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Apicultores da região de Picos se reúnem em Jaicós e discutem valorização do preço do mel

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No último sábado (8), dezenas de apicultores da macrorregião de Picos e também do estado do Pernambuco, se reuniram no auditório da Assistência Social da cidade de Jaicós, para propor soluções para melhorar o preço do mel, discutir sobre o cadastro orgânico dos apicultores e a possível abertura de uma cooperativa.

A discussão foi mediada pelo militar aposentado, sargento Cândido Lopes dos Reis Neto, que trabalha há onze anos no ramo da apicultura. Segundo ele, a reunião foi realizada com o objetivo de unir os apicultores para pressionar as empresas para subir o preço do mel e discutir a possiblidade de criação de uma entidade comercial.

 “O evento aqui foi pra a gente se unir, pressionar as empresas a melhorar o preço do mel. A gente está se reunindo em torno de 150 apicultores da macrorregião de Picos, chegando até Paulistana, pra gente segurar o mel e vender em um lote só para o comprador que der o melhor preço. Essa reunião também é para a gente se organizar em longo prazo e montar uma entidade comercial que pode ser a cooperativa ou uma empresa limitada nossa mesma, para nos livrar dos atravessadores que tanto maltratam a gente, quanto ao preço do mel”, disse.

Segundo Cândido, o preço do mel começou a decair no inicio de 2018, em decorrência de outros países começarem a produzir o alimento.  ”O preço do mel vinha bem até o final de 2017, no início de 2018 começou a cair e deste tempo pra cá foi só decaindo. Eles alegam que muitos países passaram a produzir mel. A china, que era um grande produtor estava com problema de vender mel para o mundo por causa da peste suína, mas ela voltou a exportar mel de novo e isso prejudicou bastante a gente”, falou.

O mercado produtor do mel

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O apicultor Enevaldo da Silva, de Trindade-PE, trabalha com a atividade migratória de abelhas há 10 anos. De acordo com ele o mercado da apicultura está fraco para a classe, depois que o preço do mel subiu.

“O mercado da apicultura, hoje para o apicultor, está fraco. Nós já chegamos a comercializar o mel a R$ 12, 60 o quilo e hoje o produto está sendo comercializado em torno de R$ 4,50 e R$ 5,00, e no máximo R$ 5,20. Hoje o custo de produção superou o quilo do produto, todo ano aumenta o diesel, alimentação, peça, combustível, o próprio aluguel da área que a gente migra e chegou no patamar que a apicultura migratória se tornou inviável por conta do custo de produção que a cada ano aumenta”, frisou.

 

Para Enevaldo, as soluções para melhorar o preço do mel seria voltar a vender para exportação no valor de R$ 8,00 o quilo e criar outros canais de comercialização.  “Hoje a solução seria uma reação do mercado internacional, em que a gente voltasse a vender mel para exportação no patamar de no mínimo R$ 8,00. A partir desse valor já se daria para cobrir os custos da atividade e sobraria alguma coisa pra gente sobreviver. Outra solução seria encontrar outros canais de comercialização como o varejo, onde paga um preço melhor que a exportação, porém a saída é menor, mas também é uma solução, assim a gente não ficaria preso somente na exportação”, afirmou.

Em entrevista ao Cidades na Net, o sargento Cândido falou que o brasileiro consome pouco mel e a demanda do mercado interno ainda é pequena por conta dos altos preços. “Dizem que brasileiro só compra mel para remédio e é verdade. Você chega nas grandes capitais e não acha mel em lugar nenhum,  porque o produtor não oferta o mel no mercado interno. Se lançar, muita gente quer comprar mel porque é um alimento muito saudável, mas aí o preço do mel quando chega é muito caro. Nós estamos vendendo de R$ 4,50 R$ 5, 00 e quando chega lá em Recife, Fortaleza eles vendem a R$ 40 o quilo”, contou.

 Segundo ele, outro motivo pelo qual o brasileiro consome pouco mel, é devido a autorização do governo para que as indústrias utilizem preparado a base de açúcar em seus produtos e alimentos, no lugar do mel.

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“A compra de mel para a fabricação de bombons, cosméticos, biscoitos é mínima, chega quase não constar nas estatísticas porque o governo brasileiro autorizou as indústrias a usar um preparado de mel em seus alimentos. Quando você toma um iogurte e lá diz que tem mel, provavelmente ali é preparado a base de açúcar. Como o governo autoriza essa prática, o mel que as indústrias compram é muito pouco. A exportação é o que ajuda a escoar toda a nossa produção, as empresas daqui compram o nosso mel  e exporta para a União Europeia, Estados Unidos, Canadá, Rússia e outros países”, explicou.

 O que mais gera conflito entre os apicultores e os compradores é o fato de que o preço do mel não é repassado de forma transparente aos produtores. “O apicultor hoje não sabe qual o preço que eles vendem lá fora, é por isso que gera conflito. Nós chegamos a receber até R$ 12, 60 e hoje estamos recebendo entre R$ 5,00 e R$ 6,00 no quilo do mel. As explicações que eles dão, não convencem a classe apicultora. Por isso que surgem essas reuniões e discussões, para que a gente possa conseguir um preço melhor”, afirmou Enevaldo.

Os desafios a serem enfrentados

Hoje a maior dificuldade enfrentada pelos apicultores é com relação ao preço  que compense a atividade.  Segundo o sargento Cândido, o processo de produção do mel é muito caro e todo custeado pelos próprios apicultores.

“Migrar abelhas a 1000 km de distância da região da gente lá para Maranhão, é muito caro e a gente não tem financiamento no banco, nem do governo, sai tudo do nosso bolso, do mel que nós produzimos aqui. Aí o mel baixou o preço e não está cobrindo as despesas. A gente já concorre aqui com as secas, aí agora vem o preço, desse jeito a atividade vai parar porque não tem condição”, ressaltou.

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Cândido disse que será um desafio unir todos os apicultores, mas que acredita que será possível chegar a um consenso. “Não vai ser muito fácil, mas como está todo mundo atingido pelo preço do mel, eu acredito que a gente vai achar um denominador comum  e vamos levar em frente essa união. Inclusive a gente está com a ideia de fechar todo mundo, juntar o mel e negociar com apenas um comprador já com a proposta de preço que satisfaça a gente. Vamos partir essa semana para fazer contato com esse comprador, se der certo a gente vai se segurando para obrigar os outros a subir o preço também”, concluiu.

Por Tainara Sousa | Cidades na Net

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