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SETEMBRO AMARELO | Precisamos falar do luto por suicídio

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Chegado o mês de setembro somos inundados por uma “onda amarela” de posts, textos, fotos e falas. Nacionalmente desde 2015, o mês de setembro é dedicado à Campanha Setembro Amarelo, que objetiva a prevenção ao suicídio com a mobilização e conscietização da sociedade.

Apesar de ser uma pauta mais que urgente, ao longo dos anos a campanha tem recebido críticas e virado alvo de memes, isto porque na visão de muitos, a causa tem sido banalizada e utilizada como símbolo de autopromoção, principlamente nas redes sociais.

Dito isto, os números sobre o sucídio assustam. Segundo dados do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM), entre 2010 e 2017, o Piauí registrou uma média de 10 mortes por suicídio a cada 100 mil habitantes, ultrapassando a média nacional que é de 5,6 mortes.

Para além da prevenção, cuidado, atenção e rede de apoio com aqueles que têm comportamentos suicidas, precisamos falar das pessoas que perdem entes queridos dessa forma.

O luto é diferente?

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Conversamos com a psicóloga Yanka Pacheco Gonzaga e ela esclarece o questionamento.

Yanka começa explicando que o luto é o sentimento gerado por perdas que vão para além da morte, assim, indo desde questões mais cotidianas, como a perda de um emprego ou o fim de um relacionamento, até a finitude de uma pessoa querida. “A dor será proporcional ao significado da perda. A tristeza é uma característica marcante nesse processo, é o sinal mais evidenciado”, afirma.

Psicóloga Yanka Pacheco

Segundo ela, o luto pode apresentar reações físicas, espirituais, sociais e comportamentais. “É importante ressaltar que apesar de ser considerado um fenômeno universal, cada pessoa irá vivenciá-lo de uma maneira singular e enfrentá-lo de forma distinta, se ajustando à perda a sua maneira. Sendo assim, o luto é um processo de mudanças que requer adaptações”.

O luto por suicídio é diferente?

A resposta é sim. Conforme a psicóloga, estudiosos apontam que o luto por suicídio é diferente porque se manifesta de maneira violenta, caótica, angustiante e dolorosa, portanto, os enlutados tendem a ter sentimentos mais específicos.

“O sentimento de impotência e de culpa – se questionando, por exemplo, sobre o que poderia ter feito são uns dos sentimentos mais prevalentes nos enlutados por suicídio, tornando essa vivência mais complexa e dolorosa para estes do que para os enlutados por outros tipos de morte”.

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O fato é que o luto deve ser encarado como um processo de diferentes estágios, mas o ideal é que ele seja um ciclo de passagem, onde a perda é sentida e superada de maneira saudável, e não como não como algo persistente.

“É de extrema importância conhecer os aspectos que definem o luto complicado para que se possa identificar as pessoas que estão nessa condição de vulnerabilidade física e mental. Perceber se ocorre a não apresentação das fases do luto normal no tempo certo ou se há um prolongamento indefinido do luto, onde predomina ansiedade, tensão, inquietação, isolamento, dentre outros sintomas”.

Ela continua. “Apesar de cada pessoa experienciar o luto por suicídio de maneira singular, é importante que todas elas encontrem formas de ressignificar e de se reajustar ao meio, (re)descobrindo novos modos de ser e de estar em contato consigo mesmo e com o ambiente. É importante também ampliar suas redes de apoio, procurando suporte especializado, grupos de apoio e pessoas de sua convivência que respeitem seu processo”.

Para finalizar, pergunto a Yanka o que ela acha que precisa ser feito para termos resultados mais palpáveis no Setembro Amarelo e até depois dele. A psicóloga destaca o conhecimento e o não julgamento.

“Acredito que tenhamos que procurar ter conhecimento sobre o suicídio e parar de julgar pessoas com ideação suicida, pessoas que já tentaram o suicídio ou até mesmo àquelas que o cometeram. Quanto mais a gente se aprofunda no tema, menos julgaremos e, consequentemente, teremos mais recursos para acolher e dar suporte para as pessoas com risco de cometer o suicídio. O mês de setembro é referência na sua prevenção e combate, ou seja, é o mês de campanha. Porém, para que realmente tenhamos resultados palpáveis é preciso que não esqueçamos a importância de debatermos esse tema sempre, não só no Setembro Amarelo. É preciso que se torne uma luta diária”, pontuou.

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