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Assassinato de jovens negros é maior em relação a brancos no Piauí, diz Unesco

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Em praticamente todos os estados brasileiros, o índice de assassinato contra um jovem negro é bem maior em relação a jovens brancos, incluindo o Piauí, onde a possibilidade é 3,3 vezes mais. Os dados são referentes ao Índice de Vulnerabilidade Juvenil à Violência (IVJ 2017), lançado pela Unesco na última segunda-feira (11/12), em Brasília. Os casos são relativos ao ano de 2015, colocando o estado na 11ª posição nacional, conforme informações do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

O ranking divide o risco de morte conforme a desigualdade racial existente no Brasil, classificando os estados com alta, média e baixa vulnerabilidade conforme o grupo étnico. Das 27 federações, 12 estão entre as com “alta vulnerabilidade”, nove com “média vulnerabilidade” e seis com “baixa vulnerabilidade”. Os casos mais críticos estão nas regiões Norte e Nordeste, enquanto os estados do Sul e Sudeste estão do outro lado da tabela.

O IVJ classifica as 27 unidades federativas segundo a vulnerabilidade à violência dos jovens entre 15 e 29 anos, analisando a taxa de mortalidade por homicídio entre jovens negros e brancos. Neste caso, uma escala de 0 a 1 é considerada, de forma que, quanto maior for o valor, há mais risco relativo de morte de um jovem negro em relação a um branco em um mesmo estado.

Maior desigualdade racial em relação à temática está em Alagoas (0,489), enquanto Santa Catarina tem a menor taxa (0,209), enquanto Piauí aparece com 0,427 (Reprodução Unesco)

Por exemplo, a maior desigualdade racial em relação à temática está em Alagoas (0,489), enquanto Santa Catarina tem a menor taxa (0,209). O Piauí aparece com 0,427. Os indicadores usados para a média geral são: mortalidade por homicídio, mortalidade por acidente de trânsito, frequência à escola e à situação de emprego, indicador de pobreza, indicador de desigualdade e risco relativo de homicídios de negros e brancos.

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Em relação aos riscos relativos de homicídios de negros e brancos, o Piauí aparece na 13ª posição com 3,3 vezes mais chances de um jovem negro ser assassinado que um branco. Um valor acima da média nacional, que é de 2,7. Alagoas (12,7) continua com o maior índice, seguido do Amapá (11,9) e da Paraíba (8,9). Paraná (0,8), Tocantins (1,1) e Rio Grande do Sul (1,3) têm os menores índices.

JOVENS NEGRAS MORREM MAIS

Pela primeira vez, o estudo retrata a situação de jovens mulheres negras, de forma que, no Brasil, o risco de assassinato é 2,9 vezes maior que de uma jovem branca. A taxa de homicídios desse recorte no Piauí é de 3,64 vezes maiores – 7,4 para mulheres negras e 02 para mulheres brancas, a cada 100 mil habitantes.

Pela primeira vez, o estudo retrata a situação de jovens mulheres negras (Reprodução Unesco)

Os estados com dados mais preocupantes são: Rio Grande do Norte (8,11) Amazonas (6,97) e Paraíba (5,65). Por outro lado, o Maranhão (1,1) e o Tocantins (1,5) têm as menores diferenças de homicídios entre jovens negras e brancas. O Paraná é o único estado da Federação onde mulheres jovens brancas correm mais risco de serem assassinadas do que as jovens negras.

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VULNERABILIDADE POR MUNICÍPIO

O homicídio é a principal causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos no Brasil, diz o relatório. Mesmo assim, os números mostram que menos de 20% dos 19 milhões de jovens (jovens dos 304 municípios com mais de 100 mil habitantes) estão vivendo em municípios de alta e muito alta vulnerabilidade juvenil à violência.

O IVJ classificou 21 municípios na categoria de muito alta vulnerabilidade, sendo Cabo de Santo Agostinho (PE) a cidade onde a juventude se encontrava mais vulnerável à violência, seguido por Altamira (PA) e São José de Ribamar (MA). O ponto em comum entre essas três cidades é que todas possuem uma alta taxa de mortalidade por homicídio.

O município em melhor situação era São Caetano do Sul (SP), município com baixa taxa de mortalidade por assassinato e por acidentes de trânsito e bons indicadores de frequência à escola e situação de emprego.

A PESQUISA

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Os índices utilizam dados socioeconômicos e demográficos produzidos por diferentes fontes (IBGE e Sistema de Informações de Mortalidade do Ministério da Saúde) e resumem o efeito de múltiplas variáveis que interagem para compor as condições de vida da população jovem do país. Os anos-base dos índices dizem respeito aos anos disponíveis nas fontes originais de pesquisa dos dados quando da realização dos estudos.

Fonte: Oito Meia

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