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No Sertão do PI, pai e filho dão aulas de sanfona no quintal de casa

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Em São Raimundo Nonato, a 530 km de Teresina, o som que ecoa da sanfona estimula sonhos e alimenta esperanças. Um projeto cultural criado em 2011 pelo empreendedor musical Salvador Nunes e pelo seu filho Sandro Dias ensina a arte de tocar instrumentos a dezenas de crianças, jovens e adultos. Com poucos recursos e sem apoio de entidades governamentais, o projeto intitulado “Acordes do Campestre” é executado no terreiro da casa onde moram, em um bairro carente da cidade.

Sandro Dias, conhecido na região como Sandrinho do Acordeom, aprendeu tocar sanfona aos 13 anos, quando ainda morava com os pais na vizinha cidade de Dom Inocêncio, distante 104 km. Apaixonado pela música, ele resolveu, com o incentivo do pai, transmitir o conhecimento aos jovens que tivessem interesse. Hoje com 21 anos, Sandro é o coordenador do projeto que ensina música voluntariamente.

Aulas de música incluem ainda outros instrumentos além da sanfona (Foto: Projeto Acordes do Campestre)
Aulas de música incluem ainda outros instrumentos
além da sanfona (Foto: Projeto Acordes do Campestre)

Segundo ele, os jovens têm aulas de segunda a sexta-feira e podem aprender a tocar os mais diversos instrumentos. “Nós não cobramos nada para dar aulas, é tudo voluntário. Eles podem aprender a tocar os instrumentos que quiserem”, conta Sandrinho. Além da sanfona, o projeto também ensina flauta, baixo, violão, triângulo, zabumba e bateria. Qualquer jovem da cidade ou da região pode participar e existe apenas uma única exigência.

“A criança tem que ter no mínimo seis anos e precisa estar matriculada em uma escola”, lembra Sandrinho. Recentemente, o projeto passou a ter formalização jurídica e ganhou o nome de Associação Cultural Acordes do Campestre. Os jovens participam de apresentações na região e tocam hinos em corais durante os eventos. “Já fizemos apresentações em Teresina, em Bom Jesus e em cidades de Pernambuco como Afrânio e Petrolina”, informou Sandro.

O sonho do jovem professor sanfoneiro é expandir a iniciativa e poder oferecer uma melhor estrutura para os alunos. “Nossas aulas são em frente a minha casa, no terreiro mesmo. Nos reunimos todos os dias lá e geralmente temos aulas somente a tarde, quando já está na sombra”, disse. O primeiro grande passo já está sendo dado com a construção de um pequeno galpão ao lado da casa para que as aulas não sejam mais ao ar livre.

Salvador Nunes, pai de Sandro, é o grande entusiasta da iniciativa. Segundo ele, mais que ensinar música, o projeto ensina crianças e jovens a serem cidadãos. “Nosso objetivo não é apenas ensinar a tocar, mas também formar cidadãos. Nós usamos a música para fazer deles cidadãos de bem”, falou. Salvador conta que boa parte dos instrumentos utilizados no projeto é adquirida através de doações.

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O sonho do jovem professor sanfoneiro é expandir a iniciativa e poder oferecer uma melhor estrutura   para os alunos (Foto: Projeto Acordes do Campestre)O sonho do jovem professor sanfoneiro é expandir a iniciativa (Foto: Projeto Acordes do Campestre)

“Nós começamos com os instrumentos da nossa banda do Sandrinho do Acordeom, mas depois fomos recebendo algumas doações de mais instrumentos para colocar o projeto pra frente”, disse. Salvador explica que não aceitam doações de dinheiro em espécie, mas somente de instrumentos. “Já teve amigos que quiseram dar dinheiro, mas pedimos para que comprassem os instrumentos e nos trouxessem”, falou ele.

Os pais da comunidade dão total apoio e reconhecem a importância do projeto Acordes do Campestre. “Meu filho mudou muito depois que começou a ter aulas com o Sandrinho. Ele era muito danado e não ligava tanto para os estudos”, contou Bento Mota, morador da cidade. O filho dele está há dois anos no projeto e já sai da escola direto para as aulas de música.

O Acordes do Campestre conta atualmente com cerca de 60 alunos, a maioria crianças e adolescentes. Alguns dos jovens já tocam em grupos musicais da região. Em virtude do trabalho voluntário que mantém na cidade, Sandrinho recebeu em 2014 o título de Cidadão Sanraimundense, concedido pela Câmara Municipal de Vereadores. O jovem professor de sanfona também já foi homenageado na Procissão dos Sanfoneiros de Teresina e conquistou três vezes o Festival de Sanfoneiros de Petrolina.

 

Fonte: G1

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