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Adultos não tomam vacina e Piauí não cumpre meta do ministério da Saúde

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Uma pequena parcela da população lembra ou foi informada corretamente, mas o calendário de vacinação não é utilizado apenas para as crianças. Adultos também devem tomar determinadas vacinas.

E muitos -dos adultos- não se dá conta disso. É considerável a parcela de pessoas que deixa para procurar os postos médicos apenas quando há grandes campanhas ou somente durante alguns casos de epidemia.

O resultado disso é que, atualmente, a cobertura vacinal do Brasil em adultos não está nem perto do desejado. Todas as vacinas do calendário para pessoas entre 20 e 59 anos estão abaixo da meta de cobertura ideal, segundo dados do Ministério da Saúde.

E no Piauí? Como está o compromisso da população adulta com a caderneta de vacinação? Segundo dados apurados pelo OitoMeia, com o departamento de informática do Sistema Único de Saúde do Brasil (DataSUS), os índices são bons, mas ainda não alcançam o ideal esperado, de que a cobertura chegue à 90%.

As quatro vacinas recomendadas para pessoas entre 20 e 59 anos estão abaixo do considerado ideal. No ano de 2018, a menor taxa no estado foi a segunda dose da vacina Tríplice Viral, a cobertura chegou à 67,39%. O maior índice foi o da imunização contra a Hepatite B, que alcançou uma cobertura de 88,23%.

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Em Teresina, a realidade se repete. As coberturas não chegam ao ideal estipulado pelo Ministério da Saúde, mas se mantém superiores as taxas do Brasil. No mesmo ano, a vacina que obteve uma menor cobertura na capital foi a da Febre Amarela (68,38%). A primeira dose da Tríplice Viral chegou a 88,67%, com os melhores resultados. A segunda dose da mesma vacina alcançou 70,16%. A imunização contra Hepatite B chegou á 82,70%. Os dados são da Fundação Municipal de Saúde (FMS). (Veja o gráfico abaixo)

Fonte: Ministério da Saúde (Tabela: Paula Sampaio/ OitoMeia)
Fonte: FMS (Tabela: Paula Sampaio/ OitoMeia)

ALCANCE INCONSTANTE

Apesar de não estabelecer metas anuais para cobertura, o Ministério da Saúde determinou um ideal de cobertura para cada vacina dos calendários, em 2013. De acordo com a mestra em Enfermagem pela Universidade Federal do Piauí (UFPI),  Ivanilda Sepúlveda, em entrevista ao OitoMeia, a cobertura de vacinação no estado tem aumentado ao longo dos anos, porém, não pode ser considerada como boa, pois não possui uma variante homogênea, uma vez que a constante desse alcance varia a cada ano.

“Cada vez em que se tem uma campanha, um percentual mínimo para a vacinação é estabelecido. Para um adulto, o ideal é que as coberturas cheguem à 90% ou pelo menos superior à 80%, para podermos dizer que temos uma cobertura boa. Notamos um aumento nos índices ao longo dos anos. Porém, podemos considerar que a cobertura ainda é baixa pelo fato dessas estatísticas não serem homogêneas”, explicou à reportagem.  

Segundo a FMS, apenas 68,63% da população adulta foi vacinada contra a Febre Amarela em 2016. Em 2017, esse número caiu para 57,10%. Em 2018, aumentou novamente para 68,38%. A oscilação também se repete no caso das vacinas Hepatite B e Tríplice Viral D1 e D2. A reportagem não obteve acesso aos índices de vacinação da Dupla Adulto. (Veja o gráfico abaixo)

Fonte: Ministério da Saúde (Tabela: Paula Sampaio/ OitoMeia)

POR QUE OS ADULTOS NÃO SE VACINAM?

Ivanilda Sepúlveda acredita que exista um cultura de desinformação sobre o calendário de vacinação para adultos. Uma realidade que acomete não apenas a população, mas também profissionais da saúde.  A enfermeira explica que muitas vezes pacientes se recusam a receber a imunização indicada pelo calendário vacinal, pois foram orientados por um profissional a tomar apenas uma vacina específica.

