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Morte de jovem baleado na Copa completa 4 anos sem elucidação; ‘Esperamos justiça’, diz família

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Quatro anos após a morte do estudante Ruan Pedreira, vítima de bala perdida durante festa da Copa do Mundo de 2014 em Teresina, o caso continua sem elucidação e o único suspeito do crime continua em liberdade. Para o pai do jovem, José Carneiro, o mundial não traz boas recordações e ele só aguarda por justiça.

“Esse período volta toda a imagem do que aconteceu, não imaginamos que seria dessa forma trágica. Para nós não têm Copa, celebração, clima, folia e alegria. Nossa motivação acabou. Sabemos que cada quatro anos esse clima vai voltar, mas se nós não acreditarmos na justiça, vamos acreditar em quem? A gente quer que a polícia faça a parte dela para a sociedade ter uma resposta e não causar outros danos”, contou o José Carneiro.

Em lembrança ao filho, José Carneiro mantém intacto o quarto de Ruan com as homenagens dos amigos do curso de engenharia mecânica, que ele não chegou a concluir devido a fatalidade. O pai lembra que o estudante assistiu ao jogo do Brasil contra o Chile pela Copa do Mundo. Quando a partida terminou, os amigos convidaram o rapaz para ir comemorar o resultado no bairro Saci, tradicional local de comemoração de vitórias da seleção.

Família fez um altar no quarto de Ruan Pedreira para relembrar o estudante. (Foto: Andrê Nascimento/G1)

Família fez um altar no quarto de Ruan Pedreira para relembrar o estudante. (Foto: Andrê Nascimento/G1)

“Ele não bebia e nem fumava, iria servir de motorista, mas ele quando chegou ao ambiente, pediu para sair de lá e os amigos pediram para ficar mais cinco minutos. Houve uma confusão, ele estava caminhando na rua, tentando se proteger, quando foi atingido. O Ruan estava no local e no horário errados”, contou o pai.

Ruan foi levado em estado grave para o Hospital de Urgência de Teresina (HUT) e depois transferido para um hospital particular. Segundo a equipe médica, a bala se fragmentou no cérebro, e o jovem teve a morte decretada três dias depois.

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A prima Jaqueline Nobre acompanhou todo o processo de investigação, que desde o dia do crime passou por seis delegados no 4º Distrito Policial, retornou para a Delegacia Geral e foi encaminhado no final do ano passado para a Delegacia de Homicídios. Nesse período a Justiça decretou a prisão preventiva do único suspeito de ser o autor do disparo, mas o mesmo continua foragido.

Colegas do estudante Ruan Pedreira o homenagearam batizando a turma com seu nome. (Foto: Andrê Nascimento/G1)

Colegas do estudante Ruan Pedreira o homenagearam batizando a turma com seu nome. (Foto: Andrê Nascimento/G1)

“Parece um jogo de brincadeira. Outros casos vieram depois e foram resolvidos. Toda vez que mudou de delegado começou tudo do zero. É muito doloroso, é uma ferida que não cicatriza. Todo mundo merece uma resposta. Porque o dele, quatro anos depois, nada? É um tomento, teve todo um processo cansativo, com reconstituição e exumação de corpo, dentro de toda essa dor. Mesmo assim o Ruan sendo essa pessoa iluminada que era ainda deixou dito que queria fazer a doação de órgãos. Será que a gente não merece uma resposta da justiça dos homens? Isso que a gente busca. Não temos mais o que dizer, porque esperamos essa justiça”, comentou a prima.

O pai de Ruan agradeceu a corrente de orações e apoio recebido durantes todos esses anos, muitas vezes de pessoas desconhecidas para a família, mas que ficaram sensibilizadas com o caso do estudante.

“Minha família quer a luz, eu não vou me vingar, deixa a justiça resolver. Tenho certeza que a pessoa que cometeu isso não está sossegada. Eu jamais saberia que o meu filho iria causar uma comoção social tão grande. Recebemos orações de várias pessoas, clientes do meu táxi que perguntam por que o crime nunca teve resposta”, declarou José Carneiro.

Investigação

Polícia Civil fez a reconstituição do crime em agosto de 2014. (Foto: Patrícia Andrade/G1)

Polícia Civil fez a reconstituição do crime em agosto de 2014. (Foto: Patrícia Andrade/G1)

Em agosto de 2014, amigos de Ruan, dois seguranças que trabalhavam no bar na noite do crime e a namorada do suspeito de ser autor dos disparos participaram da reconstituição do crime. No ano seguinte, a exumação do corpo de Ruan Pedreira foi feita após decisão judicial, quando a Polícia Civil apresentou a necessidade do procedimento para definir qual o calibre da arma utilizada no crime.

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Três anos depois a família de Ruan continuava sem resposta sobre o resultado da exumação do corpo. Após a matéria do G1, veiculada no dia 4 de julho de 2017, a investigação foi encaminhada para a Delegacia de Homicídios e lá os familiares souberam que o laudo do exame foi inconclusivo.

Próximo de completar quatro anos do crime, o coordenador da Delegacia de Homicídios e Proteção a Pessoa (DHPP),delegado Francisco Costa, o Barêtta, prometeu concluir o inquérito policial e encaminhar à Justiça. Ao G1, ele revelou detalhes sobre a identidade do autor do disparo.

Corpo de Ruan Pedreira foi exumado no ano de 2015 em Teresina. (Foto: Catarina Costa/G1)

Corpo de Ruan Pedreira foi exumado no ano de 2015 em Teresina. (Foto: Catarina Costa/G1)

“O autor do disparo foi identificado como Herlândio Miranda Coelho, que é natural da Bahia e tem passagem por porte ilegal de arma e usuário de drogas. No dia do crime ele tentou entrar no bar com bebida no bar onde acontecia a comemoração do jogo, mas foi barrado pelos seguranças e teve uma confusão. O suspeito foi até em casa, pegou uma arma e voltou para atirar no segurança. Quando chegou, efetuou disparos em direção ao bar, a namorada dele o agarrou e o mesmo continuou atirando. Uma das balas atingiu a cabeça de Ruan”, relatou o Barêtta.

Para o delegado, a exumação do corpo foi desnecessária, pois o projétil se fragmentou na cabeça do estudante e no momento do exame foi encontrado apenas estilhaços. No entanto, oito estojos de calibre 380 foram encontrados no local do crime, que batem com a pistola apreendida do suspeito.

Jaqueline Nobre, prima de Ruan, acompanhou a exumação. (Foto: Catarina Costa/G1)

Jaqueline Nobre, prima de Ruan, acompanhou a exumação. (Foto: Catarina Costa/G1)

“Para não existir dúvidas da autoria do crime foram feitas novas diligências e ouvidas todas as testemunhas. Existem casos com uma complexidade na investigação e outros também na resolução. Nesse de homicídio, que você tem dificuldade em levantar até a prova testemunhal, porque depende da prova técnica e não podemos levar a justiça sem ter as provas”, explicou o delegado.

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Para Barêtta, o autor do disparo estaria usando outra identidade e o seu nome será incluído no banco nacional de procurados. O delegado contou que durante diligencias ainda este ano, quase conseguiu prender o suspeito. “Pode demorar o tempo que for, mas vamos prendê-lo”, concluiu.

Fonte: G1

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