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“Pedófilo não tem cara”: Como Marcos Vitor, outros “bonitos” e “ricos” podem estar abusando crianças

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Bonito”, “educado”, “rico”, “garoto dos sonhos”, “esse menino é para casar”.

Estes são alguns dos adjetivos que qualquer pessoa diria ao conhecer Marcos Vitor Dantas Aguiar Pereira pela primeira vez.

Filho de um médico e de uma advogada (pais separados), nunca lhe faltou nada em casa. As melhores escolas, conforto, qualidade de vida…

Tudo que poderia ser oferecido por parte de uma família ao rapaz, hoje com 22 anos de idade, foi dado. Estudante do curso de Medicina em Manaus-AM, ninguém desconfiava deste “menino de família”.

Estudante de Medicina acusado de abusar irmãs e prima (Foto: Reprodução)

Pois é. Foi este “rostinho lindo” que abusou sexualmente das próprias irmãs, uma de 3 e uma 9 anos, e da prima, de 12 anos. Pelo menos é o que aponta o inquérito concluído há cerca de uma semana pela Delegacia de Proteção à Criança e Adolescente (DPCA).

Entretanto, a suspeita é de que ele tenha abusado de pelo menos sete menores, entre crianças e adolescentes. Finalmente considerado foragido da Justiça, depois de uma batalha travada pela mãe de uma das vítimas, Priscila Karine, que revelou em entrevista ao OitoMeia que chegou a ser criticada por expor o caso

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Priscila é tia de Marcos. Mãe da prima abusada por ele, segundo a acusação. Mas foi graças às denúncias de Priscila que hoje o antes “garoto dos sonhos” se tornou um dos maiores “monstros asquerosos” do planeta. Claro que Priscila, a filha e toda a família pagam um preço alto por toda essa repercussão. Segundo ela, o pai está inclusive em tratamento para enfrentar todo esse caos familiar e emocional.

Priscila: uma mãe que serve de exemplo para outras mães no Piauí, no Brasil e em todo o mundo (Foto: Reprodução)

ONDE ESTÁ O ACUSADO?

Irmã de Priscila, mãe de uma das irmãs de Marcos, se separou do pai do acusado desde que também decidiu denunciá-lo. Agora é ex-madrasta. O caso dividiu a família. Uma parte apoia a dor de Priscila, da ex-madrasta e das crianças. Não há do que duvidar. Em depoimento, até a menina de 3 anos admitiu, sem entender muito do que acontecia, que o acusado tocava em suas partes íntimas. Em seu depoimento, acompanhada de assistentes sociais e psicólogas, a criança apontou para as partes íntimas do corpo tocadas por Marcos. Para ela, era só um “carinho do irmãozinho”.

Para Priscila, Marcos é um doente, pedófilo… “um monstro”. Ela clama por justiça e tem postado, diariamente, apelos à Justiça e à Polícia por sua prisão. Depois de muito ser questionada, e até chamada de “doida”, hoje tem muito apoio das pessoas. E não só no Piauí. Ao OitoMeia ela revelou que pessoas de outros países têm buscado ajudar a encontrar o “monstro pedófilo”. A causa dela se transformou numa causa de muitas outras pessoas. E o melhor: não está mais só no Piauí. Se espalhou e está perto de um final, digamos, mais ou menos feliz

A Polícia Civil solicitou, na quarta-feira passada, dia 13 de setembro, apoio da Polícia Federal, que já acionou todas as fronteiras aéreas e terrestres na expectativa de prender o acusado de pedofilia. Desde então Marcos passa a ser um foragido da Justiça e procurado em todo o Brasil. Priscila acredita que ele tenha fugido para outro país, após saber por familiares mais próximos a ele (como a mãe e a avó). Mas a defesa não confirma essa informação. E evita dar mais detalhes. A última informação por parte do advogado de defesa, Eduardo Faustino Lima Sá, é a de que ele não está foragido, apenas preferiu abrir mão do “direito ao interrogatório”. O que, para Priscila e demais mães, é um absurdo. Ela revelou em suas redes sociais fotos de como poderia estar Marcos Vitor hoje, sem barba, de cabelo escuro ou até mesmo careca. Tudo para que a Polícia chegue até ele.

