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Pesquisa revela: mais de 80% das presas no Piauí são mães e negras

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Levantamento revela que mais de 80% das mulheres presas no Piauí são mães e negras. O perfil foi divulgado nesta segunda-feira (27) em reportagem no Jornal do Piauí realizado pela jornalista Eli Lopes.

Em contraste com a situação caótica vivida pelos homens nas penitenciárias de todo o Brasil, os presídios femininos possuem outra realidade. No Piauí, não são registradas fugas há cinco anos – a última que fugiu, voltou arrependida -, a taxa de reincidência nos crimes é quase zero e há cerca de dois anos não há registro de motim. A maioria das mulheres se envolve com o crime por influência do companheiro.

Segundo Socorro Godinho, diretora da Penitenciária Feminina de Teresina, a situação de vulnerabilidade vivida pelas mulheres na periferia é determinante para que elas busquem nos roubos e no tráfico a possibilidade de mudança da vida.

Hoje, 60% das detentas do Piauí cumprem pena pelo envolvimento com o comércio de entorpecentes.

“A mulher tem um status de extrema pobreza, tem em média seis filhos, pai e mãe morando com ela e não tem condições de manter todos, então recebe ofertas ilícitas. Uma coisa é a mulher ter 50 anos e passar por isso, mas outra é ela ter 18 anos e assim poder usar o jeans, o tênis e o perfume que ela quer. É isso que acontece com muitas meninas pobres nas vilas”, avalia.

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A maioria das detentas segue o padrão descrito pela coordenadora. A idade média varia entre 20 e 35 anos e as mulheres em geral cumprem de quatro a oito anos de pena em regime fechado.

Yasmin da Silva, 24 anos, é uma delas. Há quatro meses na penitenciária feminina de Teresina, ela lamenta a saudade dos filhos e diz ter sido presa porque “sabia demais”. O parceiro era traficante e ela foi presa junto com ele em uma abordagem policial.

“Tenho um filho de dois e um de quatro anos e eu sofro porque eles são muito pequenos, apegados a mim. Quando me visitam, me chamam para ir embora e eu não posso. É muita saudade, a gente chora, pensa besteira. O jeito é confiar em Deus que tudo dará certo”, lamenta.

Diferente também da situação dos homens encarcerados, as detentas praticamente não recebem visitas íntimas. A maioria é abandonada pelos parceiros quando são presas.

Àquelas que entram grávidas no sistema prisional, é concedido o direito de prisão domiciliar a partir do sexto ou sétimo mês de gestação. Caso ainda não tenha cumprido a pena até o nascimento do bebê, elas permanecem em casa até o sexto mês de vida do filho e, depois disso, precisam retornar aos presídios.

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A realidade das mulheres envolvidas com o crime é de grande dificuldade. Das 136 detentas na Penitenciária Feminina de Teresina, a maioria é mãe, negra, tem baixa renda e possui baixa escolaridade. Contudo, a taxa de ressocialização é alta.

Clementina cumpre pena há seis anos, também por tráfico, mas já tem uma nova perspectiva para quando deixar a prisão: ser professora de música. Na penitenciária, ela aprendeu a tocar saxofone.

“Eu digo sempre que a música tem o poder de transformar vidas. Quando estou com problemas, a música me traz harmonia. Quero esquecer o tráfico e investir nessa nova vida”, finaliza.

Fonte: Cidade Verde.

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