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Campo Grande do PI

Campo Grande | Caminhada e palestras sobre racismo marcam Dia da Consciência Negra

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Várias instituições de Campo Grande do Piauí realizaram, nesta quarta-feira (20), uma caminhada pelas principais ruas de Campo Maior e, em seguida, se deslocaram para o auditório Clódio Raimundo de Almeida, na sede do Sindicato dos Trabalhadores Rurais, onde foi ministrada uma palestra alusiva ao Dia da Consciência Negra, celebrado neste 20 de Novembro.

Representantes da Igreja Católica, das secretarias de Educação, Assistência Social e Saúde, do Conselho Tutelar e dos Direitos da Criança e Adolescente, Movimento de Pequenos Agricultores, NUCA e das escolas municipais e estaduais do município participaram do evento.

A secretária de Assistência Social, Vandeslene Oliveira, frisou a importância de se promover a temática em meio à sociedade em que vivemos.

“Uma campanha como a que estamos realizando hoje é de suma importância, pois ela tem a temática de promover a igualdade racial e defender uma infância sem racismo. Esse é um preconceito que sabemos que vem de nossas raízes e para combatê-lo a luta tem que ser diária”, disse ela.

O Padre Flávio Santiago ressaltou que a cor da pele não pode qualificar as pessoas e que a sociedade precisa entender isso.

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“Celebrar o Dia da Consciência Negra é tornar sempre atual um dia presente na nossa sociedade, mas que, muitas vezes, passa despercebido, por conta dessa tentação de qualificar como inferior, como classe diminuída as pessoas de cor negra. Esse comportamento é presente, infelizmente, em nossa sociedade. Ditados, provérbios que denigrem essas pessoas, a quantidade reduzida delas nas instituições importantes, é algo que deve entristecer a todos. Ao celebrarmos, colocamos como discussão o direito que essas pessoas têm como cidadãos, independente da cor da pele”, disse ele.

Mulher negra e que traz consigo as marcas de uma vida cheia de preconceitos é a quilombola Dona Toinha. Segundo ela, ser reconhecida por sua profissão foi um dos maiores desafios que enfrentou contra o preconceito.

“Sou militante, sou negra e com muito orgulho. O cativeiro amarrada, cortado e salgado acabou, mas vivemos em um que é lento, sutil. Desde 1972 cheguei a Campo Grande do Piauí e comecei a trabalhar na área de parto. Cheguei a mil partos. Depois chegaram médicos, enfermeiros. Mas antes era eu quem fazia isso sozinha. Eu amava fazer isso, mas sinto que não tive o reconhecimento de minha cidade por ser negra”, pontuou.

Em contrapartida, em seu discurso, o vereador Martinho Belchior disse não ter sofrido nenhum preconceito enquanto negro e político e ressaltou sentir orgulho de sua cor.

“Hoje é um dia especial para nós, da classe negra, e para todo o povo brasileiro. Sou sincero ao dizer que, diante da cor negra, me sinto orgulhoso em ser negro. Para mim, não existe diferença entre raças. Sendo negro político, tenho o prazer de dizer que sempre fui tratado igual aos demais. Nunca sofri discriminação, graças a Deus. Tenho um histórico de pai e primo que já foram políticos, mesmo em tempos antigos. A gente não pode se abater por nossa cor, mas nos orgulharmos e lutar contra o preconceito”.

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A coordenadora do NUCA, Maria Helena, pontuou que além da caminhada ser um dos desafios da entidade para com seus alunos, ainda desperta neles o sentimento de luta contra o preconceito.

“Essa caminhada se faz importante, pois ainda existe muito racismo. Ainda há um tabu contra o negro, por isso devemos conscientizar as pessoas contra o racismo. Como meio de envolver os jovens nas questões sociais, o NUCA tem desafios a cumprir, e um deles é falar sobre o racismo. Por isso aproveitamos e realizamos esse desafio nessa caminhada”.

“O objetivo deste dia é fazer uma reflexão sobre a importância do povo e da cultura africana do Brasil. Também serve para analisarmos o impacto que teve o desenvolvimento da identidade cultural brasileira. Essa mobilização é uma forma de reunir todos os setores da sociedade. O principal objetivo dessa mobilização é assegurar o respeito e igualdade étnico-racial desde a infância”, concluiu Ceiça Sousa, coordenadora de Educação.

Em sua palestra, o professor Mairton Celestino fez abordagens sobre a vinda dos negros para o Brasil, a trajetória vivida por eles e apresentou dados sobre homicídios e feminicídios contra os negros.

“Tentei fazer um apanhado histórico sobre a escravidão e mostrar dados atuais sobre a população negra, tentando fazer esse resgate de modo que as pessoas aqui presentes pensem não apenas no dia 20, mas todo o ano como ano de luta contra o racismo, contra os preconceitos dessa sociedade”, frisou.

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Várias autoridades estiveram no evento corroborando a importância de se lutar contra o preconceito. Durante a caminhada houveram apresentações de karatê, capoeira e paródias sobre racismo.

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