Connect with us

GERAL

Inflação afeta poder de compra e corrói a renda dos piauienses

Publicado

em

A alta constante dos produtos de necessidade básica tem afetado o bolso dos teresinenses. O aumento dos combustíveis afeta o preço final das mercadorias alimentícias, forçando consumidores e comerciantes a buscar novas estratégias para se adaptar sem afetar demais o orçamento. Entre substituir marcas e alimentos, evitar os desperdícios e diminuir a margem de lucro para não repassar os acréscimos aos clientes, a população e os empresários se adequam diante dos inevitáveis reajustes para não faltar nada na mesa nem nas prateleiras.

Segundo o especialista Fábio Yamamoto, sócio da Tiex, a alta do dólar afeta mais do que viagens internacionais. Para Fábio, “Todos irão sentir direta ou indiretamente os efeitos da escalada do dólar, uma vez que boa parte de nossa produção está atrelada ao dólar em função dos insumos, equipamentos e alguns custos indiretos”, afirma.

O trigo consumido no país, por exemplo, é em grande parte importado, tendo origem principalmente nos Estados Unidos e na Argentina. Como as negociações são feitas em dólar, a alta da moeda americana impacta produtos que tenham o trigo como matéria-prima.

Mesmo o preço de produtos nacionais sofre com a constante elevação do dólar. Isso porque, com o real mais barato, os produtos brasileiros tornam-se mais atraentes para exportação, diminuindo a oferta nacional e igualando o preço interno com a cotação da carne exportada.

João de Lima, o “Neto”, gerente de uma padaria, diz que para manter a clientela resolveram conservar os preços e diminuir a margem de lucro do estabelecimento. Assegura que não diminuíram a quantidade nem a qualidade dos ingredientes, mantendo as marcas utilizadas. Ressalta que a estratégia será mantida enquanto os aumentos dos fornecedores não reduzirem demais os ganhos.

Publicidade

O eletrotécnico Paulo Sérgio, 43, cliente da padaria, explica que diminuiu a quantidade de vezes em que toma café ou almoça fora de casa para poder refrear os gastos. “Escolhi essa padaria porque ela é a mais em conta por aqui”, ressalta. Casado e com duas filhas, diminuiu os desperdícios e cortou da lista de compras produtos supérfluos e menos saudáveis, como embutidos e biscoitos recheados, para não estourar o orçamento da família. Também substituiu as carnes pelas mais baratas, reclamando do aumento do preço da carne vermelha e do frango.

O comerciante Jurandir Pereira Barbosa reclamou do aumento do preço junto aos fornecedores. “Aumento em tudo, tudo o que existe”, destacou ao ser questionado quais preços tinham subido nas últimas semanas. Informou que vai repassando aos poucos aos consumidores, para não haver grande choque para os clientes.

Segundo Jurandir, que é dono do mercadinho de bairro há 45 anos, a farinha de mandioca subiu três vezes nos últimos dois meses, cerca de R$10 por vez a cada saca. Mas a maior reclamação foi sobre o preço do açúcar, que já estaria a R$70 o fardo. Também comenta sobre a dificuldade em encontrar outros alimentos, como massa de milho flocada e óleo.

“Nunca me quebrei e nem nunca enriquei. Mas pra isso a luta é grande”, enfatiza. Quando questionado se já tinha por passado por crises financeiras tão fortes, comenta que durante a presidência de José Sarney no final da década de 1980 foi pior, com o congelamento de preços durante o Plano Cruzado.

Já nas quitandas, a oscilação dos preços de produtos hortifruti é maior, porque dependem, além dos combustíveis para o transporte, do fator agrícola, que é afetado por secas ou chuvas em excesso. Nino Rodrigo da Silva, dono de um estabelecimento desse setor, afirma que, para lidar com os aumentos sem perder a freguesia, diminui sua margem de lucro e explica as razões aos clientes que reclamam do aumento. Segundo Nino, os produtos com maior aumento têm sido as verduras para salada, além do aumento de R$10 na caixa com 20kg de mamão na última semana.

