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POLÍTICA

Delator daria a Temer propina por 25 anos

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Em depoimento ao Ministério Público Federal, Ricardo Saud, da JBS, afirmou que, no mês passado, se reuniu com o deputado afastado Rodrigo Rocha Loures, ex-assessor e amigo do presidente Michel Temer, para discutir o pagamento semanal de propinas da JBS para Rocha Loures e Temer pelos próximos 25 anos.

A “aposentadoria”, como chamou Saud no depoimento, seria uma retribuição a uma decisão do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) sobre o preço do gás boliviano, que beneficiou a empresa.

A assessoria do presidente afirmou ele “não pediu nem recebeu dinheiro ilegal”. Em pronunciamento na quinta-feira (18), o presidente afirmou não ter nada a esconder. “Não preciso de cargo público e nem de foro especial. Nada tenho a esconder. Sempre honrei meu nome, na universidade, na vida pública, na vida profissional, nos meus escritos, nos meus trabalhos”, disse.

No vídeo de 25 minutos, Saud explicou a origem do problema que foi resolvido após o pedido de ajuda da JBS ao presidente Temer, e deu detalhes sobre a conversa que teve com Loures, em São Paulo.

Segundo ele, a conversa aconteceu em 24 de abril de 2017, no Café Santo Grão, no Itaim Bibi, na Zona Sul de São Paulo, e foi gravada por ele em uma ação coordenada com a Polícia Federal. O Ministério Público Federal incluiu esse depoimento no inquérito 4483, que apura atos ilícitos cometidos por Rocha Loures.

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Ricardo Saud afirma que Joesley pediu a Michel Temer para intervir em uma reunião do conselho do Cade sobre o monopólio do gás pela Petrobras. Segundo a JBS, a Petrobras comprava o gás da Bolívia e revendia às empresas brasileiras, e que o valor do gás acabava sendo maior do que o valor da energia produzida na termelétrica. Segundo ele, Temer teria pedido para ele procurar Rodrigo Loures. Saud disse que isso foi feito e que o Cade decidiu em benefício da JBS.

Saud conta que Joesley pediu para Rodrigo acertar o pagamento em relação a esse assunto com o delator. Os dois se reuniram em São Paulo em 24 de abril de 2017. Saud então disse que propos um valor de propina que fosse equivalente à produção de gás da termoelétrica: segundo o nível de produção, que o delator chamou de “valuation”, Rodrigo e Temer receberiam entre zero e R$ 1 milhão por semana. Ele disse que essa conversa com Rodrigo foi gravada.

Ele afirmou, então, que esse acordo de pagamento de propina teria duração de um ano, mas propos a Rodrigo que eles fizessem um contrato mais longo, já que a mudança do Cade permitiria às empresas um maior lucro.

“Ele [Rodrigo] falou: ‘Não, eu já organizei lá no Cade. Esse vai ser o contrato agora padrão. O Cade vai ter que fazer isso não só com vocês como com outras pessoas. Mas por que eu não fiz por mais tempo? Eu não fiz por mais tempo até pra nós analisarmos se o negócio tá bom. Se tá ganhando dinheiro mesmo, se esse é o melhor jeito de vocês nos darem propina, como é que vai ser, como que tá tudo’. Eu falei: ‘Mas então vamos fazer isso pra 25 anos. Tem como fazer pra 25 anos’. Ele falou: ‘não, 25 anos eu já estou estudando, vamos fazer pra 30 anos’, ele falou. Eu peguei e falei: “Pô, isso aí é uma aposentadoria pro Michel. Uma aposentadoria pra vc e pra ele. Vocês não vão mais ter dificuldade”.

Ricardo Saud afirma, em seguida, que levantou a Rodrigo a possibilidade de algum governo futuro reverter essa decisão do Cade, o que levaria a uma perda financeira das empresas. A resposta de Rodrigo Loures, segundo o delator, foi a seguinte: “Pra derrubar isso tem que trocar o Cade inteiro, e não vai mais trocar ninguém lá porque nós já substituímos todo mundo.”

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Buscas no Cade
Na manhã de quinta-feira (18), a Polícia Federal cumpriu um mandado de busca e apreensão na sede do Cade, em Brasília. A operação faz parte da investigação que apura se Rocha Loures recebeu propina para defender interesses da JBS em um processo em tramitação no Cade e que envolvia fornecimento, pela Petrobras, de gás natural a uma usina termelétrica operada pelo grupo do empresário Joesley Batista.

Fonte: G1

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