico e Tecnológico Nerinho, do tenente Sobrinho e de um policial que cumpre pena no mesmo quartel onde Francimar esteve preso. Mas, segundo o coronel, o encontro não passa de uma coincidência.

Viana relata que após acompanhar os desdobramentos do acidente que vitimou Rafael Rodrigues, aluno do Curso de Formação da Polícia Militar, saiu para jantar na companhia de seu filho. E ao chegar ao local escolhido, uma pizzaria, ambos foram convidados por Nerinho para sentarem-se à mesa com o grupo que já estaria presente. O encontro aconteceu na noite deste domingo (3) em uma pizzaria do centro de Picos.

“Fui até o local [do acidente] e depois fui ao hospital, inclusive fui com meu filho. E de lá nós fomos comer uma pizza. Quando chegamos ao local da pizza, estavam o deputado Nerinho, meu amigo ‘Sonson” e meus policiais. E quando eles me viram, me chamaram para sentar e comer a pizza. E lá estava o Francimar, mas a intenção não foi jantar com ele”, argumenta o comandante.

“As pessoas fazem esse tipo de coisa para querer denegrir e prejudicar, mas não foi nada programado, foi apenas uma coincidência […] o que aconteceu foi um acaso”, reforça.

Sobre o policial que cumpre pena no 4º BPM, Viana defende que o PM estava a serviço da Polícia Militar e parou apenas para lanchar. “Esse policial do qual fala a reportagem estava em operação. Ele cumpre [pena], mas ele trabalha durante o dia e à noite ele se reporta ao quartel. Ele estava lanchando e, inclusive, estava vindo também da ocorrência [que vitimou Rafael Rodrigues] com o tenente Sobrinho”.

Da relação com Francimar Pereira, o comandante diz que se encontraram algumas vezes durante os horários de banho de sol do ex-prefeito. Segundo ele, o político sempre apresentou comportamento tranquilo e amistoso durante a estadia no 4º BPM.

Jantar foi registrado e divulgado nas redes sociais – Foto: Reprodução/WhatsApp

Viana nega que o quartel de Picos tenha servido como espaço para reuniões políticas lideradas por Francimar, conforme denúncia de um canal de televisão. “Todo preso tem direito a visitas. E algum amigo pode ter visitado, mas durante o tempo em estou aqui quem o visitou foi a mãe e as irmãs nos horários determinados pela Justiça”, garante.

Aos críticos, Viana diz que ficou surpreso com a repercussão do jantar. “Fiquei surpreso com tamanha maldade das pessoas. Fiquei surpreso porque eu não vejo motivo para tanta zoada”, finaliza.

Francimar Pereira 

O ex-vice-prefeito de São Julião foi solto na última sexta-feira (1º), após o Superior Tribunal de Justiça (STJ) julgar favorável no último dia 30 de junho um habeas corpus impetrado pela sua defesa.

No mesmo dia em que foi posto em liberdadae, o Tribunal Superior Eleitoral negou provimento, por unanimidade, ao Recurso Especial Eleitoral ajuizado pelo prefeito e vice de São Julião, José Francisco de Sousa (PT) e José Francimar Pereira (PP), respectivamente, e cassou o mandato de ambos.

Votaram com o relator, ministro Luiz Fux, as ministras Rosa Weber e Maria Thereza de Assis Moura e os ministros Napoleão Nunes Maia Filho, Henrique Neves da Silva, Luciana Lóssio e Gilmar Mendes (presidente).

Entenda o caso

O prefeito José Francisco de Sousa, conhecido “Zé Néci, e o vice Prefeito José Francimar Pereira foram cassados pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE) no dia 21 de julho de 2015 confirmando a sentença na Zona Eleitoral.

A ação contra o prefeito é emblemática, já que foi ajuizada pelo ex-vereador Emídio Reis, que foi assassinato e enterrado vivo na cidade. Os familiares alegam que o crime ocorreu, devido à ação impetrada pelo ex-vereador. O pleno do TRE acatou as denúncias de Emídio Reis de compra de votos nas eleições de 2012.

Na sentença, o juiz eleitoral reconheceu a prática de abuso de poder econômico, abuso de poder político e captação ilícita de sufrágio, e cassou os diplomas José Francisco de Sousa e José Francimar Pereira, declarando a inelegibilidade dos prefeito e vice-prefeito por oito (8) anos e aplicando multa no valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais) a cada um deles.

Segundo a sentença, restou comprovado nos autos o abuso de poder econômico por parte dos investigados, que se valeram do Município São Julião/PI para ilegalmente manterem-se no poder, mediante a contratação de diversos prestadores de serviços e contratação ilegal de pessoas em cargos em comissão, além da evidente cooptação de lideranças municipais através da promessa de dinheiro e de cargos públicos, configurando a captação de sufrágio mediante oferta e concessão de emprego e função pública.

 Portal Grande Picos