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Eletrobrás promete resolver apagão na região de Paulistana até o final do ano

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Na antessala da presidência da Eletrobrás Piauí, no Centro Sul de Teresina (terceiro piso), há duas secretárias muito gentis e receptivas. Várias revistas e livros estão à disposição dos que ali esperam ou tomam “chá de cadeira”. Uma dessas obras, de capa muito bonita e bem organizada, chama atenção: “Clareira Flamejante – o Norte do Paraná antes e após o advento da energia elétrica”, de Rogério Recco.

No Sertão só foram instalados contadores. Mas até hoje: nada de energia elétrica em residências

A obra é um verdadeiro tratado. Fala da instalação de energia elétrica em locais antes pobres e isolados. Diz ainda como a eletrificação transformou a região de Maringá (PR) em uma das mais prósperas do Brasil.

Em série de reportagens O Olho mostra como uma região pobre do Piauí, na triangulação das adjacências dos limites das cidades sertanejas de Jacobina do Piauí, Paulistana e São Francisco de Assis do Piauí vêm penando e sofrendo com a falta de energia elétrica. Muitas famílias esperam há mais de 50 anos pelo benefício, já amplamente difundido no estado através do programa Luz Para Todos.

A Eletrobrás Piauí é o órgão estatal-federal responsável pela distribuição de energia elétrica no estado e também pela implantação e supervisão do Luz Para Todos. Esse programa é um dos carros-chefes do Governo Federal que promete desde 2004 a instalação de energia elétrica em todas as casas dos brasileiro.

Durante a veiculação da série de matérias a reportagem foi convidada para um papo franco, longo e sem arrodeios sobre o Luz Para Todos no Piauí. Os esclarecimentos foram prestados pelo assistente da presidência da Eletrobrás Piauí, engenheiro José Salan Barbosa Melo, e pelo responsável pelo Luz Para Todos no estado, engenheiro Erivaldo de Oliveira.

Ambos responderam todas as perguntas feitas e, ao menos no discurso, mostraram-se preocupados com a população das regiões visitadas. Prometeram solução dos problemas elétricos até o final deste ano.

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POR QUE OS TRANSFORMADORES FORAM RETIRADOS?

Só sobraram postes no meio do Sertão. Transformadores foram levados por terceirizada

A primeira indagação foi por qual motivo houve a retirada de transformadores das comunidades rurais de São Francisco de Assis do Piauí. Também por que havia tantos postes fincados, buracos feitos para instalação de postes e até roçados para redes de postes e nada avançava há mais de um ano, além da retirada dos transformadores, gerando prejuízos de quase R$ 400.000,00.

Uma das justificativas apontadas pelo engenheiro Erivaldo de Oliveira foi que muitas empresas ganham lotes de feitura de obras do Luz Para Todos e terminam não tendo capacidade técnica de tocar as obras, já que, por Lei, as empresas devem arcar com as despesas em todos os processos até a interligação residencial das casas abrangidas pelo programa.

Engenheiro Erivaldo de Oliveira: responsável pelo Luz Para Todos no Piauí. Esclareceu fatos sobre apagões

“Por mais de duas vezes todo o Piauí foi contratado”, destacou o engenheiro, mostrando a quantidade de problemas.

Indagado se não há auditorias, ele revelou que as obras do Luz Para Todos no Piauí são acompanhadas por auditoria interna, Controladoria Geral da União, Tribunal de Contas da União e que nos últimos seis anos a Eletrobrás tem recebido vários elogios por conta do programa.

Nos casos em que há problemas as empreiteiras são multadas e algumas até impedidas de assumir novos contratos, revelou Erivaldo de Oliveira.

Está em curso a licitação 002/2015, que, segundo o responsável pelo Luz Para Todos no Piauí abarcará várias cidades do estado, entre elas as problemáticas Paulistana e São Francisco de Assis do Piauí. São aproximadamente R$ 220.000.000,00 para beneficiar 17.000 domicílios. As obras terão início no segundo semestre.