“Os próprios vacinadores não orientam a população sobre as vacinas que eles devem tomar. As vezes, pessoas chegam na sala de vacina onde trabalho e se recusam a tomar a dose, pois o profissional que a encaminhou para sala afirmou que era para ele tomar  uma em específico. Temos essa carência de que os profissionais orientem a população de que a vacinação está presente na vida da pessoa do momento em que nasce até o fim da vida”, apontou.

Diretora de epidemiologia da FMS, Amparo Salmito (Foto: Ricardo Morais/ OitoMeia)

A diretora de epidemiologia da FMS, Amparo Salmito, explica que cada vacina tem um perfil distinto no que diz respeito a cobertura vacinal. Nesse contexto, defende que há diversas variantes para que a cobertura de imunização seja analisada. De acordo com a médica, há vacinas que quando aplicadas nos primeiros anos de vida, imunizam o paciente durante toda a vida. Um exemplo é vacina contra Febre Amarela.

“A vacina contra a Febre Amarela, por exemplo, é uma vacina aplicada aos nove meses. Ela não necessariamente precisa ter a dose repetida na idade adulta. Exceto se acontecer uma epidemia. Assim, é necessário que se faça um reforço”, explicou. 

Salmito também destaca que os não-vacinados se beneficiam da proteção indireta dos grupos que já foram vacinados.

TAXA DE ABANDONO

A taxa de abandono também é um obstáculo. Neste caso, quando uma vacina necessita de mais de uma dose para ter a eficácia completa, parte dos pacientes não retornam para completar a prevenção. A primeira dose da Tríplice Viral, que protege contra Sarampo, Caxumba e Rubéola, deve ser tomada até os 29 anos. A segunda deve ser aplicada até os 49 anos.

“A vacina é altamente eficaz, mas como possui três componentes, ela tem um melhor resposta imunológica após as duas doses”, explica Sepúlveda.   

Segundo a FMS, 88,67% da população adulta de Teresina compareceu à postos médicos para receber a primeira dose. Porém, 18, 51 % não retornou para receber a segunda dose da imunização. No Piauí, esse índice é semelhante: 86,16% das pessoas recebeu a vacina pela primeira vez e apenas 67,39% retornou para a segunda aplicação, ou seja, 18, 87% dos adultos.

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“Na primeira dose as pessoas veem aos postos, mas na segunda, somos nós quem vamos atrás das pessoas para a outra aplicação, pontua Salmito. 

CARTEIRA DE VACINAÇÃO

Pouca valorização que os pacientes dão a caderneta de vacinação é empecilho, afirma especialista (Foto: Reprodução)

A carteira de vacinação em papel ainda é uma realidade no Brasil. 65% das salas de vacinação do país estão equipadas com um novo sistema de registro informatizado. Outros 35% estão em processo de implementação. Esses dados são de 2018.

Para a mestre em Enfermagem, a pouca valorização que os pacientes dão a caderneta de vacinação é empecilho até mesmo para informatização desses dados.

“A caderneta é registro de vacinação, se ela não perdeu este documento, é como se ela não tivesse sido vacinada. O grande problema é esse: as pessoas não valorizam a caderneta de vacinação não guarda, pois acham que não tem importância. As vezes fazemos a imunização desnecessária por falta de um comprovante”, lamentou.

CALENDÁRIO DE VACINAS

Desde 2004, o Ministério da Saúde passou a definir calendários de vacinação por ciclos de vida. Também regulamentou a vacinação do adulto e idoso para as vacinas dT (dupla- difteria e tétano) de acordo com a situação vacinal anterior, instituiu a vacina dupla viral ou tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola) para o adulto do sexo feminino até 49 anos e do sexo masculino até 39 anos, em casos em que não se sabe a situação vacinal e estabeleceu a vacina influenza (gripe) em dose anual.

Atualmente, o Ministério da Saúde recomenda 4 vacinas para adultos entre 20 e 59 anos:

  • Hepatite B – Três doses, de acordo com a situação vacinal
  • Febre Amarela – Uma dose se nunca tiver sido vacinado
  • Tríplice Viral – Se nunca vacinado, são duas doses para quem tem 20 a 29 anos e uma dose para 30 a 49
  • Dupla adulto (DT) – Reforço a cada 10 anos

 

Fonte: OitoMeia

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