Publicidade

Dona Iolanda Rosa Freitas, professora aposentada, também se queixa da alta dos preços. “Agora a gente só compra o necessário conforme precise. Primeiro a gente estocava”, conta. Também realça que a carne foi o que mais aumentou. Disse que já viveu crises piores, como durante o Plano Collor. “Aquilo foi de arrasar, a gente não podia tirar grandes quantidades de dinheiro porque ele foi confiscado”, lamenta.

 

 

Custo de Vida tem a maior alta dos últimos oito meses

A gasolina vem sofrendo constantes aumentos – entre janeiro e outubro chegou a 15,66% de alta, levando consigo o álcool (4,30%) e o diesel (4,11%). Juntos elevaram o segmento de transportes para 1,69% em outubro, e 11,39% ao longo do ano de 2015. Os dados são da Fundação CEPRO, órgão oficial responsável pelo cálculo do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) no Piauí.

Segundo a Fundação, a inflação registrada para o mês de outubro foi de 0,97%, a maior dos últimos oito meses. “Com mais essa alta, os valores acumulados no ano e nos últimos 12 meses foram de 8,29% e 9,65%, respectivamente”, explica o diretor de estatísticas e informação da Fundação, Elias Alves Barbosa. Segundo o diretor, ao avaliar os elementos que contribuíram para a formação deste índice, constatou-se que alguns alimentos também continuam influenciando a inflação local.

Publicidade

“O açúcar, que tem sua alta diretamente ligada ao aumento do álcool (pois quando o valor deste combustível aumenta, os produtores deixam de desenvolver o bem alimentício para investir mais na produção do álcool) foi um desses produtos, sua alta foi de 5,79% ao mês e ocorre agora, depois de meses seguidos de uma baixa significativa”, explica o diretor da pesquisa. Já produtos como arroz e feijão, presentes em todas as mesas das residências de Teresina, apresentaram ligeira queda (-0,12% e -0,87%, respectivamente).

Cesta Básica – O custo da cesta básica, referencial básico para avaliação do poder de compra do salário mínimo, no mês de outubro aumentou 0,38%, acumulando em 11,21% nos últimos 12 meses. “Isso está refletindo na conjuntura de instabilidade porque vem passando a sociedade brasileira, em que tanto o consumidor, quanto o produtor/fornecedor, estão mergulhados”, explica o diretor de estatísticas da Fundação Cepro, Elias Alves Barbosa.

Apesar deste aumento, muitos produtos alimentícios tiveram queda. Confira abaixo alguns itens alimentícios que tiveram inflação e deflação no último mês de outubro (e no ano de 2015) que têm influência mais forte no bolso do consumidor local.

 Fonte: CEPRO
Produtos Inflação mensal (outubro de 2015) Inflação anual (janeiro a outubro de 2015)
Feijão mulatinho/carioquinha -3,97% 23,32%
Feijão Preto -2,41% 2,99%
Batata doce -5,98% 4,19%
Batata inglesa -3,86% -4,35%
Beterraba -2,07% 18,07%
Cenoura -4,56% 8,21%
Tomate -2,51% 12,51%
Pepino -8,36% 4,58%
Abacate -2,24% 25,50%
Abacaxi -2,91% -1,19%
Banana -1,99% 6,08%
Laranja 7,48% 15,92%
Limão 29,03% 59,55%
Maracujá 15,79% 10,37%
Melancia 9,49% 30,56%
Carne Bovina de 1ª 4,48% 15,14%
Carne Bovina de 2ª 3,18% 10,21%
Carne Bovina de 3ª 3,66% 11,71%
Carne Suína 11,54% 7,48%
Carne Ovina/Caprina -1,46% 2,47%
Peixe de água doce -1,63% 13,81%
Peixe de água salgada 6,99% 8,65%

 

 

Publicidade

 

Fonte:Assessoria Fábio Yamamoto/Assessoria CEPRO

Publicidade

Facebook

MAIS ACESSADAS