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PF diz que contador lucraria até R$ 10 milhões em nome de “pessoas mortas”
O delegado da Polícia Federal, Lucimar Sobral, chefe da Delegacia de Combate aos Crimes Previdenciários (Deleprev) disse em entrevista coletiva que o casal suspeito de fraudar benefícios do INSS agia há 10 anos e sacava por mês cerca de R$ 12 mil. Os valores mensais eram equivalentes ao benefício de quatro pessoas fictícias, ou seja, que só existiam no papel.
O casal suspeito de envolvimento na fraude foi identificado como Elber Oliveira e Elizana Oliveira. O investigado é contador e estudante de Direito; Já a mulher é farmacêutica.
“O Elber e sua esposa comprovadamente criavam pessoas fictícias. Eles criaram quatro pessoas, registraram o nascimento delas no cartório, em seguida, casaram essas pessoas e depois de dois meses matavam elas para receber o teto do INSS, algo em torno de R$ 3 mil. Até agora conseguimos comprovar que eles fraudaram quatro benefícios, mas como base no material apreendido, como RGs, títulos eleitorais e carteiras de trabalho falsos, entre outros documentos, esse número pode chegar até a dez”, disse o chefe da Deleprev.
As pessoas fictícias criadas pelo casal foram ‘batizadas’ de Alessando, Edivaldo e dois homônimos de Elber. Já as mulheres que eram dadas como mortas se chamavam Dácila, Dayla, Aldaci e Francisca Jeane. As pessoas fictícias,geralmente, ‘morriam’ de causas naturiais, como por exemplo, AVC.
“Na verdade, todos esses homens são o Elber Oliveira que foi ao Instituto de Identificação com a fotografia e impressão digital dele e solicitou os documentos que são verdadeiros, mas com informações falsas. Ele [Elber Oliveira] criou também as quatro mulheres com a foto da esposa [Elizana] e teria ficado ‘viúvo’ quatro vezes. Eles passaram mais de ano falsificando documentos para conseguir as pensões por morte”, explica o delegado.
O prejuízo comprovado aos INSS chega a R$ 2 milhões. O delegado ressalta que se, a fraude não fosse descoberta, o prejuízo aos cofres públicos poderia ultrapassar R$ 10 milhões.
“Os valores sacados pelo casal por meio desses quatro benefícios ultrapassam R$ 2 milhões. Já o prejuízo estimado, baseado na expectativa de vida desses beneficiários que é de 70 a 80 anos, poderia chegar a R$ 10 milhões, se a fraude não fosse descoberta”, frisa Sobral.
A Polícia Federal solicitou o bloqueio de bens do casal, incluindo, cerca de seis casas, terrenos e dois veículos.
Documentos falsificados pelo contador
O delegado acrescenta que, durante o cumprimento dos mandados judiciais, a Polícia Federal descobriu indícios de que o casal participaria também de fraudes bancárias.
“Encontramos emissão de cheques e contratos de empréstimos em nomes dessas pessoas fictícias. Então, além dos crimes previdenciários, eles podem ter praticado também fraudes bancárias”, ressalta Lucimar Sobral, acrescentando que a parte de contabilidade do escritório de Elber não tem vinculação com os crimes. O delegado disse ainda que não há comprovação do envolvimento de funcionários do INSS, bem como de cartórios onde foram emitidos os documentos de identificação.
Elber e Elizana devem responder por associação criminosa, estelionato qualificado, uso de documentos falsos e falsidade ideológica. Duas mulheres ainda são procuradas. Elas também teriam fornecido fotos e identidades para a concretização da fraude. A Polícia Federal já têm a identidade das suspeitas.
O nome da operação é em alusão a viúva-negra, aranha que mata o macho após o acasalamento.
“Batizamos essa operação de Viúvo Negro porque após o casamento das pessoas fictícias, os suspeitos esperavam apenas dois meses de contribuição do INSS, para ‘matar’ a mulher, gerando assim a pensão por morte”, finaliza o delegado Lucimar Sobral.
Foto: Wilson Filho/ Cidadeverde.com
Delegado Lucimar Sobral, chefe da Delegacia de Combate aos Crimes Previdenciários (Deleprev)
Fonte: Cidade Verde
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