GERAL
Empresários da carnaúba serão alvo de investigação do Ministério Público do Trabalho
A cadeia produtiva da palha da carnaúba é o próximo alvo do Ministério Público do Trabalho no Piauí. “Nós queremos responsabilizar os proprietários de terra coniventes com a situação de exploração dos trabalhadores rurais, bem como aqueles que adquirem o pó e a palha para revender, valendo-se das condições humanas degradantes oferecidas aos que laboram na referida atividade econômica”, afirmou o procurador do Trabalho Carlos Henrique Pereira Leite, que participou da operação Palha Acolhedora nos municípios de Guadalupe, Floriano e Nazaré do Piauí na segunda quinzena de agosto. Na ocasião, cerca de 30 trabalhadores foram encontrados em condições degradantes de trabalho.
Na primeira inspeção na localidade Lagoa da Barra, cerca de 10 trabalhadores encontrados em situação análogas à de escravo foram resgatados pela força-tarefa integrada pelo MPT, Ministério do Trabalho e Emprego e Polícia Rodoviária Federal. “Encontramos os trabalhadores em situação de total desrespeito à dignidade humana. Fazendo as necessidades físicas no mato, bebendo água de lagoa barrenta, comendo alimentos de baixo teor nutritivo e preparados sem nenhuma higiene”, relatou o procurador.
A diligência revelou mais irregularidades: nenhum trabalhador utilizava equipamento de proteção individual, como botas, luvas e óculos de proteção; todos dormiam ao relento, em redes armadas nas árvores ou sobre palhas de carnaúba no chão. Além disso, todos os trabalhadores estavam sem registro na Carteira de Trabalho e Previdência Social.
Foto: Ascom
Nas localidades Pilões, em Floriano, Pitombeira e Ansiada, em Nazaré do Piauí, as condições de trabalho encontradas pela força-tarefa não foram muito diferentes. Trabalhadores bebendo água de poço, a maioria sem EPIs, sem banheiro e ganhando diária equivalente a R$ 45.
Foto: Ascom
Nada se perde
A Carnaúba é uma das principais espécies extrativas do semiárido nordestino. As tarefas envolvidas nesta cultura envolvem a retirada (corte ou poda) das folhas, a secagem e a “batida” das folhas (extração do pó). A atividade de extração do pó da folha da carnaúba está concentrada basicamente nos estados do Ceará, Piauí e Rio Grande do Norte, de onde sai praticamente toda a produção brasileira.
Foto: Ascom