DESTAQUES
Projeto do MP mapeia o tráfico de drogas e quer reduzir crimes em cidades do Piauí
Promotor Sinobilino Pinheiro: o crime está migrando para o interior. Foto: Hérlon Moraes
Criada em 2001, a Guarda Municipal de Altos é composta de 19 policiais atuando em rondas preventivas no município, principalmente em logradouros públicos. Para o comandante da corporação, o projeto do Ministério Público chega para unir forças contra a criminalidade.
“Hoje nós estamos mais focados nas rondas preventivas de prédios, postos de saúde, hospital e logradouros públicos. É muito importante a união das forças, tanto da Guarda, Polícia Militar, Polícia Civil e o Ministério Público também que é uma grande força, um grande aliado contra esses crimes que assolam não só a nossa cidade, mas todo o país. Quanto mais instituições envolvidas nesse trabalho, melhor para a sociedade”, afirma o comandante Raimundo Ferreira.
Segundo ele, o projeto vai iniciar por uma área bastante movimentada e que concentra realmente a maior quantidade de delitos. “O tráfico se instala onde tem a maior concentração de pessoas. No Centro nós temos colégios, bares, pontos vulneráveis e infelizmente o traficante para vender a drogas faz isso: se instala em locais com maior número de pessoas. O trabalho no Centro seria o começo desse projeto”, ressaltou, destacando que em janeiro a Guarda passará a andar armada.
“A nossa Guarda Municipal está passando por uma reestruturação. Já estamos trabalhando a questão do armamento e acredito que a partir de janeiro teremos esse armamento em mãos”, afirmou.
Causas sociais e criminalidade
Adesão
As estatísticas só mostram que o tráfico de drogas é o pano de fundo para a realização de vários outros crimes. Segundo o coronel Rubens Pereira, secretário Estadual de Segurança Pública, isso acontece em 90% dos casos.
“Quando a gente olha as estatísticas da segurança pública e isso não é só no Piauí, 90% das ocorrências, dos fatos que geram BO, inquéritos e termos circunstanciados de ocorrência, têm como pano de fundo ou consumo de drogas – seja lícita ou ilícita, mas principalmente a ilícita e, por sua vez, o tráfico de entorpecentes. O foco dessa gestão foi de combater o traficante, o profissional do crime. Alguém que está explorando e se aproveitando de uma outra pessoa na ponta. Essa pessoa para manter o seu vício começa a cometer pequenos furtos. Esses crimes contra o patrimônio são os que mais perturbam a população. Começam furtando, depois vem o roubo e, mais além, o latrocínio – que é roubo seguido de morte. Daqui a pouco ele já passa a ser mesmo é um profissional do crime. É uma grande rede que nós precisamos desmontar a partir de uma repressão qualificada”, disse ao Cidadeverde.com.
O secretário ressalta que o tráfico de drogas é um problema complexo e que precisa de auxilio do governo federal, já que ultrapassa fronteiras. “A demanda envolve vários setores de atuação e muito mais em nível nacional. O tráfico de entorpecentes ultrapassa as divisas e fronteiras do país. Estamos lidando no Brasil com organizações criminosas profissionais dedicadas e que vivem disso. Se esse sistema existe ilegalmente, alguém está dirigindo, comandando, seja de dentro das cadeias, presídios. Já há levantamentos de organizações instaladas em determinados estados, facções que controlam e atrás de tudo isso está o tráfico de drogas. Não é fácil apenas para os estados combaterem isso”, alerta.
Inteligência contra o crime
Parceiro do Ministério Público no desafio de combater o tráfico de drogas, uma das armas usadas pelo aparato de Segurança Pública do Piauí, por exemplo, é a rede de inteligência montada no Estado.
“Nós estamos enfrentando com muita coragem através da inteligência. Nós já desmontamos e evitamos vários assaltos e crimes por conta da atividade de inteligência. Nós precisamos de uma inteligência policial que tenha instrumentos tecnológicos capazes de chegar a essas organizações, mas não só isso: que essa inteligência possa ser integrada. Por isso nós estamos estabelecendo um protocolo de atuação com todos os estados do Nordeste. Se nós tivéssemos uma grande rede de inteligência integrada, talvez tivéssemos mais resultados. Mas já estamos trabalhando isso”, destaca.
