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PIAUÍ | militares presos por homicídio e estupro temem invasão de bandidos em presídio

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Pais, mães e esposas de militares piauienses acompanham a inspeção da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-PI) no presídio da Polícia Militar do Piauí, marcada para esta terça-feira (30/10). A entidade apura denúncias sobre problemas na estrutura do local, das quais a falta de um espaço para visitas íntimas é uma das principais reivindicações dos presos preventivos e definitivos.

Três esposas falaram ao OitoMeia: a vendedora Alcina Maria e Eliana Marcelina, ambas esposas de policiais militares (PM), além da estudante Mara Sales, casada com um tenente do Corpo de Bombeiros.

“A visita íntima acontece em uma cela comum e a gente cobre com um colchão e lençóis para não ser visto. Tem preso aqui que tem vergonha de pedir para a esposa vir porque, ao chegar aqui, não tem um local adequado. É constrangedor”, explicou Alcina, ressaltando que, muitas vezes, a espera por uma visita íntima pode durar até 30 dias.

Nenhuma das mulheres quis revelar a identidade dos presos nem os crimes que respondem. Por outro lado, a reportagem apurou que, entre os 15 detentos, há homicidas e pelo menos um condenado por estupro de vulnerável, pois manteve relação sexual com uma garota menor de 14 anos.

Indignado, o pai de um dos presos comentou que o filho não tem culpa do estupro, pois a adolescente consentiu o ato sexual e que ela “trepava com um e com outro”. O pai do acusado também já esteve preso e revelou ter sido soldado do Exército, mas não quis revelar o nome. De acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), práticas libidinosas com menores de 14 anos configuram como estupro de incapaz, independente se a vítima consentiu ou não.

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PRESOS TEMEM INVASÃO DO PRESÍDIO POR BANDIDOS

Outro ponto bastante reivindicado pelos familiares dos presos diz respeito falta de segurança no presídio, ou seja, à integridade física dos mesmos está ameaçada. O OitoMeia apurou e percebeu que não havia segurança na guarita, cuja a mesma servia de depósito para colchões velhos, e que os presos estavam em uma área externa às celas, sob o risco de serem surpreendidos por algum atentado de retaliação ou até mesmo de fugirem.

Esposas de apenados no presídio militar temem pela vida dos maridos, devido à falta de segurança no local (Foto: Ricardo Morais/OitoMeia)

“Em questão da segurança, você está vendo aqui tudo aberto. Chega aqui um bandido, com os portões abertos, entra e mata a esposa, mata o esposo, mata qualquer um, porque não tem segurança. Já estava mais do que na hora do pessoal ver como aqui está horrível, sem contar o péssimo tratamento com a gente”, desabafou Mara Sales.

Outra demanda bastante requisitada pelas esposas é sobre a alimentação dos presos. O marido da Alcina, por exemplo, tem diabetes e a comida do presídio não supre as demandas nutricionais dos apenados. Ela relatou que o cardápio mais comum dos presos condenados ou preventivos é arroz parboilizado, bisteca suína mal passada e feijão branco, acrescentando que muitas comidas levadas pelas famílias são vetadas.

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DIREITOS HUMANOS VIOLADOS

No final da inspeção, por volta das 11h30, o advogado Pitágoras Veloso, representando alguns presos e a própria OAB-PI, explicou que esta demanda há muito tempo é reivindicada pelos presos e que pelos menos 13 direitos deles estão sendo negligenciados. A alegação feita à Ordem parte dos presos e pontua que a dignidade humana, sustentada pela Carta Política de 1988, é violada por parte da administração do presídio militar.

Direitos Humanos de militares podem estar sendo violados em presídio (Foto: Divulgação)

“O objetivo é representar os presos provisórios e definitivos porque vários direitos deles não estão sendo garantidos. Isso traz vários transtornos para eles, já que virou rotina os presos surtarem, por exemplo. Aqui, servem uma comida estragada, a visita íntima é dentro de uma sala, apenas duas horas de banho de sol”, exemplificou Pitágoras ao OitoMeia.

ADVOGADO DO CAPITÃO ALLISSON WATTSON

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É importante lembrar que o advogado que denunciou as condições do presídio militar à OAB-PI foi contratado para defender o capitão Alisson Wattson, réu no feminicídio da estudante Camilla Abreu, morta com um tiro na cabeça em outubro de 2017. Ele pontuou que o cliente também tem surtos psicóticos por conta das más condições do local onde cumpre a prisão preventiva, além de sofrer com diabetes, necessitando, então, de uma alimentação diferenciada.

Pitágoras Veloso, advogado que denunciou o caso à OAB-PI, foi contratado para defender o capitão Alisson Wattson, réu no feminicídio da Camilla Abreu (Foto: Ricardo Morais/OitoMeia)

A assessoria de imprensa do Comando Geral da Polícia Militar do Piauí informou que o comandante-geral Lindomar Castilho teve conhecimento da inspeção e que a corporação aguarda alguma requisição oficial da OAB-PI ou da Justiça, caso as denúncias sejam confirmadas. As comissões dos Direitos Humanos e de Direito Penitenciário da entidade foram as responsáveis pela ação surpresa no presídio militar.

Fonte: Oito Meia

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