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Jovita Feitosa, a voluntária que saiu de Jaicós, decidida a lutar na Guerra do Paraguai

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Em 1865, quando a voz dominante dizia que lugar de mulher era em casa, uma jovem se levantou no sertão do Piauí disposta a ir para a frente de batalha. O nome dela é Jovita Feitosa. Ela saiu de Jaicós, andou 70 léguas até Teresina para se alistar no Corpo de Voluntários da Pátria que defenderia o Brasil na guerra contra o Paraguai. Como o Exército não aceitava mulheres na frente de batalha, travestiu-se de homem. Conseguiu se alistar. Mas foi descoberta. Apelou para o governador, que aceitou a inscrição.

A Voluntária do Piauí ganhou a atenção e aplauso nacional. Foi festejada até chegar no Rio de Janeiro. Mas o Exército negou a inscrição. Sonhos defeitos, Jovita viveu dois anos terríveis, até a morte, em outubro de 1867. Não realizou o desejo de guerrear. Mas sua luta deixou exemplo para as mulheres de todos cantos, de todos os tempos.

Antônia Alves Feitosa, nasceu em 8 de março de 1848, no povoado Brejo Seco, hoje situado em Tauá, Ceará. Jovita se tornou história no Piauí, quando saiu de Jaicós decidida a lutar na Guerra do Paraguai. Seu desejo ela não realizou, mas mesmo assim, foi eternizada como exemplo de luta.

De origem humilde, Jovita vivenciou a pobreza no sertão nordestino e as disputas entre famílias. A mãe, Maria Rodrigues de Oliveira, era seu refúgio, mas elas foram separadas muito cedo. Aos 12 anos, Jovita viu sua mãe ser levada pela cólera.

O pai, sem condições de cuidar da filha, a entregou a um tio, conhecido como mestre Rogério, com quem a adolescente foi morar na cidade de Jaicós-PI. Com o tio, Jovita estudou, aprendeu a tocar, caçar e discutia sobre diversos temas, inclusive sobre a guerra no Paraguai.

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Dezembro de 1864, prestes a completar 17 anos, Jovita era diferente das moças da época, com pensamentos mais livres e ciente do que acontecia ao seu redor. As informações que recebia sobre a guerra, como a invasão à província do Mato Grosso e atrocidades cometidas contra mulheres, despertou nela o desejo de lutar.

Jovita então decidiu que queria participar do Corpo de Voluntários, mas não como cozinheira ou enfermeira, funções que eram normalmente destinadas às mulheres. Ela queria guerrear. Como não havia mulheres alistadas como soldado, ela resolveu se passar por homem.

Sem avisar ao tio, ela cortou os cabelos com uma faca, vestiu roupas do tio e juntou-se aos voluntários que seguiam para a cidade de Teresina. Lá, ela se alistou com o nome de Antônio Alves Feitosa. Mas, pouco tempo depois, pouco tempo depois, quando Jovita andava pela cidade, uma feirante percebeu o disfarce e Jovita, na delegacia, teve que revelar a verdade.

O caso foi parar nas mãos do governador da província do Piauí, Frankin Dória, que surpreendentemente, permitiu a inscrição de Jovita como soldado. Em 10 de agosto de 1865, Jovita saiu em direção ao Rio de Janeiro. Nas escalas em São Luis, Paraíba e Recife, ela recebeu festas, homenagens e versos inspirados em sua bravura.

Em 9 de setembro, ela desembarcou no Rio de Janeiro. Em seu coração, pulsava o sonho de lutar em nome da pátria. Os jornais deram destaque à voluntário do Piauí. Vez ou outra, algum preconceito surgia, buscando reforçar a ideia de que a figura da mulher não combinava com a luta, mas em geral, Jovita era tratada como heroína.

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Uma semana após chegar ao Rio, seu pedido de engajamento no exército foi negado. Ela ainda recorreu ao ministro da guerra, mas ele confirmou a negativa. O exército ofereceu a oportunidade da jovem ir para guerra para ficar na retaguarda, podendo ser enfermeira. Foi uma grande decepção para a guerreira que saiu de Jaicós decidida a lutar na frente de batalha.

 Sem amparo do exército, ela terminou se abrigando em casas alheias, também foi acolhida por braços receptivos, mas em amor. Por fim, entregou-se ao amor nos braços de engenheiro inglês, que retornou a sua terra sem dar satisfação.

A guerreira perdia uma nova batalha e achava que faltava sentido em tudo. Daí, empreendeu sua batalha final, perdida na ponta de um punhal que Jovita fez avançar pelo peito, no dia 9 de outubro de 1867.

Aquele 9 de outubro não encerrou a guerra que as mulheres travam ao longo dos séculos. Jovita perdeu sua guerra particular ou perdeu-se em meio as muitas batalhas. Mas deixou conquistas para as mulheres de todos os cantos e tempos.

Cidade Verde | Degravação: Cidades na Net

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