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JAICÓS | Moradores aguardam há anos ligação de energia em residências e ponto comercial e clamam por soluções

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Uma longa espera para ter acesso a algo que deveria ser um bem fundamental. Inúmeras solicitações não atendidas, perguntas sem respostas, projetos não executados, promessas não cumpridas. Prazos e mais prazos.

Essa é a situação que alguns moradores do município de Jaic´´os tem vivenciado. O motivo é a demora por parte da empresa prestadora de serviço, Equatorial, para a ligação de energia elétrica em propriedades, que em alguns casos já dura cerca de seis anos.

Nesta semana, o Cidades Na Net ouviu alguns desses moradores que aguardam ansiosamente o dia em que poderão ver o acender das luzes em suas casas e pontos comerciais.

Edmilson dos Santos, mais conhecido como Gordim da Pizzaria, conseguiu realizar o sonho de construir seu ponto comercial, mas, o de trabalhar no novo espaço, teve que ser adiado. O local fica na saída para a cidade de Picos e está pronto há meses, mas ainda aguarda a ligação de energia elétrica.

“Esse local foi um sonho realizado, pois a gente tem aquela pizzaria no calçadão, mas sempre tive o sonho de fazer um estabelecimento coberto, pois ali no tempo da chuva prejudica muito a gente. Mas essa obra já tem uns 9 meses que terminei, e a gente não está trabalhando ainda por conta da energia, que é uma questão que tem me dado muito trabalho”.

A data da primeira solicitação para a ligação de energia, ele ‘sabe de cor’: 26 de outubro de 2020. No final de dezembro, completa-se 1 ano e 2 meses que ele aguarda a realização do serviço.

“Eu solicitei com antecedência, pois a gente precisava de energia para concluir o serviço aqui, mas se não fosse o vizinho ali eu não tinha terminado essa obra por falta de energia. Ele me arrumou a energia dele, eu comprei uns cabos de 90 metros para poder concluir. A maior dificuldade minha não foi construir, está sendo colocar energia” contou Gordim.

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Representantes da empresa estiveram no local, mas nada de concreto foi feito. “Na primeira vez que fui lá eles vieram aqui com 3 dias úteis, mas quando chegaram falaram que não conseguiram colocar a energia porque a rede que passa aqui em frente é da prefeitura e só tem energia de noite. Ele me mostrou qual seria o poste, que dá uns 70 metros daqui e disse que tinha que fazer uma extensão de rede. Então eu liguei para lá, com 15 dias o engenheiro veio e fez o projeto, disse que era para eu ligar lá 2 dias depois, mas eles não vieram. Falaram que se eu quisesse energia mais ligeiro, tinha que dividir a despesa com a empresa, ai eu falei ‘rapaz, eu não sou dono de Equatorial, quem tem que fazer o gasto é a empresa não eu’. Ela é prestadora de serviço e se a gente está precisando ela que tem que investir para atender a gente, não a gente gastar dinheiro e ela ter lucro em cima da gente” lembrou.

Depois da visita de três engenheiros para a realização de projeto, e nada sair do papel, Gordim decidiu apelar para a justiça. “Depois de meses eles prometendo, contratei um advogado e já faz 8 meses que está no juiz e até agora nada. Depois que coloquei na justiça já vieram dois engenheiros, que disseram que era mandado do juiz, mas não saiu. Aí eles prometeram agora para o dia 24 de dezembro, mas é até difícil a gente acreditar”.

Gordim informou que foi decretada uma multa diária de 200 reais para a empresa, caso não fosse cumprindo o prazo. “Eu acho que a multa está correndo para eles, mas parece que não vale nada para eles pois se valesse já teriam vindo colocar minha energia. E vem desse jeito aí, sem a gente ter mais o que fazer. Sinceramente, tem hora que dá vontade de desistir, porque a gente investe tanto numa coisa achando que vai começar trabalhar logo, mas fica nessa dor de cabeça. A gente se sente acuado, não tem mais a quem recorrer”.

O empreendedor disse que fez também uma solicitação para a retirada de uma rede que passa por cima da sua propriedade, mas foi informado que precisaria pagar para que o serviço fosse feito. “E tem outra coisa, essa rede que passa por cima da minha construção é 13 mil volts. Um funcionário mesmo falou que eu devia mandar tirar, pois é perigosa e se acontecesse qualquer acidente, me prejudicaria. Aí fiz a solicitação para eles tirarem e um rapaz da Equatorial me disse que eu teria que pagar a despesa para tirar. No meu entendimento a gente não tem esse dever, quem tem que fazer é a empresa, pois a rede está na minha propriedade. A gente não entende como isso aí funciona, estão queríamos que alguém visse e nos ajudasse nisso aí, pois estamos num caso muito sério”.

