Connect with us

ENTRETENIMENTO

10 anos de Xenhenhem: conheça uma trajetória de alegria e surpresas

Publicado

em

Um homem, uma sanfona, um sonho e nenhuma pretensão… Junte isso, volte pouco mais de dez anos no calendário e veja nascer a alegria.

Ano 2000, virada do século. Leonardo Carvalho, o Léo, como era chamado, resolve aprender a tocar sanfona, apenas para brincar com os amigos. A influência vinha de Luiz Gonzaga, o rei do baião. Uma segunda-feira, então, vai até o Troca-Troca – um mercado já cultural, de Teresina – e convence o vendedor a dividir o valor de uma sanfona velha que avistou. Cinco prestações de R$ 50. Um contrato de “boca”, sem assinar nenhum papel.

O passo seguinte era aprender. O velho que confiou receber os R$ 250 em partes, tocava, mas não ensinava, mesmo assim topou ajudar Léo. “Sei quem ensina: o Severiano”, disse e logo deu o telefone e o endereço do professor.

Um senhor baixinho, do interior de São Miguel da Baixa Grande, cidade ao sul de Teresina. O desafio era grande. Léo não conhecia nada de música, era estudante de Computação na Universidade Estadual do Piauí. Para dificultar ainda mais, os horários livres dos dois não coincidiam. Uma aula por domingo, durante uma hora, cada. Assim ficou combinado.

Ansioso, o aluno dedicado chegava a passar até três horas com o professor. Para compensar, ficava três semanas sem ir. O tempo era dedicado ao treino do que havia visto na aula. Já se passavam seis meses, Léo queria aprender a tocar o popular, mas o senhor Severiano só ensina o erudito. “Senhor ‘Severo’, quero o popular”, disse um dia, mas assustou-se ao ver na partitura o tanto que era complicado. Leonardo precisava de outro professor, Severiano não conhecia as músicas que ele queria aprender.

Publicidade

Um dia num forró, de longe Léo viu Gonzaga Lú puxar um solo “agoniado”. “O senhor ensina esse instrumento aí?”, perguntou. “Ensino!”, respondeu o sanfoneiro. No dia seguinte já entraram em contato. Começaram as aulas de música popular. Com muito treino, quase um ano depois, o jovem já tinha um repertório de dez músicas.

O PRIMEIRO SHOW

Era época de festejos na igreja do Alto da Graça, na zona Leste de Teresina. Léo fazia parte de um grupo de jovens, da igreja de Fátima, no Jóquei, e foi convidado para ir, apenas para ver outro sanfoneira que se apresentaria, Zé Vagner.

Hoje a banda faz em média 20 shows por mês / Foto: Reprodução Facebook

A certa altura do show, o músico avistou Léo na plateia e sabendo que estava tendo aulas do instrumento, o convidou para o palco. As pernas tremeram, tentou recusar, mas com a pressão das pessoas acabou cedendo. Tocou apenas quatro músicas, mesmo assim a apresentação se espalhou na comunidade.

O SURGIMENTO DO NOME XENHENHEM

Apenas no ano de 2005 a banda começou a se profissionalizar / Foto: Reprodução Facebook

Já era 2002, a primeira apresentação tinha dado visibilidade para o novo músico. Apareceu então o convite para tocar nos festejos de outra paróquia. Novamente tentou recusar, o repertório era curto, não garantiria muito tempo de apresentação. No entanto, a pressão dos amigos conseguiu mais uma vez fazê-lo mudar de ideia.

Chegou o dia, e para ajudar, Léo chamou um xará, para tocar a zabumba, outro Leonardo. O amigo chamou um primo para ficar no triângulo. Nem ensaiaram. No local tinha um palco, muitas pessoas. O nervosismo tomou conta, pensou em desistir, mas era tarde.

Publicidade

Subiram no palco, Léo contou que seu repertório só tinha dez músicas e todos riram, pensaram que era uma brincadeira do cantor. Para aumentar o tempo do show, tocavam a mesma música várias vezes, repetidamente.  A apresentação foi um sucesso.

