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A vida depois da tragédia: as sequelas que a família de Emily, morta por PM, carrega

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Abatido, com um olhar baixo e um sentimento de tristeza incomparável, foi assim que o cantor Evandro Costa, pai da pequena Emily Caetano, morta por um PM no último dia 25 de dezembro recebeu nossa equipe de reportagem na casa do sogro, localizada no Parque Alvorada em Timon (MA).

Evandro parecia cansado. Ele já havia dado entrevista para outras equipes de jornalismo na mesma manhã. “Eu acho importante, temos que mostrar para todo mundo o que aconteceu”, disse Evandro. Ainda bastante abalado, o cantor contou  sobre o sentimento de tristeza que foi perder sua filha de forma tão trágica. De cabeça baixa e voz trêmula, ele fala em uma dor incomparável. “O que estou sentindo é muita dor, porque perder uma filha não é fácil. Eu não imaginava que doía tanto. A gente pede a Deus, porque só ele mesmo para nos acalmar e amenizar essa dor”, afirma ao OitoMeia.

Evandro Costa lamenta perca da filha (Foto: André Luis/OitoMeia)

A família está por enquanto na casa do avô de Emily. O cantor alega que este é o melhor local de se estar no momento, pois não está preparado psicologicamente para voltar a sua casa, já que as lembranças da filha mais velha ainda estão muito frescas na memória do casal.

“Nem eu nem minha esposa estamos com condições psicológicas ainda de voltar para nossa casa. Está muito recente. Ainda não estamos tendo força para encarar e voltar novamente a minha residência por conta da perca. A dor é muito forte. Aqui na casa dos meus sogros, tudo lembra a Emily, lá com certeza a gente vai lembrar muito mais”, desabafa.

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AMIGOS SE SOLIDARIZAM 

A conversa com Evandro aconteceu na varanda da casa do sogro. Alguns amigos estavam com ele no local e enquanto a equipe esteve na residência, várias pessoas chegaram para saber se o cantor estava bem e como estava passando a família. Evandro mostra um pouco de esperança ao falar que muita gente está ajudando a família e se solidarizando com eles.

Evando e família estão na casa do avô (Foto: André Luis/OitoMeia)

“Graças a Deus as pessoas estão ajudando muito. Realmente a gente está tendo muito apoio do povo timonense, do povo piauense, que estão dando esse amparo para gente. Além disso a imprensa também, todos os canais já criaram grupos com o número da conta para nos ajudar. E o povo realmente está se sensibilizando. Só temos mesmo que agradecer”, comenta.

Evandro tinha como fonte de renda a música, e era o único sustento da família. Depois da tragédia, ele não está podendo fazer  shows, pois perdeu a audição do ouvido esquerdo e não sabe se vai recuperá-la. Por isso, os amigos e familiares estão fazendo  uma campanha para ajudar a família, que neste momento não tem de onde tirar o seu sustento.

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A família está disponibilizando uma conta bancária para quem quiser ajudar doando qualquer quantia. Os dados são:

Agência 2442 ,

Conta 00059052-6 Operação 013

Caixa Econômica

Federal Evandro da Silva Costa.

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Ou se a pessoa quiser, pode entrar em contato através do número (86) 98821-6795.

SEQUELAS

Evandro ficou com a bala alojada da cabeça e ainda perdeu 100% da audição do ouvido esquerdo. Preocupado, ele não sabe se vai poder voltar a subir nos palcos, pois além de ser sua única fonte de renda, é uma de suas grandes paixões. Ele explica que os médicos ainda não deram prognóstico sobre sua audição.

“O médico falou que no momento minha audição está prejudicada, não escuto do ouvido esquerdo por causa da bala. E não me disseram  se minha audição vai voltar. Não deram data, nem dia, nem nada. Só disseram que eu preciso ficar em recuperação. Assim não sei quando vou poder voltar aos palcos”, lamenta.

Sua esposa também foi atingida por um dos tiros, mas pegou apenas no braço e não causou nenhuma sequela, tiro este que quase pegou em seu filho mais novo, um bebê de oito meses, que estava no colo da mãe. A criança, inclusive, foi o motivo do pai não ter parado o carro, pois estavam sem a cadeirinha do bebê.

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Evandro dependia dos shows para sustentar a família (Foto: Reprodução)

“EU NÃO CULPO O DESPREPARO DA POLÍCIA”

Emily perdeu a vida em uma abordagem inconsequente feita por policiais militares, que atiraram contra o veículo do pai apenas por que o mesmo não parou em uma blitz. Um deste policiais,  o soldado Aldo Ribeiro, não tinha permissão para atuar na Polícia Militar do Piauí. Primeiro porque ele foi reprovado no teste psicológico em 2010, mas conseguiu entrar através de uma liminar da Justiça. Depois esta liminar teria sido revogada em setembro de 2016, mas o PM continuou atuando.

Saiba Mais: Policiais acusados de matar criança em carro que fugiu de blitz serão presos

Liminar que permitia soldado que atirou em família atuar na PM foi revogada em 2016

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 Comandante da PM-PI sobre crimes envolvendo policiais: “Temos que dividir responsabilidades”

Os policiais foram presos pelo crime e ainda não se tem muitas informações sobre quais os procedimentos a PM vai tomar com relação a eles. O comandante geral de Polícia Militar do Piauí, coronel Carlos Augusto, já deixou claro que é contra a qualquer tipo de liminar deste tipo.

Evandro diz que não acredita em um despreparo da Polícia Militar como um todo. Para ele, a responsabilidade é somente do PM que tirou a vida de sua filha. “A Polícia Militar é um órgão muito competente, mas infelizmente tem infiltrados. Este pessoal despreparado que realmente entra sem nenhum preparo para exercer a profissão. Só desejo que a polícia se policie mais sobre estas pessoas despreparadas que se infiltra dentro da PM. Pessoas que antes de vir para defender, vem para destruir”, ressalta.

Emily fazia amizades facilmente (Foto: Arquivo pessoal)

EMILY FAZIA AMIGOS ONDE CHEGAVA 

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Ao lembrar da filha, Evandro levanta a cabeça e com a voz trêmula afirma que ela era uma menina alegre e cativante.”A Emily é uma filha muito dócil, foi uma das melhores coisas que Deus me deu. Pena que foi por pouco tempo. Ela era só alegria, uma menina extrovertida e muito inteligente. Infelizmente vamos sentir, e já estamos sentindo muita falta dela”, fala.

Emily tinha apenas nove anos de idade e era a filha mais velha do casal. Eles possuem outros dois filhos que também estava no carro no dia tragédia. Evandro lembra que a menina tinha facilidade de fazer amizades e era muito querida pelos amigos.

“Não tenho nem palavras para dizer como minha filha era. Ela tinha muitos amigos, onde chegava fazia amizade com facilidade. Era uma criança maravilhosa, todo mundo gostava da minha filha”

Evandro lembrou da alegria que foi quando descobriu que iria ser pai da Emily. “Foi a realização de um sonho. Eu sempre quis ser pai, ela sempre quis ser mãe. Ficamos muito felizes quando soubemos que ela estava grávida” lembra.

O cantor não pôde acompanhar o enterro da filha porque estava internado no hospital, onde se recuperava do tiro que levou na cabeça. Ele lamenta isso e diz que queria muito estar lá. “Eu não pude ir, fiquei muito triste com isso, estava me recuperando ainda e queria muito estar lá para me despedir da minha filha”.

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Fonte: Oito Meia

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