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Com quase 42 anos, Ceni sorri como nunca e aprova grupo da Libertadores

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Rogério Ceni anda pelo CT da Barra Funda. Encontra-se com a imprensa. Faz uma brincadeira. Alguns metros depois, relembra um episódio engraçado. A disposição para responder é total. A vontade de contar histórias está aguçada. Rogério está feliz, como poucas vezes se viu nos últimos anos. De tão caxias, o goleiro do São Paulo tem a felicidade vinculada aos resultados. Mas as defesas que lembram seus tempos de garoto, e o convívio com outros “veteranos”, tornaram aquele que seria o último ano de sua carreira um dos mais radiantes.

Prestes a completar 42 anos (no próximo 22 de janeiro), Rogério veste a carapuça do “tiozão”. Impressiona-se com a capacidade do fotógrafo em enquadrá-lo num ângulo quase inimaginável e pergunta a meninos como Auro, Boschilia e Ewandro sobre a moda atual, os tênis “de botinha” com calças de boca “skinny”, na linguagem de seus tempos.

Até a natureza que se formou em volta do CT da Barra Funda ao longo dos 25 anos de sua quase infinita passagem pelo São Paulo chamam atenção. Mas uma coisa não muda: o tesão por competir e vencer.

Renovar até o fim da Libertadores transforma o torneio num objetivo maior, segundo o goleiro

Ceni mantém acesa a chama da briga por cada bola, valoriza cada gota de suor, e acha que o grupo dificílimo na Libertadores do ano que vem, que já tem garantida a presença do atual campeão San Lorenzo, e poderá receber o arquirrival Corinthians ou o algoz Internacional, pode fazer seu clube do coração se mexer logo por contratações.

– É um grupo muito bom porque pode fazer o São Paulo despertar mais cedo. Há muitos anos temos deixado contratações para o meio de temporada, ou fim de janeiro. Das 11 Libertadores que participei, é o grupo mais difícil que pegamos.

A análise foi feita durante entrevista ao GloboEsporte.com, concedida na última quarta-feira, no CT. Na conversa, que durou pouco mais de uma hora, Rogério Ceni, de contrato prorrogado até 5 de agosto de 2015, deixou seu futuro aberto. Aquela impressão de que só o título da Libertadores o faria jogar por mais alguns meses ficou para trás. O ídolo quer mais, mais e mais. Quer ser mais líder, e para isso tem feito aulas com a psicóloga. Quer mais títulos, e para isso terá um programa de treinos especial. Quer ser ainda mais feliz do que em 2014, e para isso espera um grupo capaz de fazer correr nas veias do velhinho o sangue da vitória. Enfim, quer também – e principalmente – se exibir mais para os três filhos. Na última semana, ele reconheceu a paternidade de Henrique, de 2 anos, e disse que não falaria mais sobre o assunto, pois queria preservar o caçula. Além do menino, Rogério é pai das gêmeas Clara e Beatriz.

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Confira a íntegra da entrevista com o goleiro do São Paulo:

GloboEsporte.com – Você já listou os motivos que o fizeram renovar: Libertadores, bom ambiente, boa fase… Mas queríamos abordar o outro lado. Por que você pararia? Só pela convenção de que um jogador com mais de 40 anos precisa parar?
Rogério Ceni
 – Nós vivemos um regime presidencialista. Se um novo presidente assume e chega a hora da primeira renovação, é preciso saber se ele quer renovar. Seria completamente compreensível ele não querer. E o futebol brasileiro vive um momento difícil, de custo mais alto, embora haja um retorno grande em venda de produtos. Eu quis conversar com ele (Carlos Miguel Aidar, eleito em abril deste ano) e gostei do que escutei, principalmente sobre a perspectiva futura, e não do passado. Gostei de saber que posso ser útil nos próximos meses.

Você só listou motivos do ponto de vista do presidente. Então, do seu ponto de vista, não havia mesmo razão para se aposentar?
Quero fazer o melhor, me condicionar bem. Não é fácil, as dores existem. Por isso faremos uma programação para sofrer mais nas férias e diminuir a intensidade na pré-temporada. Amanhã (quinta-feira) vou fazer uma reunião com o Rogério (fisiologista) e a Cris (nutricionista) para preparar algo especial.

Suas férias, então, serão menores neste ano?
Do mesmo tamanho, mas parte delas dedicada à preparação, a trabalhos específicos de parte muscular e aeróbica. Se eu parar por 30 dias, não posso voltar jogar futebol em alto nível, o retorno é muito pesado, suscetível a lesões e dores musculares.

