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W. Dias diz que declaração de Bolsonaro sobre não usar máscaras é ‘querosene em incêndio’

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O governador do Piauí, Wellington Dias (PT), disse nesta sexta (11) que a declaração do presidente Jair Bolsonaro sobre a proposta de desobrigar o uso de máscaras, por quem estiver vacinado contra a Covid ou por quem já tiver contraído a doença, é como “jogar querosene em um incêndio”.

Presidente do Consórcio Nordeste e coordenador da temática vacina do Fórum Nacional dos Governadores, o governador afirmou que o momento ainda é de alta transmissibilidade do coronavírus no país.

“É como estarmos no meio de um incêndio de grandes proporções em um país, todo mundo trabalhando para apagar esse incêndio, chega alguém e diz: ‘joga querosene’. E isso é mais grave quando é dito pelo presidente deste país”, declarou Dias.

Governadores irão decidir, diz presidente

O presidente Jair Bolsonaro afirmou na quinta-feira (10) que pediu ao ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, um “parecer” para desobrigar o uso de máscaras por quem estiver vacinado contra a Covid ou por quem já tiver contraído a doença.

Bolsonaro voltou a defender nesta sexta-feira (11) a desobrigação do uso de máscaras para vacinados e recuperados da Covid, mas disse que a decisão final será de governadores e prefeitos. “Eu não apito nada”, ironizou.

No Piauí, o uso de máscaras é obrigatório desde 22 de abril de 2020. O governador do estado destacou que o uso é importante para proteger não apenas quem usa, mas também outras pessoas, principalmente porque muitos ainda não foram vacinados.

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Após a declaração do presidente, o ministro da saúde informou ter recebido do presidente o pedido de um estudo sobre as máscaras, mas especialistas ouvidos pelo G1 consideram a medida uma temeridade neste momento crítico da pandemia de Covid no Brasil (leia mais abaixo).

Bolsonaro deu a declaração no Palácio do Planalto, ao discursar durante solenidade de lançamento de programas do Ministério do Turismo. O presidente usou máscara antes e depois do evento — ele só retirou a proteção para discursar.

“Acabei de conversar com um tal de Queiroga — não sei se vocês sabem quem é —, nosso ministro da Saúde. Ele vai ultimar um parecer visando a desobrigar o uso de máscara por parte daqueles que estejam vacinados ou que já foram contaminados. Para tirar esse símbolo, que obviamente tem a sua utilidade para quem está infectado”, declarou.

Depois de participar do evento no Planalto, Bolsonaro fez uma transmissão ao vivo em uma rede social e voltou a falar no assunto. Durante a transmissão, disse que não impôs “nada” ao ministro da Saúde, mas que pediu o estudo sobre as pessoas poderem transitar sem máscara.

De acordo com dados do consórcio de veículos de imprensa, 11,06% da população recebeu a segunda dose da vacina contra a Covid até esta quarta-feira (9) — 24,48% recebeu somente a primeira dose. No total, até esta quinta, o Brasil tinha mais de 480 mil mortos por Covid, segundo o consórcio, e 17,1 milhões já tinham contraído a doença.

Bolsonaro já ficou sem máscara no Piauí e criticou uso

Em outras ocasiões, Bolsonaro já demonstrou não ter apreço pelas máscaras como forma de proteção contra a Covid. Em seu primeiro evento público após se recuperar da Covid-19 em julho de 2020, o presidente Jair Bolsonaro chegou ao aeroporto de São Raimundo Nonato, a 523 km de Teresina, e tirou a máscara em meio a uma aglomeração.

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Em fevereiro deste ano, ele usou uma enquete alemã distorcida para criticar o uso de máscaras. Em agosto do ano passado, contrariando a opinião da maioria dos cientistas e especialistas, ele disse a apoiadores que a eficácia de máscara é “quase nenhuma”.

Um mês antes, havia vetado parte de uma lei que estabelecia o uso de máscaras em locais públicos — vetou a obrigação no comércio, em escolas, igrejas e templos.

Ministro confirma ‘estudo’

À noite, em vídeo gravado pela assessoria do Ministério da Saúde, o ministro Marcelo Queiroga disse ter recebido um pedido de Bolsonaro para fazer um estudo sobre as máscaras (vídeo acima).

“Recebi do presidente Bolsonaro hoje uma solicitação para fazer um estudo acerca do uso das máscaras”, afirmou Queiroga, que vem defendendo o uso da proteção. Ele reiterou essa afirmação em depoimento à CPI da Covid.

Segundo o ministro, Bolsonaro “acompanha o cenário internacional” e “vê que em outros países onde a campanha de vacinação já avançou, as pessoas já estão flexibilizando” o uso das máscaras.

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“Então, vamos atender essa demanda do presidente Bolsonaro, que está sempre preocupado com pesquisas em relação à Covid”, declarou.

Especialistas contestam

Para especialistas ouvidos pelo G1 a proposta do presidente é uma temeridade. Eles defendem que, mesmo após vacinadas, as pessoas precisam usar máscara e evitar aglomerações.

“A vacina tem boa eficácia em evitar que a sua doença acabe se agravando e você precise até de hospitalização, mas ela não tem tão boa eficácia em evitar que você se contamine”, explicou a médica infectologista Luana Araújo em vídeo gravado para o G1.

“Então, enquanto a gente não tem uma boa parte de população plenamente vacinada, é preciso sim usar máscara, evitar aglomerações e preferir ambientes naturalmente ventilados”, disse.

O médico Drauzio Varella afirmou que mesmo os vacinados podem transmitir o novo coronavírus para outras pessoas.

“Você entra em contato com o vírus. O vírus fica nas suas fossas nasais, não vai ficar doente, mas vai poder levar o vírus para dentro de casa para as pessoas que você mais ama. Então, a vacina é uma grande utilidade”, declarou no último dia 12 de maio em podcast do programa Fantástico.

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“Ela [a vacina] vai nos livrar do coronavírus, mas não é porque estou vacinado ou porque você está vacinado que você fala: ‘Agora liberou geral”. Infelizmente, não. A gente tem que continuar agindo com responsabilidade”, disse.

Estados Unidos

Em 27 de abril, quando a agência reguladora de saúde dos Estados Unidos decidiu dispensar o uso de máscaras em algumas circunstâncias para pessoas plenamente vacinadas, mais da metade da população adulta do país (cerca de 140 milhões de pessoas) já tinha sido vacinada com pelo menos uma dose.

Naquela data, o painel Our World in Data apontava que os EUA tinham 43% da população total vacinada (conta feita sobre o total de habitantes) com uma dose e 29% totalmente vacinadas (duas doses ou vacina de dose única).

No Brasil, até esta quarta-feira (9), a primeira dose tinha sido aplicada em 51,8 milhões de pessoas, o que equivale a um quarto da população (24,8%). Receberam a segunda dose 23,4 milhões de pessoas (11,06% da população).

Fonte: G1

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