PICOS | Famílias passam o mês de dezembro em condições sub-humanas debaixo de ponte

Todos os anos algumas famílias de outros estados – Paraíba, Ceará, Maranhão -, vem a Picos onde passam todo o mês de dezembro, permanecendo aqui até a passagem do Natal. Elas sempre se acomodam às margens do Rio Guaribas, debaixo da ponte e da passarela da Av. Senador Helvídio Nunes de Barros, na expectativa de receber roupas e mantimentos dos poderes públicos, igrejas e, principalmente, das pessoas que trafegam por ali diariamente.

Nossa equipe esteve no local e conversou com alguns dos moradores, dentre eles Wanderson da Silva Oliveira, 19 anos, natural de Fortaleza – CE. Ele informou que chegou a Picos há 15 dias e que já veio em duas outras ocasiões alegando receber algumas cestas-básicas da população. Até o momento Wanderson informou ter recebido apenas uma cesta-básica, mas tem expectativa de que as coisas melhores.

Wanderson, sua família – tia, mãe e duas sobrinhas -, passam todos esses dias em barracas montadas com papelão, lona e galhos, sofrendo com o sol, violência urbana, além do risco de doenças. Ele informou que uma de suas sobrinhas já está apresentando problemas de saúde. “Nós passamos muita necessidade, muitas vezes não tem o que comer, então, temos que dormir sem comer”, lamentou.

 

Para chegar a Picos ele e todos os demais conseguem carona nas estradas. Ele afirma que a sua família permanecerá na cidade de Picos até o dia 28 de dezembro, quando devem retornar para Fortaleza – CE.

A senhora Maria de Fátima, que aparenta ter bem mais do que 36 anos, reside em Timon – MA, e sempre vem a Picos no final do ano para, além de receber ajuda de pessoas mais caridosas, vender objetos de artesanato feitos com gesso. Ela os disponibiliza no calçadão, abaixo da passarela, e consegue comercializá-la com as pessoas que transitam pelo local.

No entanto, o dinheiro arrecadado não é suficiente para manter a família numerosa formada por duas filhas, neto, irmão e esposa, daí a necessidade de também receber ajuda das pessoas em forma de doação. Ela afirmou que espera logo pela passagem do Natal para regressar a sua cidade, lamentando o forte calor de Picos.

A cidade de Picos parece ser um dos pontos de convergência dessas famílias devido ao seu entroncamento rodoviário, com grande fluxo de pessoas, além da caridade recebida.

Fonte: Folha Atual