Para as duas cidades as empresas serão contratadas em junho. São R$ 8.500.000,00 de recursos para Paulistana, com previsão de beneficiar 660 residências, e R$ 3.300.000,00 para São Francisco de Assis do Piauí e Campo Alegre do Piauí, para beneficiar 256 famílias, sendo 141 em São Francisco de Assis.

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Foi revelado que ainda há a previsão de acréscimo de até 25% desses valores para beneficiar mais famílias.

EMPRESAS SÓ RECEBEM QUANDO ENTREGAM O SERVIÇO POR COMPLETO

Um dos pontos revelados pelo gestor do Luz Para Todos no Piauí é que as empreiteiras só recebem os valores contratados após realizarem a ligação por completo nas residências dos beneficiados pelo Programa. Isso que dizer que somente quando a ligação de energia é testada e as ligações de energia (inclusive com lâmpadas) é que as empresas recebem o valor.

O que é suspeitado por Erivaldo de Oliveira no caso das cidades que tiveram os transformadores levados é que as empresas, sapientes de que não entregaria o serviço, terminaram por levar os objetos, que, na verdade, apesar de imoral, é legal, já que não receberam.

Empresa que deixou poste apenas fincado não receberá por serviço. Dinheiro: só se instalar por completo

O engenheiro José Salan revelou que a rede já instalada de postes pode ser recebida pela nova empresa que ganhar a licitação.

No caso da empresa Stec (de Pernambuco) responsável pela instalação de postes na região reclamada e também pela retirada de transformadores os serviços foram concluídos em seis de dezembro do ano passado. A empresa teria recebido R$ 5.297.522,69, mas os dois engenheiros ressaltam que só recebeu pelo serviço completo.

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CADA INSTALAÇÃO CUSTARÁ, EM MÉDIA R$ 14.000,00

Atualmente uma empresa terceirizada pela Eletrobrás Piauí para a instalação de eletrificação rural no estado receberá, em média, R$ 14.000,00 por casa.

Os custos cobrem todos os procedimentos e são tidos como muito caros porque cada vez mais as localidades estão mais distantes, necessitando de mais postes e fiações.

PROMESSA DE VISITA ESTA SEMANA ÀS COMUNIDADES SERTANEJAS 

Engenheiro José Salan prometeu visita da equipe da Eletrobrás ainda esta semana ao Sertão do Piauí

Os engenheiros Erivaldo Oliveira e José Salan prometeram enviar esta semana uma equipe da Eletrobrás de Teresina para ver de perto o que foi mostrado por O Olho.

Destacaram que é prioritário as obras inacabadas. Frisaram que aceitam ser cobrados pela feitura das obras.

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Os moradores da região passaram este domingo (10 de maio) debatendo a temática e se organizando comunitariamente. Prometem realizar manifestações para os próximos dias e até uma nova romaria religiosa. “Só assim a gente consegue, depois de tanto tempo, ter energia elétrica”, revelou o líder comunitário Osvaldo Mamédio.

MINISTÉRIO SE CALA SOBRE O PROBLEMA

O Ministério das Minas e Energia, órgão máximo do Governo Federal que trata sobre o Luz Para Todos se calou em relação a dar explicações sobre os problemas de escuridão rural no Sertão do Piauí.

A assessoria de Comunicação do órgão foi procurada pela reportagem há quase uma semana. A assessora, de nome Layce ouviu a história e os pedidos de dados e esclarecimentos. Solicitou 24 horas para responder, mediante envio de questionários. Os mesmos foram postados para o e-mail: [email protected] e sequer foi dado uma resposta dizendo que as informações estavam em apuração.

Passados quase 190 horas (ou mais de cinco dias) dos contatos iniciais: não houve nenhuma resposta dando conta do atraso dos esclarecimentos. Em seu site o Ministério destaca que é de sua responsabilidade a energização rural. Só não esclarece quando essa energização chegará ao Sertão piauiense por completo.

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Fonte: O Olho

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