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Com funcionários em greve, Correios farão mutirão no fim de semana para colocar entregas em dia

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Os Correios farão um mutirão neste fim de semana (dias 23 e 24) para regularizar as entregas atrasadas diante da greve dos trabalhadores. Parte dos trabalhadores da empresa estão em greve desde quarta-feira em 21 estados e no Distrito Federal, de acordo com a Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos e Similares (Fentect).

A estatal disse, em comunicado enviado nesta sexta-feira (22), que a ação é parte do plano de continuidade de negócios, que prevê o deslocamento de empregados entre as unidades e a realização de horas extras.

Segundo os Correios, 91,% dos funcionários da estatal estão trabalhando e todas as agências estão abertas.

Impacto nos serviços

“A rede de atendimento está aberta em todo o país e todos os serviços, inclusive o SEDEX e o PAC, continuam sendo postados e entregues em todos os municípios do país, sem exceções”, afirmaram os Correios.

A estatal disse ainda que há postagens suspensas nos serviços com hora marcada (Sedex 10, Sedex 12, Sedex Hoje, Disque Coleta e Logística Reversa Domiciliária) para os seguintes destinos: Alagoas, Bahia, Ceará, Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Minas Gerais, Pará, Paraíba e Piauí, e para as cidades de São José dos Campos (SP), Ribeirão Preto (SP), Campinas (SP) e São José do Rio Preto (SP).

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As agências franqueadas não estão participando da greve. Atualmente, são mais de 6.500 agências próprias dos Correios pelo país, além de 1 mil franqueadas.

Negociações

Dos 31 sindicatos ligados à Fentect, somente dois ainda não realizaram assembleia: Rondônia e Roraima.

A paralisação envolve os trabalhadores dos sindicatos de Acre, Alagoas, Amapá, Amazonas, Bahia, Distrito Federal, São Paulo (Campinas, Ribeirão Preto, São José do Rio Preto, Vale do Paraíba e Santos), Ceará, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais (MG, Juiz de Fora e Uberaba), Pará, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul (RS e Santa Maria), Sergipe e Santa Catarina.

Trabalhadores dos Correios entram em greve em Goiás (Foto: Divulgação/ Sintect-GO)

Segundo a Fentect, foram mais de 50 dias de negociação, sem sucesso. Entre os motivos da greve estão o fechamento de agências por todo o país, pressão para adesão ao plano de demissão voluntária, ameaça de demissão motivada com alegação da crise, ameaça de privatização, corte de investimentos em todo o país, falta de concurso público, redução no número de funcionários, além de mudanças no plano de saúde e suspensão das férias para todos os trabalhadores, exceto para aqueles que já estão com férias vencidas.

A Fentec reitera que a greve foi o último recurso e que está aberta a negociação, pois entende a importância que os Correios têm para o país e que sua luta é contra o sucateamento de serviços e por melhores condições de trabalho. A entidade afirma que “está tentando junto aos Correios, Tribunal Superior do Trabalho (TST) e governo alternativas para o conflito”.

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Além da Fentect, outra federação representa os trabalhadores da categoria, a Federação Interestadual dos Trabalhadores e Trabalhadoras dos Correios (Findect). A entidade diz que ainda está negociando com a empresa. A Findect tem 5 sindicatos filiados, que incluem os estados de São Paulo e Rio de Janeiro.

A entidade defende a necessidade de ouvir a íntegra da proposta de acordo coletivo de trabalho 2017/2018 para então realizar assembleias, marcadas para o dia 26 de setembro.

Os Correios informam que nas localidades onde há paralisação já colocou em prática seu plano de continuidade de negócios para minimizar os impactos à população.

A estatal diz que continua disposta a negociar com os sindicatos que não aderiram à paralisação para que o acordo coletivo seja assinado e considera que a greve “desqualifica o processo de negociação e prejudica o esforço realizado por todos os empregados durante este ano para retomar a qualidade e os resultados financeiros da empresa”.

Crise nos Correios

Os Correios enfrentam uma severa crise econômica e medidas para reduzir gastos e melhorar a lucratividade da estatal estão em pauta.

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Nesta quinta-feira (21), o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, admitiu que existe a possibilidade de privatizar os Correios, mas afirmou que ainda “não há uma decisão tomada”, já que “isso é uma coisa que tem que ser tratada com muito cuidado”.

Nos últimos dois anos, os Correios apresentaram prejuízos que somam, aproximadamente, R$ 4 bilhões. Desse total, 65% correspondem a despesas de pessoal.

Guilherme Campos, presidente dos Correios, disse que empresa não tem condições de continuar arcando com sua atual folha de pagamento (Foto: Agência Brasil )

Em 2016, os Correios anunciaram um Programa de Demissão Incentivada (PDI) e pretendia atingir a meta de 8 mil servidores, mas apenas 5,5 mil aderiram ao programa.

Em março, divulgaram o fechamento de 250 agências, apenas em municípios com mais de 50 mil habitantes, além de uma série de medidas de redução de custos e de reestruturação da folha de pagamentos.

Em abril, o presidente dos Correios, Guilherme Campos, afirmou que a demissão de servidores concursados vinha sendo estudada. Segundo ele, os Correios não têm condições de continuar arcando com sua atual folha de pagamento e contratou um estudo para calcular quantos servidores teriam que ser demitidos para que o gasto com a folha fosse ajustado.

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Em março, o ministro das Comunicações, Gilberto Kassab, afirmou que, se a empresa não promovesse o “equilíbrio rapidamente”, “caminharia para um processo de privatização”.

A estatal alega ainda que o custeio do plano de saúde dos funcionários é responsável pela maior parte do déficit da empresa registrado nos últimos anos. Hoje a estatal arca com 93% dos custos dos planos de saúde e os funcionários, com 7%. Os Correios tentam negociar com os sindicatos um corte de até dois terços das despesas de custeio.

Fonte: G1

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