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‘São cinco anos sem realmente saber o que aconteceu’, diz mãe de jovem morto em protesto no PI

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Há cinco anos, a família de Paulo Patrik aguarda respostas sobre a morte do estudante de 14 anos, atropelado por um táxi em Teresina durante um dos protestos que marcaram o país em junho de 2013. Para a mãe Elis Regina Sena, o arquivamento do processo dando a fatalidade como acidente aumentou mais o sofrimento e insatisfação aos parentes.

“No dia 6 de junho faz cinco anos e até hoje nunca tivemos nenhum retorno do que realmente aconteceu. Só sabemos que o Paulo foi atropelado e talvez até pela demora no socorro ele tenha vindo a óbito. O processo foi arquivado como acidente, como o meu filho fosse culpado por ter se jogado em cima do carro, mas ali aconteceu algo. Os outros manifestantes relataram ter ouvido um barulho e ficaram assustados com a presença da polícia, a ponto deles correrem para o meio da rua. Existe um culpado nessa história”, declarou a mãe.

Em busca de respostas, a família recorreu do processo na 6ª Vara Criminal de Teresina ainda em 2014. No entanto, após audiências com os outros manifestantes e amigos de Paulo Patrik que participavam também do protesto, a denúncia foi novamente recusada. Diante da segunda negação, Elis Sena não entrou com o pedido de indenização ao estado.

“Deixou a desejar pela segunda vez. Não deram importância ao que aconteceu e acabou por nós a sofrer. Andamos em todos os postos próximo ao local do acidente, mas não encontramos nenhuma imagem do momento. A Superintendência Municipal de Transportes e Trânsito informou que naquele tempo as câmeras estavam com problemas. Meu filho estava protestando com os demais meninos da idade dele. Nós sentimos uma mágoa profunda, porque sentimos que não foi dada a importância nas investigações”, contou.

Elis Sena mostra a foto com os três filhos (Foto: Roberto Araújo/G1 PI)

Elis Sena mostra a foto com os três filhos (Foto: Roberto Araújo/G1 PI)

Para mãe de Paulo Patrick, 2013 foi o pior ano da vida dela e dos filhos. Pela perda repentina do adolescente, a família mudou a rotina e até mesmo de endereço para aliviar a saudade. Mãe solteira, Elis Sena passou a trabalhar nos três turnos e nos fins de semana para aumentar a renda, enquanto o filho Arthur Cauê abandonou o handebol que praticava com o irmão e a filha mais velha, Morgana Sena, mudou para Fortaleza.

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“Hoje a gente continua acordando pensando nele e retomamos a vida da gente faltando esse pedaço. Aumentou mais um membro da família, meu neto João, mas falta o Paulo, e essa parte da gente entender o que houve. Nós mudamos de casa, pois a antiga era cheia de lembranças do Patrik, e os irmãos não suportavam conviver no mesmo lugar sem a presença dele. Tudo mudou na nossa vida, a família procurou a ocupar todo tempo para diminuir um pouco o sofrimento”, contou.

Família fez amizade com a mulher que recebeu o fígado doado de Patrik (Foto: Roberto Araújo/G1 PI)

Família fez amizade com a mulher que recebeu o fígado doado de Patrik (Foto: Roberto Araújo/G1 PI)

Recentemente, Elis Sena e o filho Arthur Cauê compraram uma casa em Timon, no Maranhão. No novo lar, eles ainda não tiveram tempo de abrir as caixas, selecionar os quadros com as fotos de Paulo Patrick para colocar na parede e pendurar as medalhas do estudante, que era atleta do Caic Baduíno, time de handebol.

“Na casa nova tem uma área boa, o Paulo iria gostar para jogar bola. Ainda nem terminanos de arrumar, quase não paramos lá. Nesse tempo conhecemos Lucinda Neves, em São Luís, que recebeu o fígado doado pelo Patrik. Hoje ela faz parte da vida da gente, os filhos dela vêm passar um tempo aqui e é uma forma dele [Patrik] está sempre com a gente”, comentou a mãe.

Mãe de Patrik guarda todas as medalhas e recordações do filho (Foto: Roberto Araújo/G1 PI)

Mãe de Patrik guarda todas as medalhas e recordações do filho (Foto: Roberto Araújo/G1 PI)

Fonte: G1

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