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GERAL

50% das dependentes químicas gestantes usam crack no Piauí

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Das jovens grávidas ou puérperas com dependência química atendidas em leitos de saúde mental da Maternidade Dona Evangelina Rosa (MDER), no bairro Ilhotas, na zona Sul de Teresina, 50% usavam crack, uma droga com intenso poder de dependência, um número igualmente significativo também faz uso cruzado, de mais de uma substância, a descoberta foi feita em pesquisa realizada, tomando como universo as gestantes e puérperas atendidas em 2018, pela pesquisadora Ellayne Karoline Bezerra da Silva, no estudo “As repercussões sociais para familiares na proteção social de Gestantes ou puérperas que consomem substâncias psicoativas: um estudo de caso na Maternidade Dona Evangelina”, apresentada como tese de seu doutorado em Políticas Públicas, ao Programa de Pós-graduação em Políticas Públicas do Centro de Ciências Humanas e Letras da Universidade Federal do Piauí (Ufpi), para obtenção do título de Doutora em Políticas Públicas.

Segundo a pesquisa de Ellayne Karoline Bezerra da Silva, publicada no site da Ufpi, as usuárias são procedentes majoritariamente do município de Teresina (17); seguida de outros municípios do Estado do Piauí (8); e de Timon, município do estado do Maranhão (03). De acordo com Ellayne Karoline Bezerra da Silva, das entrevistadas, 12 usuárias faziam uso apenas do crack, 4 usavam crack e maconha, 1 usava apenas maconha, 1 usava apenas cocaína, 1 usava crack e álcool, 1 maconha e álcool, e 8 faziam uso de múltiplas substâncias psicoativas.

Imagem: reprodução

“Ou seja, aproximadamente 50% usam o crack, um produto com intenso poder de produzir dependência. Um número igualmente significativo também faz uso cruzado, de mais de uma substância”, afirma Ellayne Karoline Bezerra da Silva. A partir dos questionários adotados pelas profissionais de Psicologia, que geraram um levantamento, transformado em informação assistencial denominado de “Perfil das demandas dos leitos de saúde mental”, foi possível caracterizar as principais informações sobre as usuárias que foram atendidas nos leitos da Maternidade Dona Evangelina Rosa, no ano de 2018.

Foram analisados 28 questionários, e foi constatado que três usuárias deram entrada na Maternidade Dona Evangelina Rosa no período de gestação, apresentando algum problema clínico, ao tempo em que as demais tiveram como motivo da internação o parto, sendo atendidas nos referidos leitos na situação de puerpério.

“Tal informação sinaliza que esse público comumente procura ou é direcionado à Maternidade apenas no momento do parto ou em situações de urgência, não comparecendo às consultas de pré-natal, que por serem caracterizadas como gestação de risco, deveriam ser acompanhadas pela MDER, que cobre todo o Estado do Piauí”, afirma Ellayne Karoline Bezerra da Silva.

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Crédito: Raíssa Morais

As usuárias que tinham idade de 20 a 30 anos contabilizaram 18; 9 estavam na idade de 31 a 40 anos; e apenas 1 estava na adolescência, o que demonstra que a maioria, jovem, ao chegar na idade fértil, provavelmente não fazem uso de preventivos, ou seja, estão vulneráveis à gravidez e doenças sexualmente transmissíveis.

A pesquisa aponta que 21 das usuárias já possuíam outro filho, e 7 estavam na primeira gestação. Segundo Ellayne Karoline Bezerra da Silva, tal fato leva a indagações se seria uma gravidez desejada, planejada ou ocorreu pelo sexo desprotegido. No que se refere ao estado civil, 13 consideravam-se solteiras, 1 casada e 14 em união estável, o que desmistifica a ideia de que as mulheres, na condição em tela, são todas solteiras, sem referência de companheiros fixos, 50% têm uma pessoa do sexo masculino de referência.

Quanto ao nível de escolaridade, a maioria estudou até o ensino fundamental incompleto, mais especificamente, 22 usuárias; 4 pararam os estudos no ensino médio incompleto; 1 com ensino médio completo e 1 considerava-se apenas alfabetizada. “São dados que demonstram a baixa escolaridade, o que a literatura informa como uma situação de vulnerabilidade para gravidez não desejada e, a não continuidade e investimentos em estudos, o que também indica a descrença na escolarização como projeto de mudança de vida, muito comum entre pobres”, informou a doutora em Políticas Públicas.

A inserção no mercado de trabalho, mesmo que de modo informal, ainda é uma lacuna para esse público, diz Ellayne Karoline Bezerra da Silva, que em sua maioria, 25 usuárias, consideravam-se na situação de desemprego; e 3 empregadas, como doméstica, diarista e garçonete, inserção ocupacional comum à baixa escolaridade.

