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Médicos da Maternidade Evangelina Rosa teriam usado descartáveis mais de uma vez, diz MPF
O procurador da república Kelston Lages, autor do requerimento do Ministério Público Federal que pediu o afastamento do diretor da Maternidade Dona Evangelina Rosa, Antônio de Macedo Neto, disse que médicos que trabalham no local revelaram ter feito improvisos e usado equipamentos descartáveis em mais de um paciente, por conta das falta de condições de trabalho na unidade de saúde. Segundo o procurador, a situação da maternidade é ‘estarrecedora’.
O pedido do MPF foi feito na última sexta-feira (14), seis dias depois da realização de uma inspeção judicial no lugar, em que participaram o procurador Kelston Lages, a juíza federal Marina Mendes e a promotora Karla Daniela Furtado, do Ministério Público Estadual. A visita funcionou como uma audiência, em que cada profissional falou da situação no lugar.
“Foi extremamente importante. No meio de todos esses atores do corpo médico, funcionários, só veio a confirmar o estado na unidade”, disse o procurador Kelston Lages.
Segundo ele, os relatos que os profissionais fizeram durante a inspeção revelou a situação de falta de condições de trabalho. “E confirmando essa carência de quase tudo, fazendo improviso, usando materiais duas vezes. Teve um caso de uma médica, que utilizou sondas de traqueostomia em bebês mais de uma vez, agulhas, entre outros equipamento, o que é uma situação estarrecedora. É um quadro caótico”, disse o procurador.
A Secretaria de Saúde do Piauí (Sesapi) informou que somente se posicionará sobre o assunto após ser notificada.
Ministério Público Federal do Piauí — Foto: Andrê Nascimento/ G1 PI
Recuperação
Ainda na ação que pede o afastamento do diretor da maternidade, o MPF requer que sejam cumpridos provimentos feitos na ação principal que investiga a maternidade. Os provimentos visam dar condições para a recuperação da situação da Evangelina Rosa.
Dentre os provimentos estão a exoneração de funcionários em situação irregular, o repasse imediato mensal de R$ 1,3 milhão para a maternidade e a realização de concurso público para contratar novos profissionais.
“Tem um grande paradoxo lá. Falta gente especializada, profissionais, e sobra gente desqualificada. A impressão que nos dá é de que encheram a maternidade de pessoas sem qualificação para atender a interesses outros, que não o interesse público, e se tornou inviável”, disse o procurador Kelston Lages.
Desde novembro, o Conselho Regional de Medicina do Piauí (CRM-PI) realizou uma interdição ética parcial da Maternidade Dona Evangelina Rosa. Os médicos deixarão de receber casos de baixa e média complexidade e passaram a atender apenas os casos de alta complexidade.
Fonte: G1 Piauí
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