Maior best-seller infantil piauiense faz releitura de cantigas de roda e vende mais de 25 mil exemplares

O músico, compositor e palestrante Isaac Folha participou do quadro ‘Vai um Cafezinho’, do programa Piauí de Riquezas, deste sábado (24). Na oportunidade, ele falou sobre o seu livro ‘Cantigas de Valor’, que já vendeu mais de 25 mil exemplares e atualmente é o maior best-seller infantil piauiense.

Isaac também é membro da Academia Brasileira de Ciências, Artes, História e Literatura (Abrasci), onde foi condecorado em São Paulo e recebeu uma medalha oficializando convocatória.

“Quando eu recebi o convite da Abrasci, eu fiquei muito feliz, porque querendo ou não a gente está longe dos grandes eixos, o Piauí está distante do eixo Rio-São Paulo e foi uma surpresa muito boa. E a segunda surpresa foi saber que seria a cadeira de Assis Brasil, acho que nem caiu a ficha ainda, mas tô feliz demais”, afirmou.

O escritor atribui seu reconhecimento ao sucesso de seu livro Cantigas de Valor. Durantes sete anos pesquisou pelo Brasil as principais músicas que eram cantadas tradicionalmente e seus significados em cada região.

Essas expedições foram possíveis pela sua profissão de palestrante. Além disso, Isaac também é formado em pedagogia e trabalhava com música.

“De lá pra cá eu fui vendo que as escolas tinham um discurso, porém na prática era diferente. Eu viajava o país inteiro e eu pesquisava qual era o universo de cantigas, por exemplo, no Sul do país. Temos músicas de vários folclores diferentes. E eu descobri várias coisas terríveis. Por exemplo a música Sambalelê, que diz Sambalelê tá doente / Tá com a cabeça quebrada/ Sambalelê precisa / era de umas boas palmadas. E eu descobri que, possivelmente, é um senhor de engenho cantando essa música, que não se importa com o sofrimento alheio, do negro escravizado. Então como é que a escola canta algo que é diferente do discurso inclusivo dela?”, questionou Isaac.

Segundo o autor, as descobertas o inquietou até lançar seu livro Cantigas de Valor, que hoje é o maior best-seller infantil. Já está nas cinco regiões do país, em escolas particulares e até prefeituras. Foi através desta repercussão que seu nome foi indicado na Abrasci, onde o conselho deliberou sua entrada e o convidou para ser membro da academia.

“Essa medalha representa muito para mim e teve mais coisa, como o fardão que a gente veste na cerimônia , o certificado em papel moeda, porque cada detalhe que tem um significado, tem um valor”, comentou.

No livros 10 cantigas tradicionais são reescritas de forma leve e sem apologia a qualquer crime ou desrespeito com o próximo. Como é o caso da música ‘O Cravo e a Rosa’, que na versão original se trata de uma briga em que o Cravo agride a Rosa.

A releitura de Isaac é da seguinte forma:

O cravo abraçou a rosa
Debaixo de uma sacada
O cravo saiu contente
e a rosa avermelhada.
Os dois ficaram felizes
Se encontram para brincar
Tornaram-se bons amigos
e nunca mais vão brigar.

“Não é que a cantiga de roda seja ruim, a brincadeira de roda é saudável. Ela tem a integração com as crianças e tem a musicalização que a psicologia diz que toda criança que cresce com acesso à música, ela cresce falando melhor, ouvindo melhor as pessoas, lendo melhor o ambiente à sua volta. A música trabalha a cognição e a socialização. O que precisava ser mexido eram as letras”, explicou o músico.

O primeiro volume do livro reúne as cantigas mais conhecidas na região Nordeste. Segundo Issac, o volume 2 sairá em breve, com mais 10 músicas. Além disso, o escritor também planeja futuramente o lançamento de um musical com as canções de seus livros.

Fonte: G1 PI