GERAL
Projeto distribui absorventes para mulheres em situação de vulnerabilidade no Piauí
O projeto Girl Up surgiu há dez anos como uma iniciativa da Fundação das Nações Unidas de engajar meninas na luta local em prol da equidade de gênero. Em qualquer lugar do mundo uma menina pode fundar um clube, cadastrando-o na plataforma virtual do Girl Up e reunindo outras garotas que tenham como objetivo promover a equidade de gênero. No Piauí o projeto é tocado por Lívia Fontenele, presidente e fundadora do Clube Girl Up Teresina.
O projeto visa, de início, a coesão de garotas: meninas unidas são mais fortes em suas metas e pretensões. Para que o grupo cumpra seu objetivo primordial, são realizadas reuniões para debate de diversas temáticas relacionadas à seguridade dos direitos femininos, identificando problemas e encontrando soluções, e ações de defesa, arrecadação e propagação de informação.
Na questão da defesa, o Girl Up advoga junto a parlamentares para a aprovação de leis que assegurem os direitos pelos quais o grupo luta. No Brasil, o Girl Up protocola projetos de lei de combate à pobreza menstrual. No Piauí a ideia é a mesma, com o contato com deputados estaduais para garantir absorventes gratuitos no Estado.
Em Teresina não é diferente. O clube da capital distribuiu centenas de absorventes através de instituições de serviço social da cidade. “Ainda há poucas pesquisas em relação à pobreza menstrual no Brasil, então, consequentemente, os dados em Teresina são ainda mais escassos. Com os dados que temos, mais de 25% das meninas brasileiras de 14 a 17 anos não têm acesso a absorventes e, com as poucas pesquisas no Piauí, os índices chegam a 30%”, estima Lívia.
A pobreza menstrual afeta até mesmo nas relações sociais. “Além de um problema de saúde pública, já que pobreza menstrual interfere na regulação do ciclo hormonal e na higiene física de milhares de meninas, o que mais preocupa são as consequências no trabalho e na educação. O fato de mulheres e meninas não terem acesso a um item básico de higiene as afasta das escolas, em dias de fluxo, e do trabalho”, acrescenta a presidente e fundadora.
Absorvente para quem precisa!
Lívia Fontenele explica que as meninas de Teresina vivem uma situação grave de vulnerabilidade social. Daí a necessidade de combater a falta de absorventes nos lares mais pobres. “Em Teresina, é ainda mais preocupante, já que se acentua as disparidades socioeconômicas e de gênero já existentes. Justamente por isso é tão necessário erradicar a pobreza menstrual. No Piauí, as meninas do Girl Up elaboraram um Projeto de Lei que, hoje, está na ALEPI para democratizar o acesso a absorventes para todas as mulheres piauienses. Mas como a colocação de uma lei em prática é extremamente demorada, estamos suprindo as necessidades das mulheres teresinenses por meio de doações”, considera.
O grupo permanece arrecadando e distribuindo asborventes. “As distribuições feitas pela arrecadação, que ainda está acontecendo, foram para assistentes sociais que distribuem kits de higiene a mulheres de rua teresinenses, para a Casa Zabelê, para o Carmelo e para a Casa Savinna Petrilli. Até agora, foram mais de 550 pacotes de absorventes distribuídos, mas as distribuições ainda não cessaram”, contabiliza Lívia.
Casa de Zabelê: uma das instituições beneficiadas
A Casa de Zabelê atende mais de 100 meninas que precisam da instituição para tomar banho e coletar o próprio fluido menstrual de forma saudável. Os kits de higiene, que incluem shampoo, sabonete e absorvente, são distribuídos todos os meses. Com a pandemia, a demanda cresceu, e o apoio do Girl Up foi fundamental nesse processo.
É o que explica Suely Coelho, coordenadora da Casa de Zabelê. “Nós atendemos crianças, jovens e famílias em situação de vulnerabilidade social. Principalmente aquelas que sofreram abusos, violência e exploração sexual. A pobreza menstrual é uma realidade preocupante. A maioria das meninas que atendemos não têm condições de comprar um absorvente, que a cada dia que passa fica mais caro”, atesta.
A coordenadora afirma que essas garotas merecem zelo e proteção. “Algumas meninas até recebem uma bolsa que a gente paga, mas esse valor é mais para suprir a alimentação. Falta para o absorvente”, finaliza.
Fonte: Meio Norte