Como se explicam as chuvas no Piauí mesmo no período de B-R-O Bró?

No início deste mês de setembro, os piauienses têm se surpreendido com chuvas em alguns municípios, inclusive Teresina, por não estarem acostumados a ver chuvas nesse período do B-R-O Bró, quando o calor é mais intenso. As chuvas têm caído em algumas zonas localizadas de Teresina, principalmente na Leste e Norte. Além da capital, também há registro de chuvas em Esperantina, Piripiri, Cocal dos Alves e outras cidades na região Norte do estado.

Em entrevista ao OitoMeia, o climatologista Werton Costa explica que é normal ter chuvas no período do B.R.O. BRÓ, mas em quantidades menores se comparado aos outros períodos.

“Chuva no período do B-R-O Bró acontece. Se nós pegarmos todas as estatísticas climatológicas, ou seja, todos os dados armazenados na chamada série histórica, vão demonstrar em vários meses do B-R-O Bró registro de ocorrência de chuvas. A única questão que se impõe é que no período do B-R-O Bró os volumes chuvosos colhidos são inferiores ao do período chuvoso porque a chuva depende de um canal de umidade, ou seja, um corredor de nuvens que transporta a umidade do oceano para o interior do continente”, disse.

“A frequência deste corredor, a intensidade desse corredor é que determina o período chuvoso. Quando nós estamos no período chuvoso, esse corredor está com a potência máxima e está estacionado sobre o continente. Quando estamos fora do período chuvoso o corredor se distancia para o alto mar não provocando chuva nas áreas continentais. O que acontece durante o período do B-R-O Bró? O período coincide com a primavera no hemisfério sul. Então, a partir do dia 23, a gente tem um período de máxima luminosidade, tem muita luz sobre o Nordeste. Consequentemente temperaturas mais elevadas e baixa umidade. Isso por si só conspira para não ter chuva”, completou.

O climatologista também explicou como são provocadas as chuvas e que há uma perspectiva de intensificação dessas chuvas.

“Se nós temos uma condição de baixa umidade e temperatura, ou seja, não vai formar nuvem. Porém, em alguns momentos, momentos excepcionais, a gente tem uma certa de unidade em pacotinhos. Então essa unidade que consegue entrar pelo Ceará, ou seja, Atlântico, Ceará, Serra da Ibiapaba, é ela que vai formar as nuvens isolados, as pancadas isoladas. É o que nós estamos presenciando neste momento. Se você observar bem, no ano passado nós tivemos fenômenos semelhante com as chamadas chuvas de outubro”, explicou Werton.

“Existe perspectiva de intensificação dessas chuvas, inclusive, a última previsão para o trimestre setembro, outubro e novembro, definida pelo Ministério da Agricultura, já apontava esse cenário de chuvas. Agora no final do mês nós teremos uma nova rodada de previsão que deve ser ainda mais vantajosa. Inclusive estamos torcendo que essa previsão seja extensiva a faixa sertaneja ali na Confederação Valenciana, microrregião de Picos. Vamos ver o que é que os previsores atualizam nesse sentido, disse.

Fonte: Oito Meia