Lá de baixo uma amiga gritou: “Vamos batizar logo, Léo”. Ele concordou e a menina gritou novamente: “Xenhenhem”. Todo mundo aplaudiu. O grupo, em sua primeira apresentação, já tinha ganhado um nome.

AUMENTANDO O REPERTÓRIO E AS APRESENTAÇÕES

A “brincadeira” agora era na roda de amigos, como Léo queria desde o começo. Em 2003 largou o curso de Computação e foi fazer Direito na Faculdade Santo Agostinho. Sabendo do sanfoneiro na turma, os colegas sempre o incentivavam a carregar o acordeom para os encontros. Quando alguém pedia uma música que não sabia tocar, no dia seguinte ligava para o professor e pedia para aprender. Assim o repertório foi crescendo.

De repente começaram a aparecer ligações chamando o Xenhenhem  para tocar nos eventos. Era indicação dos colegas. Sequer cobrava cachê. Tinha medo de cobrar um valor e a pessoa não gostar da apresentação, mas no final sempre recebiam. Aprovavam o trabalho.

Publicidade

Agora eram pessoas de fora do ciclo de amizade que já procuravam o cantor. Ligavam pedindo orçamento. Léo estranhava. Todos queriam a apresentação ao estilo das rodas de amigos, com todas as brincadeiras incluídas.

FORMAÇÃO DA BANDA

Personagens  de “Seu Madruga” e Pônei foram surgindo com as brincadeiras / Foto: Reprodução Facebook

Em 2005 o telefone não parava mais. Nessa época Léo já conhecia o Pônei (o baixinho dançador) – através dos amigos que fizeram a primeira apresentação com ele, e que não tocavam mais na banda – e o zabumbeiro, Raimundo.

Resolveram apostar. Era hora de começar a profissionalizar o trabalho. A partir de então nasce oficialmente a banda Xenhenhem. No mês de junho do mesmo ano fizeram mais de 40 apresentações.

Em dezembro o senhor Raimundo deixou a banda. É quando entra o “Seu Madruga”. Léo o conheceu por acaso, em uma banca de oficina de couro, onde havia mandado fazer novas alças para sua sanfona. No primeiro dia com a banda, apenas para substituir o antigo zabumbeiro, Madruga fez três apresentações. A falta de costume atrapalhou, deu uma câimbra no braço, começou a errar as batidas. O grupo aproveitava para brincar com a situação.

No ano de 2006 entrou o baixista. Em dezembro de 2007, um primo do baixista entrou fazendo percussão. Hoje a banda também conta com um tecladista e um guitarrista.

Publicidade

ENTREVISTA

Desde então a banda Xenhenhem  seguiu firme e no dia 21 de novembro gravará um DVD comemorativo aos dez anos de história. O show vai acontecer no Parque Potycabana. Durante essa trajetória, aos poucos o grupo foi encontrando sua essência e divertindo o público por onde passou.

A apresentação, como é vista hoje, não foi nada programada. Tudo veio de momento, honrando seus princípios, desde a formação. Em entrevista ao O Olho, Leonardo Carvalho, o Léo, contou mais sobre essa história de alegria.

Show para a gravação do DVD será no Parqque Potycabana / Foto: Reprodução Facebook

O Olho – Qual a essência da banda, nesses dez anos de história?

Léo – É a simplicidade. Não somos tão preocupados em estar na perfeição musical, visual. Na verdade a gente está mais sensível a cada evento, ao que ele está pedindo na hora. Esse nosso estado de espirito relaxado faz com que a gente perceba isso.

Quando as pessoas vão fazer um evento elas querem diversão, animação. Os quadros do humor, da irreverência do Xenhenhem, surgiram dessa forma. Uma das coisas que ajudou muito foi tocar nas mesas de bar com os amigos. Foi ali que percebi que o pessoal quer sorrir, quer brincar.

