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Jaicós

JAICÓS | Lideranças de instituições de vários municípios participam de formação realizada pelo IRPAA

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“Viver no semiárido é aprender a conviver”. É  nisso que o Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada (IRPAA), acredita. O IRPAA é uma organização não governamental sediada em Juazeiro, na Bahia, que tem como propósito desenvolver e executar ações de convivência com o semiárido.

Umas das ações desenvolvidas pela IRPAA é a formação continuada, visando discutir e compreender as formas apropriadas para conviver no Semiárido. Durante os dias 11, 12 e 13 de março, a equipe do IRPAA esteve no município de Jaicós, realizando um dos módulos da formação, que a organização já vinha desenvolvendo no município.

Participaram da formação pessoas que fazem parte de associações e grupos organizados, como lideranças da Obra Kolping, Fetag, Cáritas Regional Piauí, PVSA (Projeto Vem Ver o Semiárido), grupo Mulheres Guerreiras do Esquisito, Associação Remanescente Quilombola da Comunidade São José, Movimento Quilombola de Queimada Nova e Escola de Formação Paulo de Tarso.

A capacitação reuniu participantes das cidades de Pimenteiras, Picos, Teresina, Itainópolis, Jaicós, São José do Piauí, Campinas do Piauí, Queimada Nova, Pedro II, Pio IX e São João do Arraial.

O engenheiro agrônomo Luís Almeida Santos, atua como assessor produtivo no IRPA. Ele conta que as formações têm sido executadas em 5 estado do Nordeste. “Desde de junho do ano passado a gente vem executando as formações modulares em 5 estados, Bahia, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Piauí. Cada estado desse tem um grupo de multiplicadores já de organizações populares que discutem algumas temáticas sobre convivência com semiárido. A partir disso, as formações potencializam a incidência política nos locais de atuação dessas pessoas”, explicou.

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Luís disse que cada módulo teve objetivos específicos, todos voltadas para a melhoria na convivência com o semiárido.“O primeiro módulo foi sobre o clima e água, foi falado um pouco sobre as especificidades do clima semiárido. Em seguida a gente teve o segundo módulo sobre produção e geração de renda, que foi para discutir sobre as atividades produtivas no semiárido. O terceiro foi sobre saneamento básico, dando foco ao saneamento como um direito e apontando o saneamento básico rural, já que a maioria das lideranças que estão aqui são de comunidades rurais ou trabalham com populações rurais. A gente vê que na cidade tem o déficit muito grande desse direito que é o saneamento básico e o saneamento rural é praticamente inexistente”, contou.

O tema do quarto módulo foi Educomunicação. De acordo com Luís, a comunicação tem papel fundamental na construção de ideias sobre o semiárido, tanto positivas como negativas. Sendo assim, a formação tem por objetivo ensinar os multiplicadores, que são as lideranças das comunidades e projetos, a usarem os meios de comunicação para divulgar ações positivas sobre o semiárido.

“A comunicação de massa contribui para um tipo de olhar sobre o semiárido, ou seja, aquele semiárido inóspito, pobre, retratado como chão rachado e cabeça de boi seco. Isso na verdade traz uma perspectiva política muito forte e a mídia contribui com ideia de combate à seca. A gente vem na contramão, dizendo que é preciso criar uma estrutura de comunicação de base comunitária, construída pelo povo, a partir das suas reais demandas e buscar algumas ferramentas pra gente compreender que é um direito e que papel a mídia exerce em nossas vidas”, frisou.

Para a comunicadora Social do IRPAA, Gisele Ramos, a formação partiu de princípios que visam fortalecer o direito da comunicação “Essa formação partiu de dois princípios, discutir sobre o direito e as linguagens da comunicação. Esse é o momento para gente ter uma base mais crítica da mídia com relação ao monopólio, para entender como o cenário dela está no Brasil. O que eu compreendo é que essa comunicação de massa que nós temos hoje no Brasil não contempla nosso conteúdo da convivência com o semiárido”, afirmou.

Durante os três dias de atividades em Jaicós, foi discutido sobre linguagem de texto, rádio, vídeo e fotografia, com abordagens voltadas para a comunicação popular e comunitária. De acordo com Gisele, ações como essa devem ser fortalecidas e divulgadas através da comunicação.

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“A comunicação discutida aqui é aquela libertadora que dialoga com a educação de Paulo Freire, em que o sujeito é crítico e intervém, porque os públicos das nossas oficinas são multiplicadores da convivência com o Semiárido. O objetivo é pensar como olhar para a comunidade e divulgar essas ações, porque a comunicação tem o papel de anunciar e denunciar. A gente tem o papel de denunciar as injustiças sociais e trazer para a pauta discussões de assuntos que a gente não vê na grande mídia. A gente precisa fortalecer as ações positivas que acontecem nas nossas comunidades, divulgar a convivência com o semiárido, divulgar as tecnologias”, falou.

Normalmente as formações modulares são intercaladas, de dois em dois meses para que a equipe possa fazer o monitoramento da aprendizagem. “O objetivo do monitoramento é ver se surgiu alguma dúvida pós formação, orientar como está se dando a multiplicação. O monitoramento é feito em grupos menores, como por exemplo um grupo de uma determinada região, a gente vai vir para tirar alguma dúvida e monitorar como eles estão colocando em prática”, ressaltou Luís.

Se depender do agricultor, Raimundo Nonato de Sousa Primo, todo conhecimento será repassado. Raimundo mora na comunidade Lagoa Redonda em Campinas do Piauí, e estava representando a organização Obra Kolping. Segundo ele, o evento proporcionou conhecimento sobre a comunicação voltada ao homem do campo.

 “Aprendi muitas coisas boas, aprendi como se mobilizar com os companheiros, como fazer parcerias, como tratar a questão da educação e da divulgação. Quando se trata de divulgar tem que saber o que está falando nos meios de comunicação. É um aprendizado que a gente vai levar pra base e para não ficar só comigo, fazer um processo de desenvolvimento na cultura do nosso povo. Minha ideia agora, é quando chegar lá convidar as instituições, sindicatos, igrejas evangélicas e a católica pra gente fazer uma reunião e tratar sobre o projeto do IRPAA e tratar desses 4 módulos. Passar para os agricultores e para o município a importância dessa formação que a gente aprendeu no IRPAA”, contou.

A estudante Tamires Matos, de Itainópolis, estava representando a Cáritas Piauí. Ela contou sobre a contribuição da formação para sua vida acadêmica e profissional. “Estou aqui participando para agregar conhecimentos e estar levando para as minhas palestras, reuniões e para a minha pesquisa, meu tema de TCC é sobre isso. Cada encontro é mais conhecimento, hoje aprendi muita coisa sobre comunicação. Eu já precisei disso há muito tempo atrás e agora fiquei sabendo uma base para saber como se comunicar. Eles apresentaram aqui vários recursos pra gente. Foi gratificante e muito produtivo pra gente levar para as nossas comunidades, instituições e projetos”, destacou.

Por meio do trabalho realizado, a equipe do IRPAA espera que os participantes apliquem todo o conhecimento nas formações em suas comunidades.“Essa formação surgiu para que os multiplicadores refletissem sobre questões ligadas a conivência com o semiárido e a questão da mídia, pensar ferramentas de multiplicação porque o nosso objetivo é que esses multiplicadores possam difundir, incidir politicamente e construir esse conhecimento com pessoas que não puderam estar aqui. Hoje a gente discutiu sobre ferramentas que possam potencializar essa ação a partir da Educomunicação”, disse Luís.

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Por Tainara Sousa | Cidades na Net

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