O secretário lembra que o Brasil não é um grande produtor de drogas, mas os vizinhos são. Isso deixa o pais vulnerável de Norte a Sul. “Essa droga está chegando, está vindo pra cá. O Piauí, por exemplo, é uma rota. Alguns municípios já estão sendo atingidos. É uma transição dessas rotas de tráfico. Precisamos nos unir”, ponderou.
O gestor aposta também na prevenção como forma de sufocar o mercado. Sem consumidor não existe tráfico. “Se toda essa rede existe, tem alguém que está consumindo. Precisamos ter mais campanhas de conscientização, assim como fizemos quando não usavam o cinto de segurança. Precisamos envolver a sociedade. Cada instituição em nível municipal pode fazer. Temos instrumentos para isso, como as escolas. É um desafio muito grande e a união faz força. Não adianta imaginar que a gente vai resolver o problema do tráfico apenas prendendo traficante. Isso é um mercado. Quando você prende um traficante, os consumidores vão continuar a existir e vão buscar possibilidades para manter o vício”, ressalta.
Existe vida após as drogas
Em todo o mundo, segundo a Agência da ONU para Drogas e Crime (UNODC), estima-se que 200 milhões de pessoas usem drogas ilicítas. Isso equivale a 4,8% da população. Os efeitos, como todos já sabem, são devastadores. A batalha contra os entorpecentes é longa, mas pode terminar sim em final feliz se o usuário procurar ajuda. Um exemplo de vitória é o fotógrafo Marcus Fernandes, de 34 anos. Como muitos, a droga cruzou seu caminho na escola.
“Eu entrei nas drogas como a grande maioria: na escola, infelizmente. Os meus defeitos de caráter me levaram a fazer coisas erradas e finalizei nas drogas. Eu mentia, roubava, enganava, achava que era mais esperto e acabei indo para o mal caminho. Eu andava com pessoas de intenções ruins, o que me levou a usar drogas”, conta.
Em 2009, já no fundo do poço, o rapaz resolveu procurar ajuda na Comunidade Terapêutica do Piauí Fazenda da Paz, criada em 1994. “Eu procurei ajuda quando percebi que não tinha condição de eu sair sozinho dessa. Procurei a Fazenda da Paz, em 2009. Até hoje eu continuo de pé”, lembra.
A comunidade já atendeu mais de 23.000 dependentes químicos e seus familiares. O tratamento é gratuito. Hoje, quase dez anos depois, Marcus coordena o setor de comunicação da entidade. “Chega uma hora que você não consegue mais. Eu já tinha perdido tudo, vendido tudo.Perdi credibilidade, perdi profissão. Só faltou eu morar na rua. Graças a Deus a minha família não desistiu de mim e com esse apoio e dos verdadeiros amigos eu fui parar na Fazenda da Paz”, ressalta.
Foto: Catarina Malheiros
O conselho do fotógrafo para quem se encontra no mesmo dilema que ele viveu é simples: procure ajuda. “Procurem ajuda, pois sozinho a gente não consegue. É o que a gente sempre diz. Eu sou um exemplo. Eu consegui e outras pessoas também podem conseguir.”, finalizou.
A Fazenda da Paz atua nos estados do Piauí e Maranhão atendendo dependente químicos de ambos os sexos e de diversas faixas etária (adolescentes, jovens e adultos), em condição socioeconômica desfavorável e expostos a marginalidade por abandono social e familiar.
Ao final de dois anos, através do projeto “No Alvo, contra o Tráfico de Drogas” , o Ministério Público quer ter reduzido a incidência dos crimes de tráfico de drogas em 14 municípios do Estado do Piauí com mais de 30.000 habitantes.
Fonte: Cidade Verde
-
Caridade do Piauí2 semanas atrás
Samuel Geovane é sepultado sob forte comoção em Caridade do Piauí
-
Caridade do Piauí2 semanas atrás
Corpo do engenheiro Samuel será velado em Simões e Caridade
-
Acauã2 semanas atrás
Governo Federal autoriza o pagamento do Garantia Safra para 48 municípios do Piauí; veja a lista
-
DESTAQUES2 semanas atrás
Cachoeira em Monsenhor Hipólito encanta com sua beleza e oferece lazer e terapia natural; fotos e vídeo
-
Caridade do Piauí2 semanas atrás
Corpo de engenheiro que foi arrastado pela água em Caridade do PI é encontrado
-
DESTAQUES2 semanas atrás
Piauí tem previsão de chuvas intensas com acumulado de até 300 mm nos próximos dias