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Clicks do Mês

Clicks do Mês chega a Patos do Piauí e traz mais uma história de superação; Confira os relatos e registros!

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Problemas financeiros, de saúde, a necessidade deixar sua terra em busca de sobrevivência. Uma família que enfrentou diversas dificuldades, mas que batalhou e conseguiu vencer várias delas. Uma história de luta, mas que também se encontra com a superação.

Domingas de Sousa Oliveira, 46 anos, Cleidiane de Oliveira Costa, 27 anos e José Francisco da Costa, 50, da localidade Capim, zona rural de Patos do Piauí, são os protagonistas dessa história, que no mês de outubro, engrandece o Clicks do Mês.

Nossa personagem principal é Cleidiane de Oliveira Costa, uma jovem sorridente e cheia de vida, que possui de Síndrome de Down. A mãe, Domingas de Sousa Oliveira, foi quem conversou conosco e contou a história da família.

Domingas, que teve Cleidiane aos 19 anos, contou sobre a gestação. “Descobri que estava grávida e fiquei sem ir nem ao médico, porque naquele tempo era difícil, aonde a gente morava não tinha transporte para nada, nem tinha agente de saúde para ficar nos informando. Só fui ao médico uma vez, lá em Jaicós.  Mas graças a Deus eu não sentia nada, a gravidez foi tranquila” falou.

Em 1992 nascia Cleidiane, em um parto feito em casa, pela própria avó. “Ela nasceu em casa. Até 9 horas da noite do dia 6 eu estava “rapando” mandioca, e no dia 7 ela nasceu, quase nasce na “ruma” de mandioca (risos). Eu estava na “desmancha” na casa de minha sogra, aí quando senti as dores ela me mandou para casa de mãe, porque minha mãe e minha tia eram parteiras. Quem fez o parto foi elas duas, quem cortou o umbigo dela foi minha tia, que ela até chamava de “mãe Maria” contou.

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A mãe conta que a filha quase não chorou ao nascer, mas que não sabia qual era o problema. “A gente achou que ela não ela normal porque ela quase não chora, elas viravam de caneca para baixo, batiam no bumbum dela e nada, demorou, até que ele chorou um chorinho fraco. Mas o problema dela demorei muito para descobrir, porque os médicos daqui nunca falaram nada. Eu com ela e mãe vínhamos a pé do nosso interior para Cajueiro procurando “recurso” para saber o que ela tinha” disse.

Mesmo tão pequenina, Cleidiane já enfrentava grandes barreiras. “Ela não mamava, só mamou 3 meses, chorava muito, não queria comer e ninguém descobria nada. Com uma ano e pouco ela não caminhava de jeito nenhum, só segurando nas coisas. Minha mãe fez promessa, fez tudo. Ela só veio andar depois que fez uma cirurgia. Ela foi internada treze dias em Picos, porque inchava, ficava roxa e só chorava” relata a mãe.

No período em Cleidiane foi internada, o pai, José Francisco, trabalhava em outro estado para ter condições de cuidar da filha e teve que vir até a cidade. “Quando ela foi internada meu marido estava na Bahia tentando ganhar dinheiro para a gente sobreviver, porque a gente vivia só da roça e ele já tinha vendido o animal, a cela, umas cabeças de gado que a gente tinha. Vendeu tudo para cuidar dela. Aí quando ele veio foi que conversou com o médico e ele disse que ela precisava de outro medicamento. E ele mandou também passar no Dr. Bezerrinha”.

Na consulta com o outro médico, Domingas foi encaminhada para Teresina e lá descobriu que a filhateria que ser operada. “Eu passei em no doutor ele já me deu o encaminhamento para ir para Teresina. Lá Teresina ela fez o exame e o médico disse que ela teria que fazer a cirurgia. Quando ouvi “eu fui no outro mundo e voltei”, fiquei pensando ‘meu Deus, como vou ficar sozinha em Teresina com essa criança operada’. Mas ela fez a cirurgia. Eu fui com ela até a sala da anestesia, ela chorando, aí quando o médico aplicou a anestesia ela ficou com os olhos “grilhados”, sem chorar mais. Eu olhei para ela e pensei ‘meu Deus será que minha filhinha vai escapar’, aí voltei chorando para a outra sala” disse.

Apesar da grande aflição que a mãe passou, a cirurgia foi bem sucedida. “No outro dia fui ver ela só “pelo vidro” para ela não chorar quando me visse. Ela estava lá cheia de aparelho. Pouco depois que operou ela já estava querendo andar no hospital mesmo. Aí o médico falou “agora mãe já pode dar umas palmadinhas na Cleidiane quando ela chorar (risos). Com um mês depois da cirurgia ela já estava correndo para todo canto e eu e minha mãe morríamos de medo” relatou.