 Prejuízos nas relações familiares e sociais

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As duas usuárias entrevistadas pela pesquisadora tinham a idade de 24 e 27 anos, estando ambas vivendo em situação de união estável. A primeira reside com mãe, marido, pai, 3 irmãos e uma filha, configurando-se uma família conjugal ampliada; e a segunda reside apenas com o marido e três filhos, isto é, uma família conjugal.

Crédito:Divulgação

No que se refere aos filhos, ambas têm mais de um filho, respectivamente, 03 e 06 filhos, contando com os recém-nascido. A que informa ter três filhos convive apenas com uma filha (12 anos) e a    que conviverá com o recém-nascido, o outro filho (5 anos, mais ou menos, não soube precisar a idade) está em situação de abrigamento. E a que possui 6 filhos, 4 convivem com ela (recém-nascido, 02, 09 e 11 anos), e dois moram em São Paulo com o pai (2 e 5 anos).

As duas entrevistadas não frequentam a escola, tendo estudado uma até a 8º série e a outra até o 4º       ano do Ensino Fundamental. Residem no Estado do Piauí, uma em Elesbão Veloso e a outra em Teresina, sendo procedentes de  Quixariú – Aiuaba, no Ceará, e Teresina, respectivamente. Não tem emprego fixo, fazendo esporadicamente “bicos”, principalmente faxinas e sobrevivem da renda do Programa Bolsa Família.

A pesquisadora de Ellayne Karoline Bezerra da Silva informa que elas coabitam com os maridos, ou seja, mesmo na condição de serem consideradas desviantes do que é esperado socialmente da mulher na sociedade, seus companheiros persistem a seu lado, denotando mudanças no padrão de comportamento masculino em situações como essa.

Quando questionadas acerca do consumo de substâncias psicoativas, responderam que iniciaram o consumo com 17 e 24 anos, sendo o seu primeiro contato por curiosidade. A faixa de idade do início do consumo pode ser considerada um pouco tardia, mais ao final da adolescência e da juventude, mas igualmente na fase da adolescência e juventude, um período de ampliação das esferas de sociabilidade, ocasião em que a centralidade da família perde importância, ganhando ênfase o grupo de amigos, que podem exercer influência, com seus valores.

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Nesse sentido, uma delas relatou que ´viu os outros usando e foi experimentar e achou bom e não deixou mais, inclusive, informou que as pessoas que usaram com ela inicialmente, todas deixaram de usar e ela não conseguiu’. Tal fato denota a influência do grupo de amigos ou de pares, que com seus valores e comportamento de aceitação do consumo, acaba por facilitar o acesso e a iniciação, o que nem sempre ocorre com o processo de interromper o uso, como visto.

Já a outra entrevistada relatou que “achou bom e quis mais e mais e mais”, “usou a 1ª, a 2ª e a 3ª    vez e foi se viciando”. Ou seja, saindo do padrão de consumo experimental, intensificando o uso, alterado para um padrão nocivo. “Ambas entrevistada relatam o início do consumo de substâncias psicoativas (SPA) como prazeroso, incluído na perspectiva hedonista da contemporaneidade, orientada pelo prazer imediato, sem vislumbrar as consequências futuras. As duas entrevistadas relataram nunca terem sido internadas por conta do uso nocivo de substâncias psicoativas e quando questionadas sobre como atualmente sentem-se quando usam a SPA, afirmam que, ´dá vontade de usar mais e mais, é só triscar que pronto’, sente ainda ‘uma agitação e nervosismo’. E a segunda afirma que ‘achava bom, tinha muita coragem’, só que ‘ultimamente quando usa, sente medo até do chão’. O uso da SPA fazia com que ela tivesse visões relacionadas à cobra, e tudo que estava no chão, tinha a sensação de movimentar-se, ou seja, produzia alucinação. Diante dessa situação, fazia uso em casa em cima da cama, sem colocar os pés no chão. Ou seja, ambas parecem estar ainda em uma fase contemplativa, de prazer com o consumo, todavia a segunda já sinaliza para alucinações”, relatou a pesquisadora Ellayne Karoline Bezerra da Silva.

Crédito:Arquivo/JMN

Durante a entrevista também foi perguntado sobre os possíveis prejuízos perceptíveis ao consumo,    que segundo avaliação das mesmas, causava em suas vidas. Afirmaram que havia prejuízos, sim, no âmbito das relações familiares, dos amigos ao redor. Uma em especial relatou que não se responsabilizava pelos cuidados dos filhos e afetava também sua saúde, perdeu mais de 20 quilos, mesmo considerando o momento da gravidez. Nesse contexto, a vida de terceiros foi afetada, a do filho e, com certeza, a da avó, que, no geral assume o encargo de cuidar do neto, o que é muito comum no Piauí, independente do consumo de SPA, sendo um dado culturalmente naturalizado, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

