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JAICÓS | Bomba da Agespisa queima e população fica sem abastecimento; açude Tiririca está em seu nível mínimo

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Torneiras vazias, moradores comprando água, famílias optando por passar a abastecer suas casas a partir de poços. Essa tem sido a realidade do município de Jaicós nos últimos dias, após a queima de uma bomba da empresa Agespisa, que deixou a população sem abastecimento.

Diante do problema, vários populares tem se manifestado nas redes sociais e relatam que estão sem água há 4, 5, 8 e até 15 dias. Nesta sexta (17), João de Edmundo, chefe do escritório local da Agespisa, se pronunciou sobre o problema, em entrevistas concedidas aos meios de comunicação da cidade.

“Houve um curto circuito de energia lá, pegou fogo, queimou a bomba, queimou o quadro, e a equipe da Agespisa está vindo para colocar uma nova bomba para ver se funciona mais alguns dias” informou ele.

Mas, a queima de equipamentos é o menor dos problemas. Com a falta de água, veio novamente à tona a dura realidade de Jaicós: a escassez que há anos o município enfrenta.

Segundo João de Edmundo, assim como aconteceu no ano de 2012, o Açude Tiririca está praticamente seco. “Hoje fomos tentar colocar mais uma bomba lá pra puxar a última laminha que tinha e não conseguimos mais entrar. Não tem mais água, a bomba travou porque puxou até a última. A situação é crítica, e a culpa não é minha, não é dos funcionários da Agespisa. Eu tenho o mesmo sentimento que os outros que não tem água para suas necessidades”.

João de Edmundo disse que a seca e aumento populacional são os principais motivos para a impossibilidade de abastecimento. “Lamentavelmente a gente vem sofrendo essa falta de água na nossa cidade, devido a falta de chuva, uma seca que assola a região há mais de 10 anos. O único manancial que temos é o Tiririca, que está praticamente seco. O açude ficou pequeno, nossa população aumentou e ele também não recebe mais a água que recebia, porque tomaram todos seus afluentes e devido as chuvas poucas o açude não repõe a sua capacidade”.

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O 5 poços que a empresa possui interligados à rede de abastecimento tem ajudado, mas não são suficientes. “Dos poços tubulares, nessa época os lençóis freáticos baixaram. Os que davam 10 mil litros hoje dão 3, 4, que é insuficiente para abastecer uma cidade do tamanho da nossa. Perfuramos 19 poços naquela época, encontramos 8 e hoje temos apenas 5, pois 3 secaram. E o açude está seco. Vamos colocar uma bomba lá pra ver se dá pra funcionar mais uns dias. Estamos vivendo um drama, a realidade é essa”.

Em meio às cobranças que tem recebido, o chefe do escritório explicou que não tem como solucionar definitivamente a situação. “Eu sou apenas funcionário da Agespisa, estou como chefe local, mas não tenho o poder de fazer algo, eu não administro recursos. Trazer água de Patos é algo que não podemos fazer, é uma obra caríssima, que nem o Governo do Estado se acha em condições de fazer. Mas só resolveremos o problema de Jaicós trazendo água de Patos”.

Ele disse que é preciso unir forças em busca de uma solução e que o prefeito municipal tem se preocupado com a situação. “Esse é um momento em que as autoridades precisam estar de braços dados, pensando no povo. O prefeito Neném de Edite está preocupadíssimo com essa situação, está correndo atrás, os deputados dele também, mas a questão é o financeiro. Mas mesmo assim, precisamos cobrar até conseguir, não podemos desistir”.

Por fim, João de Edmundo destacou que a Agespisa trabalha em busca de uma solução temporária. “Todos da Agespisa já estão sabendo do problema de Jaicós. O diretor da regional sul esteve aqui, fomos ao açude. Estamos procurando alugar poços, conseguimos um e estamos tentando outro, mas infelizmente algumas pessoas não tem interesse em ajudar, preferem deixar o poço parado. Mas a empresa está em busca pra tentar resolver”.

Enquanto não há resolução para a problemática, a população tem sido socorrida através dos poços públicos e da compra de água. Em toda a cidade, a movimentação de carros abastecendo as residências é grande. Os pedidos são tantos, que aqueles que vendem água tem trabalhado até a noite, e cedo da manhã já iniciam mais uma jornada.