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Mas a família, ainda teria mais barreiras para derrubar. José mais uma vez teve que viajar e dessa vez levou a filha e esposa. “Depois da cirurgia ela ficou tomando os mesmos remédios e eram muito caros, a gente tinha “se bater” pra comprar. Ela fez a cirurgia em 93, aí quando foi em 94 meu marido teve que viajar para São Paulo para trabalhar, tentar recuperar nossas coisas e poder comprar os remédios. Ele passou 1 ano e 2 meses lá, voltou, ficou sete meses e foi para lá de novo. Com 6 meses que esteve lá ele me chamou e aí eu fui com ela e moramos 2 anos lá” falou.

Foi depois da viagem à São Paulo, onde a mãe buscou tratamento para a filha, que a família ficou sabendo o que de fato ela tinha. “Aqui não tinha chance de ficar porque não tinha ganho de nada e fomos também para tentar conseguir algum tratamento para ela, porque ela era muita nervosa. Lá ela passava direto no médico, eles examinavam ela de toda forma. O médico não disse que era esse problema, ele só falou que eu tinha que fazer um exame para saber se outros filhos nasceriam igual ela. Quando descobri ela já tinha 6 ou 5 anos. A gente voltou em 1998. Aí minha cunhada, que observava o comportamento dela, foi que falou que ela tinha síndrome” disse.

A mãe conta que mesmo diante das dificuldades de aprendizagem, a filha sempre estudou. “Ela começou a estudar em São Paulo, mas o que ela gostava era desenhar, copiar um pouco, mas ler mesmo ela não desenvolveu. Mas sempre levei ela para escola. Quando a gente voltou ela ficou estudando no nosso interior e depois mudou para o Cajueiro” falou.

Alguns anos após a volta para cidade a família conseguiu melhorar as condições de vida.  Após muita luta, em 2009, Domingas conseguiu o benefício para a filha e em 2013 o marido passou a trabalhar como motorista para a gestão municipal.

Mas, a família ainda enfrentou uma grande luta, após Cleidiane passar por uma depressão. “Em 2015 ela enfrentou uma depressão. Chegou um dia da escola chorando, dizendo que estavam perseguindo ela.  E aí foi outra correria com ela, andei por todo canto procurando médico para passar os remédios que controlavam, até que achei uma doutora que passou uns medicamentos que deu certo para ela e até hoje ela toma” relatou.

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Hoje, Cleidiane, uma “mulher-menina”, vive feliz com os pais. Sua alegria é estampada em seu rosto e compartilhada com os que estão à sua volta. “Ela é muito carinhosa, quando vê as pessoas já vai abraçando. Tem dia que acorda, pede a benção e me abraça, beija, eu abraço ela e ela fica toda sorridente. Eu agradeço a Deus todo dia porque tenho ela. A outra até tem ciúme (risos). Mas ela precisa de muito cuidado” contou a mãe.

Com a inocência de uma criança, Cleidiane nos contou o que gosta de fazer. “Eu gosto de estudar, brincar, cantar, desenhar assistir televisão, dançar, ser modelo. Na escola também é muito bom, tenho minhas amigas e elas são legais. Os professores, diretor, todo mundo me trata bem lá” falou.

Sobre a mãe, seu porto seguro, ela fala com brilho nos olhos e um lindo sorriso nos lábios. “Mãe é “trabaiadera”, ela cuida de mim e eu gosto muito dela. Ela cuida de mim desde pequena e quando ela ficar velha eu vou cuidar dela também. O amor por ela é do tamanho de uma coração bem “grandão”. Meu pai também cuida de mim, gosto dele, ele trabalha muito” disse.

Cleidiane, que é a primogênita, tem uma irmã chamada Sheila, de quem também muito gosta. “Minha irmã também cuida de mim. Às vezes a gente briga, outras vezes nós se entende, mas eu gosto muito dela, é a única irmã que eu tenho. A gente brinca, canta juntas. Nós “estudava” junta no Capim e cantava na escola e os meninos ficavam dizendo que eu não sei cantar, mas eu nem ligava, porque eu gosto de cantar. Minha irmã tem uma casa, mas é pertinho, eu vou lá ajuda ela em casa e ela me ajuda também” finalizou.

Após conhecermos a bela história de Cleidiane e sua família, seguimos até a passagem molhada da barragem Poço de Marruás, onde foram feitos os registros.

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