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Familiares de presos da Cadeia Pública de Altos protestam após 5ª morte com suspeita de leptospirose
Um grupo de familiares de presos da Cadeia Pública de Altos fizeram um protesto na manhã desta segunda-feira (25) diante do prédio do Tribunal de Justiça do Piauí, em Teresina. Os familiares buscam respostas sobre as mortes e casos de presos com infecções graves ocorridos nas últimas semanas na penitenciária. Cinco detentos já morreram com suspeita de leptospirose.
Cerca de cinquenta pessoas se reuniram diante do Tribunal exibindo cartazes pedindo pela interdição da Cadeia Pública de Altos e pela ajuda de juízes e promotores. Os familiares também afirmam que recebem denúncias dos detentos de que alguns presos estariam sendo torturados dentro da penitenciária.
O modelista Mário Júnior, parente de um dos detentos da CPA, contou que teve acesso a uma foto de Robert Ozeas da Silva Pereira, preso que morreu nesse domingo (24) no Hospital de Urgência de Teresina. Segundo o modelista, o detento tinha marcas no rosto que podem ter sido causadas por agressões.
“Ele apresentava sinais de tortura, o rosto estava cortado e sangrando bastante pelo nariz. São fatos já confirmados por ex-detentos da CPA que já saíram”, disse Mário Júnior.
Os familiares também questionam a explicação de que as infecções por leptospirose teriam acontecido através da contaminação do reservatório de onde é retirada a água para os presos.
Familiares de presos da Cadeia Pública de Altos fazem protesto diante do Tribunal de Justiça, em Teresina (PI) — Foto: Murilo Lucena/ TV Clube
“Só o que eles dizem é que é questão de infecção da água. Por que que só os detentos da CPA estão doentes, mas nenhum agente penitenciário está? Isso tem algo a mais”, questionou Kleiciane Araújo, parente de um dos detentos.
O secretário de Justiça Carlos Edilson Rodrigues disse em entrevista à TV Clube que foi aberta uma sindicância para apurar denúncias de tortura e maus-tratos contra os detentos, e que uma equipe técnica da Secretaria de Justiça está apurando as causas da morte.
Ainda segundo o secretário, 35 detentos da CPA continuam internados em hospitais com quadros de infecção.
Água contaminada
Suspeito de ferir namorada e matar amiga atropelada foi transferido para a Cadeia Pública de Altos — Foto: Francisco Leal/Ccom
O detento identificado como Isaac Gomes de Oliveira, de 23, morreu durante a noite de domingo (24), após oito dias internado no Hospital Getúlio Vargas. Segundo o hospital, ele foi vítima de leptospirose. Outros quatro presos morreram por infecções semelhantes nos últimos 11 dias.
Ainda no dia 7 de maio, uma infecção ainda não identificada havia sido detectada em 48 detentos da Cadeia Pública de Altos, de acordo com a Secretaria de Estado da Justiça (Sejus). A Secretaria de Estado da Saúde (Sesapi) foi acionada e coletou amostras para exames, inclusive para a Covid-19, embora, segundo a Sejus, nenhum dos presos tenha apresentado sintomas da doença. Todos os presos testaram negativo.
O exame preliminar da Sesapi teria detectado a presença de coliformes fecais na água que abastecia a unidade prisional e o quadro clínico de alguns dos detentos foi apontado como leptospirose, infecção causada por bactéria transmitida por animais como o rato por meio do contato com água, solo ou alimentos contaminados.
Depois de relatada a suspeita de contaminação pela água, a Sejus afirmou que realizou a limpeza da caixa d’água e tubulação da unidade, e que irá implementar o tratamento da água da penitenciária. Até que a situação seja resolvida, a Sejus informou que os internos estão consumindo água mineral.
Atendimento médico
Hospital Getúlio Vargas (HGV) em Teresina — Foto: Gilcilene Araújo/G1
A Secretaria de Saúde (Sesapi) e a Secretaria de Justiça (Sejus) informaram ainda que estão reforçando o atendimento aos detentos da Cadeia Pública de Altos. Na unidade, uma enfermaria foi instalada para o atendimento e acompanhamento dos internos.
Aqueles que apresentam sintomas mais graves são transferidos para o Hospital da Polícia Militar (HPMPI) ou para o Hospital Getúlio Vargas (HGV). No HGV, uma nova ala, com 20 leitos, está sendo organizada para o tratamento desses casos.
A situação da Cadeia Pública de Altos é acompanhada pelo Ministério Público do Piauí e pela Defensoria Pública do Estado.
Fonte: G1 PI
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