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“Por meu filho eu faço e enfrento tudo”, diz mãe de adolescente autista

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Há uma estimativa de que mais de 2 milhões de pessoas estejam condicionadas ao autismo no Brasil, embora esse número não seja oficial. O autismo é uma condição física e mental com diversos tipos e graus. Por ser relativamente nova, descoberta na década de 40, ainda há um preconceito enorme envolvendo-a, por conta da falta de conhecimento e interesse em obtê-lo.

Diariamente, mães e seus filhos autistas enfrentam barreiras que, às vezes, por serem grandes demais, tornam-se enfadonhas e desestimulam a luta pelos direitos de ser humano e de ser tratado como tal. Mas o sorriso, um abraço, um carinho faz com que essas mulheres tomem seus postos novamente e continuem a luta contra o preconceito.

Exemplo disso é a dona de casa e mãe, Lucélia Araújo. Há nove anos, quando seu filho Christian tinha 3, ela descobriu que ele era portador de autismo. Para ela, a descoberta foi impactante e inaceitável. Por não saber sobre o assunto, ela cria que se tratava de uma doença contagiosa.

Quando meu filho estava com três anos de idade começamos a nos preocupar, minha mãe e eu, porque ele ainda não falava, sendo que começou a andar com nove meses de idade. No tempo nós morávamos no estado do Pará e o trouxemos para Teresina para consultá-lo. Ao chegar aqui, após uma análise clínica visual, o médico constatou que ele tinha autismo. Aquilo para mim foi um choque. Primeiro porque eu não sabia o que era o autismo, segundo porque achei que era contagioso e, terceiro, porque você passa nove meses com um bebê dentro de você, você sonha todo o enxoval, sonha que ele nasça perfeito e ele vem doente? Então, para mim, naquele momento, receber aquela notícia foi impactante. Foi o fim do mundo. Era como se tivesse cavado um buraco e me jogado lá no fundo. Aí o médico foi me explicar tudo. Eu me lembro que chorei muito, porque é como eu disse: toda mãe sonha em ver seu filho nascendo perfeito. E realmente eu não esperava por isso, porque quando ele nasceu, estava todo perfeitinho, sem deficiência nenhuma”, declarou Lucélia.

A mãe disse ainda que lutou por dois anos contra a condição do filho, sem querer aceitar. Após um lamentável episódio de preconceito contra Christian, ela disse que mudou sua postura, aceitou a condição do filho e, dali por diante, lutou em seu favor.

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“Por dois anos relutei contra a situação. Até que um dia estávamos em um parque e pela ignorância de outra mãe que o tratou mal, aí foi que reagi como a mãe de um autista. Não é motivo de orgulho, mas tratei-a mal também, e disse que ela deveria prestar atenção no mundo. E que meu filho era criança e não um bicho. Defendi meu filho com unhas e dentes e até hoje eu defendo ele. Por meu filho eu faço e enfrento tudo”, afirmou.

Lucélia disse que após o episódio, buscou tratamento para o filho e, até hoje, viaja muito com ele em busca sempre de novas alternativas de tratamento. “Com o tempo fui me acostumando, aceitando. Fui atrás de tratamento e viajo muito com ele”.

Temperamento
Diferente do que se apresenta sociedade à fora, pelos desconhecidos, os autistas não são pessoas agressivas. Muito pelo contrário: são indivíduos dóceis, carinhosos, de fácil convivência. O que, segundo Lucélia, é o caso de Christian.

“Ele é uma criança dócil, muito carinhoso e, para mim, ele é tudo na minha vida. Ele tem as crises dele, como todo mundo tem seus momentos, mas costumeiramente ele é carinhoso. Ele gosta de abraçar o tempo todo”, disse ela.

Educação escolar
Outro grande desafio enfrentado por pais de autistas é o ensino regular. Poucas escolas em nossa cidade são especializadas no ensino para crianças com especialidades. A maior parte dessas escolas se encontra na rede municipal e estadual de ensino.

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Lucélia contou ao Cidadesnanet que enfrentou muitas barreiras quando se viu no tempo de colocar o filho na escola. Ela diz que hoje Christian não tem professores, mas anjos. Falou ainda que a criança já foi rejeitada em uma escola da rede particular em Picos com alegação de que haveria poucas vagas para autista.

“Eu digo que ele não tem professor, ele tem anjos na vida dele, porque é isso que esses professores são para meu filho. Tratam ele muito bem, os coleguinhas também. A aceitação na escola é muito boa, do zelador ao professor. Hoje ele estuda no município porque foi lá que ele foi bem acolhido, é lá que ele é bem tratado. Eu passei em uma escola particular que para recebê-lo foi muito difícil. Lá eles disseram que não poderiam receber, dizendo que tinham poucas vagas para autista. Eu ainda quis entrar na justiça para recorrer, mas minha mãe conversou e disse que era melhor deixarmos pra lá e procurarmos outro meio. Então, fomos para o município. Lá a educação é especializada, tem a sala de recursos e a sala normal. Ele estuda manhã e tarde”, relatou ela.

Dia Mundial de Conscientização do Autismo
Christian é paciente a APAAS e esteve presente, juntamente com sua mãe, na mobilização no último dia 02 de abril, em que é comemorado o Dia Mundial de Conscientização do Autismo.

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