Publicidade
Leonardo Carvalho, o Léo, durante entrevista ao O Olho / Foto: Nataniel Lima/O Olho

Sempre nos eventos eu ficava me perguntando o que mais podia ir fazendo. Daí estiquei o cabo da sanfona, comecei a chegar perto das mesas, o pessoal gostava. O “Pônei” era muito parado, eu falava que ele tinha que fazer alguma coisa, mas ele dizia que tinha vergonha, só que quando acabava os shows a gente ia para os forrós e chegava lá ele dançava com as meninas, de um jeito engraçado.

Em outra apresentação falei: sim menino, dança aí daquele jeito. Não quis, mas conversei com ele até que se convenceu. Quando começava a dançar todo mundo aplaudia – para convencê-lo a se vestir de mulher deu ainda mais trabalho, mas o sucesso foi ainda maior.

O Olho – Com o “Seu Madruga” aconteceu da mesma forma?

Léo – O “Seu Madruga” começou lá com essa história das alças de couro, fechei com ele, mas sempre achei que precisava de uma marca. Ficava olhando e achando parecido com alguém, mas não lembrava. Até que umas três semanas depois olhei e falei: “rapaz tu parece é com o “Seu Madruga”. Na hora que ele colocava o chapéu pronto, era a cara [dele].

Resolvemos testar. Fomos fazer uma apresentação na festa de uma turma [de universitário], lá tirando as coisas do carro ele colocou um “cofo” na cabeça e de longe vi, na hora que tirou pedi para colocar de novo. E foi nesse dia que o chapéu virou a marca do “Seu Madruga”.

O Olho – Foi sempre assim, na história da banda, se adaptando ao que dava certo?

Publicidade

Léo – Sempre assim, se adaptando. E os nossos personagens surgiram disso.

O Olho – E o que mudou de lá para cá, já que vocês permanecem com a essência, mas se adaptam aos momentos?

Léo – A gente procurou com essa raiz, se profissionalizar. Eu procurei estudar mais o acordeon, canto, a gente procurou melhorar os instrumentos. A agenda bem organizada, produção, iluminação. Ensaiar, que a gente não ensaiava. De 2005, quando a gente começou “valendo”, começamos a ensaiar em 2008.

Hoje a temos um escritório para atender os clientes, lá tem um estúdio pronto para ensaio. Temos um ônibus confortável, para fazer as viagens, turnês. Temos uma preocupação com o cenário, a gente compõe.

O Olho – Quais são os projetos que vocês têm, além do DVD, para o futuro da banda?

Publicidade

Léo – Em virtude desses dez anos nós pretendemos gravar o DVD, para mostrar as nossas músicas que mais marcaram. Queremos fazer um DVD autoral, por se tratar de um momento importante. Além disso vamos intensificar o trabalho de produzir vídeos para a internet, produzindo clipes.

Até porque como o Xenhenhem é muito característico, tem os personagens, chega muito fácil nas pessoas. Então estamos aproveitando situações da atualidade para brincar com isso, tanto em músicas quanto em diálogos.

O Olho – Como que vai ser a gravação do DVD?

Léo – Começará com a concentração no Parque Potycabana, as 17h. Para ter acesso ao local basta levar dois quilos de alimento que serão revestidos a instituições beneficentes. Todas as barracas de bebidas e comidas que ficarão no Parque serão de responsabilidade de uma instituição.

Não vamos ficar com a administração dessas barracas, porque nós do Xenhenhem, praticamente começamos fazendo ações sociais. Como falei, nossa primeira apresentação foi numa igreja. Isso é uma marca, o nosso lado social é de nascença. Todos os anos a gente faz de 12 a 15 apresentações sem custo.

Publicidade

——

Hoje a banda Xenhenhem faz em média 20 shows por mês. Já têm quatro CDs autorais gravados e uma coleção de histórias de alegria próprias e em favor dos fãs.

 

Fonte: OOlho

Publicidade
Publicidade

Facebook

MAIS ACESSADAS