“Ou seja, as relações familiares são intensamente afetadas, sobretudo no desempenho da mãe, que deixa de prover cuidado direto a seus filhos, delegado para a avó, que tem sua vida sobrecarregada duplamente, com o cuidado da filha e também do neto. Logo a condição materna é afetada, afetando a vida do filho e da avó de maneira mais intensas. Além do mais, relataram que quando faziam uso, sentiam falta da família e dos amigos, que se distanciavam por conta do uso e até do sentimento de impotência que o consumo prejudicial gera, pois muitos familiares não conseguem ver seu ente ‘se acabando, sem poder fazer nada, por que ela não se ajuda’, como manifestam verbalmente. Nesse ponto, frisado pelas duas, mas enfatizado por uma apenas que os amigos de verdade se preocupavam e queriam que ela parasse de fumar, esses eram afastados enquanto os outros, que não considerava amigos de verdade, esses fumavam com ela. E a família afastava-se por também não gostar e não querer que fumasse, ficando com raiva e preocupados. Ainda foi mencionado por uma delas que ‘deixei de ajudar o pai na roça, embora ele nunca tenha deixado de me sustentar’. Nesse sentido, o consumo nocivo repercutiu na economia familiar, pois houve a baixa de uma pessoa para trabalhar em prol dos objetivos grupais, redundando em uma pessoa a menos na geração da renda familiar. A alimentação também é afetada, pois não se cuidava quando estava fazendo uso de SPA”, adianta a pesquisadora Ellayne Karoline Bezerra da Silva.

“Destruindo tudo que tinham”

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Nos momentos de necessidade relataram que recorriam aos familiares próximos, a saber: pai, mãe, marido e irmãos. E uma delas frisou contar com o trabalho, quando a necessidade era vinculada ao dinheiro. Atualmente, avaliaram ser a substância o problema de suas vidas, porque “foi destruindo tudo que elas tinham”, em todos os sentidos. Ou seja, o foco da questão é posta no produto, como ocorre com o imaginário social em geral, não na relação que estabelece com ele e do sentido que a spa ocupa em sua vida. Como visto, o consumo pode expressar insatisfação com a vida, e essa dimensão não fica claro para a consumidora, que consome por prazer, mas se vê, dialeticamente, consumida, pois tem a vida “destruída”.

Crédito:Raíssa Morais

E diante desse problema possuem como projetos de vida: “Ajeitar minhas coisas, cuidar dos meus filhos, trabalhar pra criar eles” e a outra entrevistada, “1° vou largar as drogas, 2º cuidar dos meus filhos e 3° seria terminar de ajeitar minha vida”. Ou seja, como mulheres, o projeto afetivo de cuidar dos filhos, ganha primazia. Nesse sentido, é um motivador para ser investido na perspectiva de um cuidado orientado para outra direção: ser mãe efetiva. Todavia, há uma idealização no “largar as drogas” e “ajeitar a vida”, duas situações conjugadas, posto que a dependência implica em 3 fatores associados, a compulsão, a tolerância e prejuízos na vida. Assim, deixar de consumir a SPA implica em um processo que, inclusive implica, no geral, em recaídas, em função até mesmo das vulnerabilidades sociais, incluindo o estigma que acompanha esse segmento, e que no geral, dificulta o acesso a trabalhos, sobretudo no mercado formal, mais protegido.

No que se referem aos familiares entrevistados, 02 são pais dos recém-nascidos e companheiros das usuárias, 01 era tia e 01 era irmão; e possuem escolaridade, 02, 4ª ano do ensino fundamental; 01, o 1º ano do ensino médio e 01 ensino superior incompleto. Interessante a presença desses maridos como acompanhantes, homens cuidadores, pois no geral, as mulheres na circunstância em tela, tem o afastamento de seus companheiros. Os dois companheiros trabalham fora de casa, a saber: cuidando de criação de gados e lavoura e o outro na condição de pedreiro. O cuidador de gado recebe por volta de R$ 40,00 por dia de trabalho e o pedreiro R$ 1.000,00 por mês, a depender do serviço dispensado. Ambas ocupações que requisitam baixa qualificação. A familiar tia trabalha como Uber; e o familiar que é irmão não trabalha, estando recebendo auxílio- doença e de acordo com ele, já deu entrada na aposentadoria por invalidez.

Ellayne Karoline Bezerra da Silva diz que serem questionadas sobre quem seriam as pessoas que eles contariam para cuidar dos recém- nascidos, 2 referiram-se a uma tia, 1 a avó paterna e uma tia, e 1 o récem-nascido e os demais filhos da usuária foram colocados em abrigos. E nos cuidados com a gestante, 2 referiram-se a mesma tia, 1 acrescentou que as irmãs da usuária iriam contribuir com os cuidados com ela, e 1 disse que só ele cuidaria dela. “Ou seja, a rede primária é muito participativa, com tias atuando no cuidado. Um fato que chamou a atenção foi a dificuldade de encontrar a avó como familiar acompanhante, no geral, a principal cuidadora e, exatamente por isso, tem que ficar em casa para cuidar dos outros filhos, netos ou outras questões. Tal fato chamou a atenção pela presença marcante da avó no cuidado de netos no contexto piauiense, captados pelos dados do Censo do IBGE.

