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JAICÓS | Centenas de trabalhadores migram para Matão em busca de melhores condições de vida

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“Estou indo com minha mãe, meu pai e minhas duas irmãs. É muito triste deixar meus amigos, minhas primas e ter que sair de Jaicós, ‘mas é obrigado’ para sustentar minha família. Já viajamos várias vezes”.

A fala é da pequena Maria Clara da Conceição, de apenas 9 anos de idade, que faz parte de uma das diversas famílias que estão saindo da cidade de Jaicós em busca de melhores condições de vida.

Ela está indo com os familiares, mas há também casos de diversas crianças que terão que ficar sem o abraço, cuidado e carinho dos pais, que partem de sua terra natal para que o pão não venha a faltar na mesa.

A migração de trabalhadores de Jaicós não é novidade, segundo relatos, teve início na década de 2000. Mas, a cada ano, quando uma multidão se forma na cidade à espera dos ônibus, a cena mexe com o coração dos moradores. Os momentos de partida são marcados por um misto de sentimentos. Lágrimas e tristeza estão presentes, mas também fé e esperança de dias melhores.

Na manhã desta quinta-feira, 27 de maio, essa cena se repetiu mais uma vez. Jovens, pais, mães, aguardavam para iniciar a viagem em busca de alcançar seus objetivos ou simplesmente de garantir o sustento.

Todas as semanas saem ônibus da cidade em direção a São Paulo, levando centenas de jaicoenses. Hoje, 8 ônibus de três empresas que atuam no município partiram levando não só passageiros, mas a bagagem de sonhos, medos e esperança de cada um deles.

O principal destino dos trabalhadores é a cidade de Matão, situada no interior de São Paulo. Eles saem daqui já contratados para o trabalho na safra de laranja.

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Paulo Silva Carvalho, 26 anos, está viajando pela primeira vez. Ele explicou que com a pandemia, as coisas ficaram mais difíceis. “As oportunidades de emprego estão poucas, então a gente tem que buscar em outros estados, porque está difícil. A pandemia veio e atrapalhou muita coisa na questão da renda, e a gente termina tendo que buscar um meio de sobrevivência melhor”.

O jovem diz que deixar as pessoas queridas é difícil, mas que vai com o intuito de conquistar algo e voltar para sua terra. “É a primeira vez que vou, mas sempre tem aquela tristeza por deixar os amigos, família, mas é necessário a gente ir. Todos que estão aqui com certeza vão com esse intuito de conquistar algo melhor, poder voltar e conseguir construir sua vida aqui”.

Maria Josinete da Conceição, estava no local se despedindo do filho, Carlos Eduardo e do irmão, José Neto. O filho está viajando pela primeira vez, em busca de conquistar seus sonhos. Já o irmão vai para a 10ª safra da laranja em Matão.

“Ele quer seguir o sonho dele, conseguir as coisas dele e a gente tem que deixar seguir, caminhar com as suas próprias pernas. Não podemos dar tudo que eles querem, então o certo é trabalhar né” falou ela.

Maria Josinete também disse que se preocupa, mas o fato do filho ir com seu irmão, traz mais um pouco de tranquilidade. “O tio vai e disse que queria levar ele e ele decidiu ir. Está tudo certo, vão começar a trabalhar já na outra semana. E eu tenho um pouco de preocupação, porque é a primeira vez que ele vai, a gente não sabe direito como vai ser. Mas fico também confiante porque ele vai com meu irmão, em que eu confio muito”.

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Ela disse que também se preocupa com a questão da pandemia, mas crê que Deus protegerá sua família. “Eu fico bastante preocupada também com a pandemia. Tenho muito medo, mas confio que Deus está com ele, com a gente, e com fé em Deus isso ai vai acabar e a gente vai seguir a vida que tínhamos antigamente”.

Erinaldo da Costa, 18 anos, viaja pela terceira vez em busca de emprego. Ele disse que há a tristeza por deixar a família, mas também a esperança de conquistar algo. “Aqui não tem emprego, então a gente se obriga a ir para fora para ganhar algo. A gente vai sem saber se a viagem vai ser tranquila, tem também o coronavírus. A gente vai com medo, mas entrega na mão de Deus, pois ele é maior. É sofrido ir, ficar longe da família, mas no final compensa porque o cara vai e consegue alguma coisa lá. Vou triste por deixar a família, mas com a esperança de conquistar alguma coisa”.

O jovem também disse que tem vários sonhos e que quando alcançar o que almeja, não pretende mais sair de sua cidade. “Tenho vários objetivos, um deles é construir minha casa própria, que creio que é o que todo mundo deseja. Lá consigo um renda e dinheiro que trago invisto em alguma coisa e depois volto de novo. Mas quando conquistar tudo que preciso quero ficar morando só aqui, pois é o lugar da gente, o Piauí é muito bom e o que a gente deseja é fica perto da família” concluiu.

A previsão é que os trabalhadores cheguem a Matão no domingo, 30, e no dia seguinte já devem começar a trabalhar.


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