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Semiárido: uma luta além das possibilidades

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Quando pensamos em semiárido, logo imaginamos um universo relacionado ao campo, pessoas e lugares ligados à agricultura camponesa. Mais do que isso, a seca é um tema comum quando a palavra ‘semiárido’ surge em algum contexto. Este cenário, tão amplo e facilmente visualizado, é comumente divulgado pela mídia e se torna lugar comum nos diálogos sociais.

A cidade de Picos, localizada no centro-sul piauiense a 306 km da capital Teresina, é um dos municípios brasileiros inseridos neste contexto. Aqui o clima se divide em duas estações mais expressivas: o inverno e o verão, que se revezam, mas nem sempre de forma igualitária. Prova disso é a estiagem prolongada que há pelo menos cinco anos se arrasta pelos grotões do Estado.

E é dentro deste cenário de fragilidades onde se poderia imaginar que a vida não tem condições de sobreviver, que o sertanejo vive e mostra sua força, fazendo valer a máxima do escritor Euclides da Cunha que já antecipava, em “Os Sertões”, que “o sertanejo é, antes de tudo, um forte”.

Mesmo em meio às dificuldades do clima, a produção do mel de abelha é uma das potencialidades que vem se destacando ano após ano em Picos e nos municípios circunvizinhos.

A economia da cidade é aquecida por um forte setor terciário, com ampla oferta de serviços e comércio, que a transformam no terceiro maior município piauiense em arrecadação de ICMS, perdendo apenas para a Capital e para Parnaíba, esta última no litoral do estado. Um dos fatores que ajudam nesse índice é a localização geográfica privilegiada, estando a cidade localizada no segundo maior entroncamento rodoviário do Nordeste.

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Por outro lado, o setor primário – com ênfase na agricultura familiar e criação animal – vem sendo reduzido anualmente, especialmente em épocas de estiagem prolongada. A morte prematura do Rio Guaribas ajudou no declínio da produção agrícola e animal. A água do rio era utilizada na irrigação de roças e no consumo dos animais de pequeno, médio e grande porte.

Desta forma, percebemos que o semiárido não é uma condição que deva ou mereça ser combatida. Aqui a vida e a cultura pulsam de forma intensa e as potencialidades desenvolvidas e cultivadas por nossa gente se destacam em meio à terra batida, provando que a sobrevivência de forma digna depende menos do clima e mais das políticas públicas desenvolvidas pelos governantes.

Thiago Sousa – Estudante do Projeto Jovens Radialistas do Semiárido, executado na cidade de Picos pelo Instituto Comradio do Brasil

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