Desgastes do convívio familiar

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No depoimento dos profissionais, a centralidade do consumo de substância psicoativa ganha primazia na vida em geral, mas, sobretudo nos desgastes do convívio familiar cotidiano, ganhando maior gravidade na circunstância de uma gravidez em curso: Para os profissionais entrevistados por Ellayne Karoline Bezerra da Silva, o uso de substância psicoativa, por si só, é considerado algo complexo para os familiares e isso se agrava quando atrelada a geração de um filho.

Na fala de um dos familiares, o significado do uso nocivo de SPA atrelado a gestação “não foi muito bom não” , tendo em vista que a dependência fazia com que a usuária não considerasse os conselhos do familiar em afastar-se do uso. A fala do segundo familiar direciona-se para a preocupação de afetar a formação do recém – nascido, e especificamente por já ter perdido crianças por conta dessa situação.

A descoberta da primeira gestação, que em sua maioria não tem planejamento prévio pelas usuárias nem tampouco pelos familiares, é configurada com um processo impactante e gerador de preocupações para essas famílias, que já associam como resultante dessa situação a responsabilização da criação/cuidado de “um” ou de “mais um” dos filhos da usuária, assim como da própria usuária, ocasionando em sobrecarga subjetiva a terceiros, expressa em preocupação e reconhecimento do despreparo para lidar com a situação: Nesse sentido, a recaída é vista como sempre a mesma, num continuum cristalizado que desemboca na exaustão e desistência do provedor de cuidado. Todavia, na perspectiva de redução de danos, a recaída deveria ser potencializada como um momento de aprendizado, por permitir reflexões como: “Que gatilhos propiciaram a recaída?”, “O que estava acontecendo na vida da mulher, que ocasionou a recaída?”, “Qual a função da SPA no contexto de vulnerabilidade?

Mas, os familiares e nem mesmo os profissionais, no geral, não tem preparo para disparar esses processos reflexivos e analíticos. Tal fato faz com que familiares cuidadores limitem-se ao ensaio e erro, o que dá certo e o que não dá certo, exaurindo suas energias, sempre nas mesmas estratégias, mesmo que não tenham se mostrado efetivas. Observa-se que os recursos dos serviços de saúde pouco aparecem, figurando o familiar cuidador como um lutador solitário. Nada é retratado de processos socioeducativas, de educação em saúde ou psicoeducação para responder a esse cenário, que é naturalizado. Destaca-se o projeto de uma estagiária nos leitos, durante o ano 2017. 2o e 2018.1o para desenvolver ações reflexivas, mostra a pesquisa de Ellayne Karoline Bezerra da Silva.

Importante lembrar que a prática de deixar o filho na casa da avó, para criação, é prática cultural muito comum no Piauí, portanto, não dá para simplificar como mera irresponsabilidade, por estar no bojo das construções sociais no plano local. “Além da circulação de crianças, e consequente cuidado com os seres frágeis da família, outra possibilidade, como segunda opção é a destinação da criança para adoção. Concomitantemente, muitos familiares, requisitam a laqueadura, como outra estratégia para impedir o nascimento de novas crianças, na impossibilidade de planejamento familiar, haja vista informarem que ‘já cuido dela’”. Falou Ellayne Karoline Bezerra da Silva

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A laqueadura pode ser solicitada para algumas situações no momento do parto cesário na MDER, a saber: 1) estarem realizando acompanhamento em pré-natal de risco, 2) serem encaminhadas por um médico, 3) terem capacidade civil plena, 4) terem mais de 25 anos de idade ou pelo menos 2 filhos vivos, 5) Prazo mínimo de sessenta dias entre a manifestação da vontade e o ato cirúrgico. Os critérios ora descritos, embora delineados pela legislação nacional, não são favoráveis a esse público que em sua maioria, não fazem acompanhamento pré-natal e não tem planejamento familiar para a realização desse procedimento, chegando na MDER apenas no momento do parto.

“Nos casos em que a usuária não deseja realizar a laqueadura, alguns familiares têm recorrido à justiça, alegando a incapacidade da mulher em decidir por si, cabendo, portanto, a Justiça decidir pela laqueadura ou não desta mulher. É considerado um método definitivo, eugenista, que fere direitos humanos, até porque, nesses casos, a opinião da mulher consumidora é desconsiderada”, explica Ellayne Karoline Bezerra da Silva.

Fonte: Meio Norte

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