Foragido, ele pode estar ruivo, de barba, bigode e até careca (Foto: Reprodução)

OUTROS MARCOS VITOR PODEM ESTAR SOLTOS POR AÍ

Sim, é uma dor. Mas serve de alerta. Nas redes sociais, por conta deste caso, uma hashtag se espalhou: “pedófilo não tem cara”. Segundo um boletim divulgado pelo Ministério da Saúde, nos anos de 2011 a 2020, a maioria das ocorrências, tanto com crianças quanto com adolescentes, ocorreu dentro de casa. Ficou comprovado que os agressores são pessoas do convívio das vítimas, geralmente familiares. O estudo também mostrou que a maioria das violências é praticada mais de uma vez. Para Itamar Gonçalves da ONG Childhood Brasil, que trabalha para promover o empenho de governos e sociedade civil em combater a violência sexual contra crianças e adolescentes, faltam no Brasil ações de prevenção que trabalhem com temas como o conhecimento do corpo, questões culturais de gênero e em especial as que dizem respeito aos padrões adotados de feminilidade e masculinidade.

“Para mudar este cenário é importante criar ambientes que sejam acolhedores e inclusivos nos espaços frequentados pelas crianças e adolescentes, nas famílias, escola, igrejas… Um trabalho de prevenção se faz com informação, especialmente sobre o funcionamento do corpo, a construção da sexualidade, visando empoderar nossas crianças”, disse Itamar Gonçalves da ONG Childhood Brasil, em entrevista ao portal G1.

O Ministério da Saúde considera violência sexual os casos de assédio, estupro, pornografia infantil e exploração sexual. Dentre as violências sofridas por crianças e adolescentes, o tipo mais notificado foi o estupro (62,0% em crianças e 70,4% em adolescentes). Pela lei brasileira o estupro é classificado como o ato de “constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso”. Segundo o boletim do Ministério da Saúde, a ocorrência do estupro provoca diversas repercussões na saúde física, mental e sexual de crianças e adolescentes, além de aumentar a vulnerabilidade às violências na vida adulta.

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Levantamento do Ministério da Saúde mostra que maioria dos casos está dentro de casa (Foto: Infográfico G1)

COMO IDENTIFICAR POSSÍVEIS CASOS DE ABUSOS A CRIANÇAS?

A reportagem do OitoMeia entrevistou a psicóloga clínica Edkamila Sobrinho, que já atendeu diversos casos de crianças e adolescentes abusadas. E em alguns casos por pessoas da própria família. Para ela, é importante o diálogo em todos os momentos da vida de uma pessoa. Especialmente entre pais e filhos. Para ela, é a partir disso que é possível identificar algum distúrbio por parte de um agressor, possivelmente pedófilo, e principalmente em casos de vítimas.

“É importante e necessário o diálogo entre pais e filhos. Os pais precisam fortalecer cada vez mais o vínculo afetivo com seus filhos. Quanto mais presente a família está na vida da criança, mais rápido eles percebem alguns sinais que podem ser indícios de pedofilia. Vou elencar alguns: Baixo rendimento na escola: a criança pode apresentar dificuldades na aprendizagem, falta de atenção e concentração;  Mudanças de comportamento: em muitas situações quando a criança não está bem, ela vai apresentar mudanças no comportamento. Um exemplo (se ela gostava de ir para a casa da tia e passa a não querer ir mais, de jeito nenhum.) algo pode ter acontecido, é importante a família observar, conversar com a criança e principalmente ouvir o que ela pode querer falar ‘Sintomas físicos: dores de cabeça, mal estar, vômito, infecção intestinal, como consequência de problema emocional (algo está acontecendo e o corpo começa a apresentar sintomas)”, afirmou a psicóloga.

Edkamila Sobrinho foi além e fez uma ressalva sobre casos de isolamento e tristeza. Segundo ela, é um dos principais pontos a ser observado. Ela reforça a comunicação, a abertura dos pais no relacionamento com os seus filhos. E enfatiza:

“Isolamento e tristeza: é uma mudança de comportamento onde a criança começa a ficar mais isolada e demonstra tristeza, ela não quer fazer atividades que antes gostava, ou que fazia parte da sua rotina. É muito importante que a família passe abertura para os filhos conversar sobre qualquer assunto, porque na maioria das vezes as crianças tem medo de falar para os pais, tem medo deles não acreditarem, as vezes essas crianças são ameaçadas, por isso é importante que a família transmita confiança e segurança para as crianças. Para que, caso ocorra alguma coisa, a criança possa correr para os pais e não dos pais”.

Fonte: Oito Meia

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