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GERAL

Às escuras, moradores da região de Paulistana passarão noite de Natal em vigília por luz elétrica

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Boa parte dos moradores da região de Abelha Branca, limite entre os municípios de Paulistana, São Francisco de Assis do Piauí e Jacobina do Piauí (distante quase 600 quilômetros de Teresina), não sabe quem é Papai Noel. Eles não têm acesso à televisão e a outros benefícios advindos da luz elétrica. Seus celulares servem quase sempre para ligações telefônicas ou para jogos contidos nos aparelhos. São carregados, às vezes, a léguas de distância. Seu maior presente de Natal? Nada vindo em caixas, mas sim uma benesse coletiva: a sonhada e batalhada energia elétrica.

Sociedade do candieiro: instrumento de iluminação usado muito até o meio do século XX. Ainda presente no Piauí

Eles fazem parte dos piauienses que, mesmo em plena metade da segunda década do Século XXI, continuam às escuras. Mesmo muito deles tendo condições financeiras de possuírem eletroeletrônicos não podem porque não há fornecimento do serviço em sua região.

A noite de Natal desses moradores será de pedidos. Não pedirão presentes comuns e não será a Papai Noel. Eles confiam mais nas forças divinas para interceder junto às forças terrenas para a realização de um sonho coletivo: energia elétrica em suas casas. Farão vigília católica para pedir ao homenageado da noite, Jesus, intercessão para que chegue energia na região.

Esse é um dos maiores direitos defendidos pelas políticas públicas do Governo Federal desde o primeiro mandato do presidente Lula (entre 2003 e 2006) para o Sertão do Piauí mas, por motivos até hoje não esclarecidos, deixou aquela região ilhada em termos de recebimento de energia elétrica para as residências. A menos de quatro quilômetros de Abelha Branca passa uma das linhas de transmissão de energia elétrica que interliga todo o Nordeste.

Pouco mais de dois quilômetros passam duas linhas de média tensão. Em várias comunidades de Paulistana, São Francisco de Assis e Jacobina do Piauí as luzes, à noite, são vistas e desejadas pelos moradores daquela região, que só têm suas residências iluminadas por vela ou candeeiros. As luzes, aos que estão na escuridão de suas casas, parecem tão próximas quanto o Papai Noel que passa na TV, e tão distantes de suas realidades quanto não verem nenhum poste para poder chegar a tão sonhada energia.

VIGÍLIA NA ESCURIDÃO

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Há quase dez anos os moradores da região se organizam e cobram das autoridades o tão sonhado direito de serem beneficiados pelo programa federal Luz Para Todos. Este ano eles já fizeram romarias e várias manifestações. O apelo aos céus se deu pelo cansaço das promessas das autoridades.

O máximo que conseguiram foi que menos de cem famílias da cidade de São Francisco de Assis do Piauí tivessem as obras de instalação de energia refeitas. Na região há outras quase 300 sem energia elétrica. Muitas delas com a vizinhança beneficiada e eles não.

Na zona rural de São Francisco de Assis do Piauí muitas das casas da cidade tinham anúncio da chegada de energia elétrica faz mais de cinco anos. “Mas, por enquanto, nada de energia elétrica”, falou o líder comunitário e agente de saúde Osvaldo Mamédio da Costa, organizador do movimento.

Os moradores dessa região do Sertão do Piauí passarão a noite de Natal às escuras, o que não é novidade para eles. O diferencial este ano é que estarão organizados em vigília rezando e protestando. “Levaremos lamparinas e velas. A gente precisa ser visto. Precisamos deixar de ficar no escuro”, comentou Osvaldo Mamédio.

A Eletrobrás Piauí, empresa responsável por universalizar o Luz Para Todos no estado, continua prometendo a resolução do problema, inclusive destacando que já foi feita licitação para obras na região. A promessa inicial era a resolução do problema ainda este ano.

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“Nem na área em que começaram a botar postes só falam em energia no ano que vem, por causa do recesso, valei-me aqui que nem poste tem”, comentou Osvaldo Mamédio.

 

O Olho

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