Connect with us

GERAL

Delegacia do PI prepara cartilha para alertar sobre perigos do jogo ‘Baleia Azul’

Publicado

em

Delegacia Especializada na Repressão a Crimes de Alta Tecnologia (Dercat) no Piauí, está preparando uma cartilha digital para alertar os jovens sobre os perigos do jogo da “Baleia Azul”. A compilação de informações em modelo gráfico e literário também vai ajudar a identificar comportamentos incomuns para ajudar possíveis jogadores. Até o momento, não foram registrados casos relacionados ao jogo no Piauí, mas a prevenção é um dos motivos pelos quais diversas instituições públicas e privadas têm procurado combater a prática do suicídio no estado.

O jogo da ‘Baleia Azul’ está causando tensão nas redes sociais, escolas e famílias nos últimos dias. A causa da preocupação de pais, professores e alunos é o desfecho da “brincadeira” fatal, já que ao final de 50 desafios determinados pelo jogo, o jogador é induzido a cometer suicídio, sob ameaças de administradores anônimos em grupos virtuais secretos.

O delegado Daniel Pires explicou ao G1 que é comum serem feitas cartilhas em situações como esta, onde há muita repercussão do assunto. ”Creio que até a próxima semana já tenhamos esse material pronto”, falou o delegado. A cartilha será disponibilizada em formato digital (PDF) no site da Polícia Civil, com opção de compartilhamento nas redes sociais.

De acordo com a Secretaria da Educação do Piauí (Seduc), há algum tempo vêm sendo realizadas palestras em diversas escolas devido ao índice de suicídios no estado. Embora ainda não existam registros de casos do jogo no Piauí, vai ser intensificado o aconselhamento a alunos, pais e professores no intuito de prevenir ocorrências no meio escolar.

A Seduc dispõe ainda do Núcleo de Atenção Psicossocial (NUAPSI), que atende a nível estadual e desenvolve temas como bullying, suicídio e drogas, entre outros.

Publicidade

Escolas engajadas

Nas escolas de ensino particular do estado, também há incentivo para a discussão do tema. O professor Paulo Machado, presidente do Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino do Piauí (Sinepe-PI), disse que o sindicato encoraja cada escola a tratar este assunto com os alunos e faz uma recomendação aos pais.

“Diariamente temos a preocupação de aconselhar sobre temas que preservem a saúde física e mental dos alunos. Precisamos que os pais estejam mais presentes na educação dos filhos e, assim, as escolas possam ajudar na formação deles”, salientou.

Em junho deste ano, será realizado um seminário de prevenção ao suicídio com base em um plano estadual que envolve universidades públicas e privadas, secretarias estaduais de justiça, segurança, educação e saúde, bem como a defensoria pública, comissão de direitos humanos da OAB, IML e Corpo de Bombeiros.

Conforme a gerente de saúde mental da Sesapi, Gisele Martins, o objetivo do seminário é qualificar o serviço de saúde, professores e alunos. “Neste evento também será abordado o tema da prevenção ao suicídio na mídia, onde veículos de imprensa de todo o estado irão participar”, contou Gisele.

Publicidade

Segundo informações da Sesapi, os tratamentos de depressão em todo o Piauí são realizados pelos Centro de Atendimento Psicossocial (Caps) e o acompanhamento dos pacientes é feito pela Estratégia de Saúde da Família (ESF) e Núcleos de Apoio à Saúde da Família (Nasf), onde psicólogos estão à disposição da população do interior. Os hospitais de Oeiras, Paulistana, Picos e São Raimundo Nonato atendem casos de urgência e internação.

A capital conta com os ambulatórios de Psiquiatria do Hospital Lineu Araújo para acompanhamento médico e o Hospital Areolino de Abreu para consultas especializadas de Psiquiatria e Psicologia durante a manhã e a tarde. O G1 ouviu especialistas que dão dicas de como lidar com o tema:

1. Fique atento à mudança de comportamento

Uma mudança brusca de comportamento pode ser sinal de que a criança ou o adolescente esteja sofrendo com algo que não saiba lidar, segundo Elizabeth dos Reis Sanada, doutora em psicologia escolar e docente no Instituto Singularidades.

