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Academia Florestense de Cultura Popular é fundada e mestres de cultura são homenageados com título de Imortais

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A Academia Florestense de Cultura Popular foi fundada no último dia 15 de novembro no município de Floresta do Piauí. O objetivo da Academia é que o Brasil tome conhecimento da riqueza cultural existente em Floresta.

No mapeamento cultural realizado pelos fundadores e idealizadores Francisca Sousa (Neidinha de Chica de Geraldo) e Eduardo Pontin, foram levantadas cerca de 40 expressões culturais brasileiras cultivadas no município, com destaque para a Lezeira, Batuque, Reisado, Dança de São Gonçalo, Visita de Cova e Aboio.

Um dos idealizadores da Academia, o pesquisador de cultura popular brasileira Eduardo Pontin justifica a criação da instituição. “O sertão do Piauí é muito rico em cultura popular, e em nossas andanças constatamos que em Floresta as culturas da região se encontram e são semeadas. É possível encontrar diversos mestres de uma mesma expressão, nada é centralizado numa pessoa só, tudo se espalha. A ideia da Academia é colocar Floresta do Piauí no mapa cultural do Brasil”.

Por essa razão, o lema da Academia Florestense de Cultura Popular é: “Tesouro Cultural no Coração do Sertão”. Para se ter uma ideia da riqueza que Floresta possui, o Patrono da cadeira nº 01 da Academia, seu Expedito de Margarida (Expedito Francisco de Lima) de 93 anos, é Mestre em 10 expressões culturais: Lezeira; Batuque; Reis; Dança de São Gonçalo; Visita de Cova; Terço Popular; Garrafada; Bendito; Composição Popular. Inclusive, seu Expedito é autor do hino de Floresta do Piauí, cujos versos são da mesma grandeza de Hermínio Castelo Branco: “A região é situada/Entre o riacho e a serra/Deu mina de sal da terra/E foi tempero do feijão”.

A jornalista florestense Francisca Sousa, idealizadora da Academia, dimensionou a homenagem que os mestres receberam. “É fundamental lembrar que esses mestres e mestras mantiveram viva a cultura de seus ancestrais mesmo diante de grande dificuldade social. Chegavam cansados da lida debaixo de sol escaldante e iam brincar, isso é louvável!”.

A Secretária de Educação Albertina Araújo, presente ao evento confirmou o compromisso da Prefeitura de Floresta do Piauí com a preservação de suas culturas mais típicas: “ [A Prefeitura] vai dar todo apoio que precisar a esses mestres para que essa Academia tenha permanência, para que vocês possam desenvolver, mostrar e repassar a sabedoria de vocês. No que depender da Secretaria de Educação, Prefeitura Municipal e Secretaria de Cultura, vocês vão ter todo apoio”.

A Academia Florestense de Cultura Popular vai de encontro ao momento cultural vivido pelo estado do Piauí. No último dia 5 o Governo do Estado diplomou 30 mestres de cultura popular com o título de “Patrimônio Vivo do Piauí”. A cidade de Simões também nomeou 12 mestres com o título de “Patrimônio Vivo Simonense” há poucos meses. Agora é a vez de Floresta do Piauí mostrar ao Brasil o seu valor cultural por meio de seus Mestres e Mestras.

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O critério de escolha dos Imortais de Floresta do Piauí foi ter idade acima de 50 anos, ser natural ou residente da cidade e ser popularmente reconhecido como Mestre em ao menos uma expressão popular cultural da região. A Academia prevê manter atividades sempre em funcionamento, como rodas de Lezeira bimensais, continuação do intercâmbio histórico conservado com a vizinha Comunidade Quilombola Volta do Campo Grande, além de reativação do Reisado e preservação da Missa do Vaqueiro feita de modo anual.

O evento foi encerrado com um Batuque, liderado pela equipe do Samba de Cumbuca da Volta do Campo Grande, berço dessa cultura, seguido por uma uma histórica roda de Lezeira com os Mestres Cantadores Imortais Chiquim Ferreira e Gabiru.

Segundo o IBGE, Floresta do Piauí fica situada na microrregião do Alto Médio Canindé, possui população estimada de 2.560 pessoas e área territorial de 220 km². A maior parte de seus moradores vive basicamente da agricultura de subsistência e do pequeno criatório de animais. A economia local também é movimentada pela palha de carnaúba, extração de mel, venda de castanha de caju, tamarindo etc.


Confira a seguir a lista dos Mestres e Mestras de Cultura Popular Imortais de Floresta do Piauí:

ACADEMIA FLORESTENSE DE CULTURA POPULAR (PI)
Tesouro Cultural no Coração do Sertão

Patronos

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Cadeira nº 01 – Expedito de Margarida, 93 anos (1. Reis 2. Lezeira 3. Batuque 4. São Gonçalo 5. Visita de Cova 6.Terço Popular 7. Sentinela 8. Garrafada 9. Bendito 10. Composição Popular)

Cadeira nº 02 – Timóteo Tocador, 98 anos (1. Tocador de Sanfona Pé de Serra)

Cadeira nº 03 – Chiquim Ferreira, 85 anos (1. Cantador de Lezeira 2. Batuque 3. Reis 4. Cantiga 5. Adivinhação 6. Cordel)

Cadeira nº 04 – Dona Joaquina, 93 anos (1. Bendito 2. Lezeira 3. Batuque 4. Artesanato de Barro)

Cadeira nº 05 – Gabiru, 75 anos (1. Lezeira 2. Batuque 3. Reis 4. Piada. 5. Contos 6. Composição Popular)

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Cadeira nº 06 – Ana de Neco, 82 anos (1. Bendito 2. Batuque 3. Lezeira)

Cadeira nº 07 – Dona Brancosa, 78 anos (1. Bendito 2. Lezeira 3. São Gonçalo)

Cadeira nº 08 – Zé Miúdo, 74 anos (1. São Gonçalo)

Cadeira nº 09 – Chico de Helena, 67 anos (1. Benzimento 2. Visita de Cova 3. Terço Popular 4. Bendito)

Cadeira nº 10 – Adão de Júlia, 67 anos (1. Aboio 2. Visita de Cova 3. Terço Popular)

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Cadeira nº 11 – Lucimar, 52 anos (1. São Gonçalo)

Cadeira nº 12 – Dodó de Toinha, 71 anos (1. Reis 2. Benzimento 3. Contos Populares)

Cadeira nº 13 – Dona Bilunga, 86 anos (1. Lezeira 2. Batuque)

Cadeira nº 14 – Helena Ferreira, 82 anos (1. Lezeira 2. Aboio 3. Benzedeira)

Cadeira nº 15 – Zé de Anísia, 79 anos (1. Lezeira 2. Batuque 3. Aboio)

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Cadeira nº 16 – Dona Chichica, 75 anos (1. Artesanato de Palha de Carnaúba)

Cadeira nº 17 – Tia Mariinha, 84 anos (1. Bendito 2. Lezeira 3. Batuque)

Cadeira nº 18 – Inácio de Simão, 93 anos (1. Vaqueiro)

Cadeira nº 19 – Nega de Chico de Joana, 72 anos (1. Visita de Cova 2. Terço Popular 3. Bendito)

Cadeira nº 20 – Dona Patu, 90 anos (1. Parteira)

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Por: Eduardo Pontin

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