Você parecia convicto da aposentadoria. Em que momento passou a refletir sobre a possibilidade de continuar jogando?
Quando chegaram jogadores como Kardec, Michel, Alvaro, Souza, especialmente o Kaká, o time ganhou corpo, se fortaleceu. E o ambiente me ajudou a estar feliz. Os resultados começaram a acontecer. Tivemos um meio de 2013 muito ruim, na zona de rebaixamento, eu não queria terminar daquela maneira. Neste ano, poderia ter terminado mesmo sem títulos, mas os últimos seis meses foram muito bons. Vejo possibilidade de o time brigar por coisas maiores.

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E quanto a sua boa fase colaborou?
Muito. Se eu me sentisse mal, não aceitaria. O Muricy (Ramalho, técnico) havia falado que gostaria que eu continuasse, o seu Ataíde (Gil Guerreiro, vice-presidente de futebol) disse que estariam dispostos (a renovar), mas eu não havia falado com o presidente. Ele disse que gostaria que eu ficasse e perguntou o que precisávamos acertar: nada! Era só uma prorrogação, sem aumento de valores, e sugeri o prazo de 5 de agosto porque coincide com a final da Libertadores. Se houver uma conquista, é um desejo meu jogar o Mundial, mas sabemos quão difícil será, já partindo dessa fase de grupos que se mostra muito competitiva.

Renovar até agosto não coloca uma carga excessiva sobre a Libertadores?
Mas passa a ser um grande desafio, um objetivo maior. Em agosto, já estaremos no final do primeiro turno do Campeonato Brasileiro, veremos como me encontro, meu estado físico, independentemente de título, para ficar mais três ou quatro meses, ou encerrar.

Desde quando o Muricy passou a conversar com você sobre a renovação?
Não conversamos muito sobre isso. É mais sobre treinos, jogos, marcações, bolas defensivas, escanteios contra, barreiras, ou coisas fora do futebol. Ele se manifestou mais a vocês do que a mim. Mas é a realidade do jogo. O segundo semestre foi muito bom. Se não tivesse sido, não haveria pedido ou desejo de que eu continuasse.

Para um apaixonado por Libertadores como você é, esse grupo que pode ter San Lorenzo e Corinthians é bom?
É um grupo muito bom porque pode fazer o São Paulo despertar mais cedo para o ano que vem. Há muitos anos temos deixado contratações para o meio de temporada, ou fim de janeiro. Com o San Lorenzo, o Danúbio que tem a tradição e força do futebol uruguaio, e o possível cruzamento com um time brasileiro ou um colombiano, que nos eliminou na Sul-Americana, acho que todo mundo vai ligar o radar mais cedo e preparar esse time, esse elenco. Das 11 Libertadores que participei, é o grupo mais difícil que pegamos.

De que peças o São Paulo precisa para entrar na Libertadores como favorito
Precisamos de boas peças. Sofremos, por exemplo, com volantes, porque o Maicon se lesionou, Souza e Denilson jogaram, o Hudson cumpriu essa função. O Auro jogou nessa função, mas veio mais como lateral. Para campeonatos intercalados, se faz necessário. E atacantes velocistas. Temos só o Osvaldo e o Ademilson, que pode se encaixar no perfil. E jogadores de lado são muito exigidos por acompanharem o lateral e chegarem à frente. Há uma queda de rendimento depois de dois ou três jogos. Temos que ter mais opções.

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É fácil perceber que você está mais feliz. Trabalhar ficou mais prazeroso com esse grupo? Você sente um prazer que não tinha nos últimos anos?
Eu me dou bem com todos, desde os mais jovens. Posso contar uma história? Eu estava no vestiário outro dia e seis jogadores foram cortados. Os meninos: Rodrigo Caio, que está machucado e foi assistir ao jogo, Boschilia, Ewandro… Todos de tênis botinha e calças com boca mais estreita. Perguntei: “Isso é moda?”. Eu não compreendo a moda atual, não me encaixo nisso. Neste ano, chegou uma geração mais próxima da minha. Luis Fabiano já estava, Kaká, o próprio Kardec que não é tão velho, Michel, Alvaro Pereira… Melhorou muito meu convívio diário, de viagens. É um grupo muito bacana, que não reclama de trabalho. Jogamos nosso baralhinho o tempo todo no avião. Isso ajuda num período de concentração, que não é fácil. Eu me senti cada vez mais inserido.

A parceria do carteado é sempre a mesma?
O Ganso gosta, o Kaká, Michel, Kardec, Souza… Jogamos tudo. Cacheta, pôquer… O jogo é secundário, são três ou quatro horas, mas a resenha. Somos ruins, mas o bate-papo aproxima, traz muita coisa positiva para nós.

Fonte: Globoesporte

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