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Funcionários de Supermercados no Piauí negociam greve: “Somos explorados”

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Expediente longo, extra, nos feriados, nos domingos e um intervalo mínimo de almoço, todos com pouco retorno financeiro, são algumas das insatisfações apresentadas pelos funcionários de supermercados em Teresina. Diante das condições, a categoria se reuniu e aprovou greve por tempo indeterminado, caso os patrões não negociem os direitos trabalhistas.

Inclusive, os funcionários podem parar já nesta quinta-feira (19/07) como advertência. De acordo com Gilberto Paixão, membro do Sindicato dos Comerciários (Sindcom), a categoria é “explorada”, sendo necessário debater e negociar as questões trabalhistas de quem ajuda a abastecer a capital.

“Eles só querem explorar o trabalhador. Como você vê, os supermercados estão sempre abertos, antes mesmo desse decreto de ser essencial. Eles são o que mais exploram a classe. Uns não querem fazer escala de revezamento, pagar hora extra… funcionário passa o dia carregando peso, entregando nota, passando preço. A demanda é grande e a rotina mais estressante ainda”, afirmou o secretário ao OitoMeia.

A atendente Maria do Socorro confirma a rotina “pesada” e questiona se vale a pena a carga do expediente com o salário no fim do mês.

“Eu trabalho com isso há 20 anos. Sempre foi puxado e mesmo conhecendo bem como isso é, tenho a impressão de que a situação não melhora. Porque a gente trabalha mais, o supermercado fecha cada vez mais tarde, a demanda é cada vez maior, mas não tem tanta reposição. Claro que é para beneficiar quem compra, mas alguém tem que fazer o esforço. Tem muito funcionário que entra e sai, porque não aguenta. Por isso a gente está vendo essa organização. Fiquei sabendo por outros colegas de serviço e concordo. Acho que a condição da gente tem que melhorar”, disse à reportagem.

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IMPASSE COM CONVENÇÕES COLETIVAS E APROVAÇÃO DE GREVE

Em 31 de maio expirou a convenção coletiva 2017/2018 dos funcionários e eles estão há mais de 45 dias sem uma versão atualizada, que define os direitos e deveres dessa classe trabalhista. Paixão explica que um decreto recente do Presidente Michel Temer inseriu a classe de supermercado nos setores considerados essenciais, sendo vista de forma negativa por “perder aquilo que o trabalhador conquistou. Os recursos por domingo trabalhado, as horas extras e feriados, que antes dava um ganho real para ele”, criticou.

Atualmente, o salário nas redes de supermercado é de R$ 1.076 com ticket alimentação e o adicional de domingo de R$ 54,81. A categoria afirma que os valores são muito baixos e com essa nova medida, o adicional de domingo e o reajuste no valor do ticket podem ser eliminados. O sindicato aguarda uma nova negociação com os patrões antes de deflagrar greve.

“Isso para eles é bom, mas nós não aceitamos esse decreto funcionar e decretamos greve. Se for necessário fechar as portas, nós iremos fechar. Mas, estamos aguardando uma negociação como pediram antes do início”, continuou ao OitoMeia.

A reportagem tentou contato com Raul Lopes, presidente da Associação Brasileira de Supermercados no Piauí, mas até o fechamento desta matéria não conseguiu. O OitoMeia continua tentando e deixa o espaço aberto para a resposta dos patrões sobre o indicativo de greve dos funcionários.

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Fonte: Oito Meia/ Foto: Édrian Santos

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