“Isolamento, mudança no apetite, o fato de o adolescente passar muito tempo fechado no quarto ou usar roupas para se esquivar de mostrar o corpo são pistas de que sofre algo que não consegue falar”, diz.

Publicidade

2. Compartilhe projetos de vida

Para entender se a criança ou adolescente está com problemas é fundamental que os pais se interessem por sua rotina. Elizabeth reforça que este deve ser um desejo genuíno, e não momentâneo por conta da repercussão do “Jogo da Baleia”.

“Os pais devem conhecer a rotina dos filhos, entender o que fazem, conhecer os amigos”, afirma a Elizabeth. Ela lembra que muitos adolescentes “falam” abertamente sobre a falta de motivação de viver nas redes sociais. Aos pais cabe incentivar que os filhos tenham projetos para o futuro, tracem metas como uma viagem, por exemplo, e até algo mais simples, como definir a programação do fim de semana.

3. Abra espaço para diálogo

Filhos devem se sentir acolhidos no âmbito familiar, por isso, Elizabeth reforça que é necessário que os pais revertam suas expectativas em relação a eles. “É preciso que o adolescente se sinta à vontade para falar de suas frustrações e se sinta apoiado. Se ele tiver um espaço para dividir suas angústias e for escutado, tem um fator de proteção”, afirma Elizabeth.

Publicidade

Angela Bley, psicóloga coordenadora do instituto de psicologia do Hospital Pequeno Príncipe, diz que o adolescente com autoestima baixa, sem vínculo familiar fortalecido é mais vulnerável a cair neste tipo de armadilha. “O que tem diálogo em casa, não é criticado o tempo todo, tem autoestima melhor, tem risco menor. Deixe que ele fale sobre o jogo, o que sente, é um momento de diálogo entre a família.”

Angela reforça que muitas vezes o adolescente não tem capacidade de discernir sobre todo o conteúdo ao qual é exposto. “Por isso é importante o diálogo franco. Não pode fingir que esse tipo de coisa não existe porque ele sabe que existe.”

4. Adolescentes devem buscar aliados

O adolescente precisa buscar as pessoas em que confia para compartilhar seus anseios, seja no ambiente escolar ou familiar, segundo as especialistas. “Que ele não ceda às ameaças de quem já está em contato com o jogo e entenda que quem está a frente deles são manipuladores”, diz Elizabeth.

5. Escolas podem criar iniciativas pela vida

Publicidade

Assim como a família, as escolas podem ajudar a identificar situações de risco entre os alunos. “Não é qualquer criança que vai responder ao chamado de um jogo como esse, são os que têm situações de vulnerabilidade. A escola ajuda a construir laços e tem papel fundamental de perceber como os alunos se desenvolvem”, afirma Elizabeth.

Alguns colégios, já cientes da viralização do jogo, começaram a pensar em alternativas para aumentar a conscientização sobre a importância de cuidade da vida. No Colégio Fecap, que fica na Região Central de São Paulo, essa ideia virou projeto escolar: a turma de alunos do ensino médio técnico de programação de jogos digitais começou a criar uma espécie de “contra-jogo” da Baleia Azul.

“O jogo ainda está sendo produzido pelos alunos. Eles estão se reunindo e debatendo a questão. Serão 15 desafios de como desfrutar melhor da vida e celebrá-la”, conta o professor Marcelo Krokoscz, diretor do colégio.

Durante o curso, os estudantes aprender a aplicar linguagens de programação para criar jogos para computadores, videogame, internet e celulares, trabalhando desde a formação de personagens, roteiros e cenários até a programação do jogo em si. Segundo Krokoscz, a ideia é que o jogo, ainda sem prazo de lançamento, esteja disponível on-line para o público em geral.

Ele afirma que o objetivo é a ajudar os jovens a verem o lado bom da vida. “Impacta mais fortemente nossos alunos a partir do momento que eles mesmos criam um jogo a favor da vida.”

Publicidade

G1 PI

Publicidade
Click to comment

Leave a Reply

O seu endereço de e-mail não será publicado.

Facebook

MAIS ACESSADAS