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Infectologista critica ação do MPF e diz: “Não há remédio milagroso contra coronavírus”

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O médico infectologista Carlos Henrique Nery Costa alertou para a “radicalização” na defesa por uso de medicamentos contra a Covid-19. Em entrevista nesta quinta-feira (14), o especialista garantiu que não existe nenhum “remédio milagroso” contra o novo coronavírus.

“Não existem remédios milagrosos. Se nós perdermos a cabeça vamos estragar tudo e vamos fazer mais mal do que bem”, disse Carlos Henrique Nery Costa.

Segundo o infectologista, ainda não há nenhuma comprovação científica de que a cloroquina tenha reais efeitos seguros para os pacientes com Covid-19.

“Os primeiros resultados que estão saindo agora sugerem fortemente que a cloroquina não tem absolutamente nenhum efeito sobre o coronavírus. Eu torço que esteja errado, que tenha efeito mas por hora não tem. E como não tem efeitos favoráveis nós estamos impedidos de prescrever. Eu espero que não haja necessidade de que outras pessoas venham usar o meu CRM (registro profissional) ou me obriguem a usar um remédio que não está de acordo com a minha consciência. O Conselho Regional de Medicina proíbe terminantemente que qualquer médico prescreva qualquer coisa sob coerção, mesmo que seja sob a coerção da justiça”, disse.

Nery Costa criticou o pedido de liminar da Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão no Piauí para que a Justiça Federal obrigue, imediatamente, a União, o estado e o município de Teresina a disponibilizar a hidroxicloroquina e a azitromicina na rede pública para tratamento em pacientes com covid-19.

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“Então, se alguém tivesse encontrado os resultados espetaculares (da cloroquina) esse documento que o procurador demonstra eu asseguro que já teria se tornado público. Parece que essa recomendação do procurador se baseia em um relato simples não publicado, não discutido com os colegas médicos que circulou através de meios não convencionais, o Whatsapp não é um meio convencional de discussão de artigos científicos para se chegar a um consenso médico. A gente usa as revistas internacionais, os congressos para que haja um consenso entre nós”, afirmou o médico.

Carlos Henrique chegou a citar que a utilização da cloroquina como alternativa à covid se popularizou após o discurso de políticos, como Jair Bolsonaro e Donald Trump.

“A cloroquina a gente sabe, entrou na Covid via fraude. A pesquisa que resultou na aplicação disso foi uma fraude. Depois houve uma repercussão de políticos importantes e a coisa tomou um sentido totalmente fora de controle com um partidarismo imenso como se fosse uma questão banal e passou-se então a utilizar extensivamente no país e no mundo”, declarou o médico.

Pesquisa no Piauí

Sobre a experiência na cidade de Floriano, que trata pacientes com sintomas leves da covid-19, com a oferta, na rede de Atenção Básica do município, de cloroquina e azitromicina, o médico infectologista pontuou que não há qualquer discriminação contra a medicina do Piauí. Mas afirmou que, até o momento, não há estudos científicos que comprovem sua eficácia.

“A humanidade inteira está fazendo um esforço fenomenal para encontrar tratamentos para isso. Não é nenhum problema com o estado do Piauí, é simplesmente porque nós não encontramos a medicação milagrosa que possa salvar vidas como tanto se preconiza”.

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Carlos Henrique garantiu que a pesquisa do Piauí terá espaço de divulgação, caso comprovados seus efeitos e a segurança para os pacientes.

“Se for demonstrada uma eficácia importante de qualquer remédio contra covid, ele seguirá um trâmite rápido será publicado, por exemplo, da revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, que eu sou um dos editores da revista, nós estamos recebendo diariamente submissões de publicação. Isso pode ser encaminhado e no máximo uma semana o artigo se torna público para a comunidade internacional inteira e se os resultados inequívocos, imediatamente é feito o procedimento para o uso da medicação”, explicou.

Receio histórico

Segundo o infectologista, a principal origem desse cuidado para o uso experimental de medicações vem da tragédia com a talidomida. “Muitos dos jovens não sabem disso, mas sua medicação utilizada como tranquilizante usados nos anos 50 e 60 e que gerou com milhões de crianças com danos físicos importantes como falta de membros e outros defeitos congênitos gravíssimos”, disse.

Uso pode gerar taquicardia fatal

O infectologista alerta que o uso indiscriminado das medicações contra a covid pode gerar complicações cardíacas.

“Quando uma pessoa está assintomática, ela não sabe se vai infectar ou não, tomar um remédio só traz os efeitos colaterais, os efeitos ruins e esses dois remédios, a cloroquina e a azitromicina eles têm um efeito importante sobre o coração. Eles aumentam o que a gente chama de intervalo TT que propicia o surgimento de arritmias graves, às vezes fatais. Os dois então, a situação é mais dramática ainda. É por isso que nenhuma, absolutamente nenhuma das organização e internacionais, seguindo os preceitos da ciência e do bom senso, recomendam esses tratamentos”, alertou Costa Nery.

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Segundo Carlos Henrique, a Organização Mundial da Saúde e institutos nacionais dos Estados Unidos e da Europa ainda não recomendam o uso.

Fonte: Cidade Verde

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