Nos poços públicos não falta gente em busca de um balde de água. Andando pela cidade muito se observa também vários encanamentos de água sendo feitos através de poços. Como se costuma dizer na linguagem popular “cada um se vira do jeito que pode”.

Maria Rodrigues de Carvalho foi uma das moradoras que decidiu ligar água de poço tubular para sua casa. “Aqui faz uns 8 dias sem água. Aí a gente não faz nada, tá aí roupa e louça pra lavar. A gente tem que ficar pegando água no ‘baldinho” aonde tiver um poço. Então, pela situação, sem poder, eu decidi ligar água do poço, porque no Tiririca não tem”.

A idosa encerrou dizendo que seu maior desejo é que tivesse água para todos. “Mas meu desejo era que tivesse água no Tiririca para todo mundo, pra ninguém ficar nesse sofrimento. Tem alguns que pelo menos tem um emprego, uma condição, pode comprar uma água, mas e quem só tem para as despesas de casa?. É difícil”.

Sem água nas torneiras há 4 dias, Leandro Rangel, morador do bairro Serranópolis, tem recorrido aos poços públicos. “Pra gente que tem criança pequena é ruim demais sem água, a gente não faz nada. Então, venho aqui no poço. De manhã vim e só deu pra encher meio balde. E aí quando não tem aqui tenho que ir lá na praça, e fica longe”.

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Ele disse que espera que o problema possa ser resolvido em breve. “São cinco pessoas na minha casa, o consumo é grande. Hoje mesmo tive que deixar de trabalhar para abastecer lá em casa. Faz 4 dias que estou nesse “rojão”, só buscando água”. Então, acredito que não só eu, mas toda a população espera que apareça uma solução mais rápido possível”.

Maria da Conceição, todos os dias, tem ido até o poço mais próximo da sua casa em busca de água. “Tá uma tristeza, mais de 10 dias que não vem água. Eu tô carregando água direto no sol quente, 2, 3 horas da tarde. Tenho 52 anos e ainda tô com uma dor no “quarto”, mas “tô botando água”. Minha “valença” é o carrinho de mão. E as vezes ainda falta. Tem dia que 7 horas da manhã você não acha mais água aqui”.

Fabiano, que utiliza o poço localizado no bairro João Melé, disse que mesmo com o problema, ainda existe o desperdício, e alertou a população. “E mesmo com a dificuldade, a gente ainda vê desperdício. As crianças deixam torneira aberta, os adultos quebram torneira. As pessoas deviam preservar, zelar, ligar só na hora de usar. Cansei de desligar torneira tarde da noite. As crianças derramam e os pais não ligam. Tem que cuidar”.

José Araújo da Silva, trabalha fornecendo água. Ele vende mil litros por 30 reais, e informou que atualmente tem atendido a partir de 8 pedidos por dia.

Ele disse que nunca parou de vender, mas agora os pedidos aumentaram. “Tem que vender, até eu mesmo preciso porque não tenho água encanada em casa. Agora mesmo estou colocando na casa de uma filha, porque não tem também. Tem que ser um ajudando o outro, porque a dificuldade é grande. A gente é carente, sou doente da coluna, mas me arrisco trabalhar porque não posso parar”.

Seu José falou que há muito tempo não usa mais a água do açude. “Já está com uns 10 anos que mandei desligar a água da Agespisa, porque faltava muito e ainda é ruim. Nessas casas que tem água do açude pode olhar que nas caixas tem um ou dois “palmos de barro”. Então, comprei um carro velho só pra colocar água, comprei por necessidade. Aqui em Jaicós só tem rumo se colocarem uma adutora de Patos pra cá, porque o açude não tem mais entrada” concluiu ele.

Sobre o açude Tiririca

O açude Tiririca, único manancial do município de Jaicós, tem capacidade para 4,6 milhões de metros cúbicos de água, e uma parede de 260 metros de extensão e altura de 19,8 metros.

Construído em 1981, ainda no governo militar, o Tiririca chegou a sangrar apenas duas vezes. O ano de 2004 foi o último em que o reservatório atingiu seu limite máximo.

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