Por fim, Gordim disse que a chegada da energia representaria um sonho realizado. “Meu sonho era essa energia chegar, se viesse até o dia 24 seria meu presente de natal, eu ficava satisfeito. Eu não quero outra coisa, só a energia para a gente poder trabalhar, pois as coisas estão difíceis para todo mundo, e aqui pode até gerar emprego para as pessoas. Enquanto não sai, a gente vai começar essa semana a atender por delivery” finalizou.

Surpreendentemente, José Reinaldo e sua família aguardam há 6 anos a ligação de energia na residência em que moram no bairro Nova Olinda. As visitas e contatos à Equatorial são incontáveis, mas o resultado se resume apenas em promessas.

Ao lado da casa de Reinaldo, há mais duas residências fechadas aguardando também a ligação de energia. Os proprietários de uma delas moram na casa de uma familiar, enquanto a deles, construída como resultado de muito trabalho, segue vazia e de portas fechadas.

“Fiz a primeira solicitação no ano de 2015, eles disseram que iriam ligar, mas foram só aumentando prazo. O último prazo que eles deram foi até o mês de junho desse ano, mas até agora nada. Depois disso não fui mais lá, já cansei. Já fiz apelo de todo jeito, pois não tem como o caba morar sem energia. E sinceramente, não sei se eles vem um dia ligar essa energia” lamenta Reinaldo.

Ele contou que chegou até a sair de sua própria casa. “É muito ruim passar tanto tempo esperando, complicado. Para guardar as coisas tinha que levar para a casa da minha mãe, de noite a gente sofria no calor. Já até me mudei daqui uma vez, fui morar na casa da minha sogra porque nossa menina tem problema e é complicado a gente ficar no escuro. Passei 8 meses lá, depois voltamos para cá. Pensamos até em alugar um casa, mas o caba alugar tendo a sua, é complicado”.

Para Reinaldo, injustiça é a palavra que representa a situação. “Tem um poste perto, só dá 50 metros daqui pra lá. Eles dizem que aqui é rua nova, projetada, mas não é, é continuidade da Nicolau Jubilino de Sousa. E aí todo mundo se sente injustiçado aqui, são 6 anos, uma situação complicada” concluiu.

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Quem também aguarda a prestação do serviço pela Equatorial, é Ana Carvalho, que mora no bairro Serranópolis e possui uma roça localizada no bairro João Melé, que fica a apenas 1.5 km da sede da cidade. Ela e o esposo também esperam há mais de 1 ano a chegada da energia na propriedade.

“Estamos aguardado a ligação de energia há 1 ano e 8 meses. Sempre procuramos eles, ligamos para a Equatorial, já estamos ligando até para Anatel, mas não temos uma resposta. Eles já vieram, colocaram, os postes lá, mas já está com meses e não retornaram. Ontem fomos no escritório de Picos para saber, mas eles disseram que não sabe qual a demanda. Uma hora eles disseram que não tinha material, agora que não tem funcionário para exercer, e não deram solução para nós de quando vão finalizar”.

Para eles, não ter energia na propriedade tem resultado em prejuízos. “A gente está correndo atrás da energia porque precisamos. Temos um poço equipado e meu esposo trabalha colocando água no interior com carro pipa, mas estamos comprando água, pagando em torno de 800 reais por semana. Se a gente já tivesse a energia em nosso poço esse lucro vinha para nós e poderíamos investir em algo, mas temos o poço pronto e não podemos usar. Há tempo estamos correndo atrás e não encontramos solução”.

Ana disse que caso a empresa não resolva o problema até este mês, ela também pretende buscar a justiça. “A energia passa perto, tem nas roças vizinhas e inclusive tem um poste dentro da nossa roça, mas é uma ligação que o pessoal parece que fez de forma privada, aí eles querem que a gente pague. A Equatorial diz que a rede é deles, mas eles querem que a gente pague. Mas o que nós queremos, de qualquer maneira, é a energia, pois necessitamos dela. Só que infelizmente não sabemos mais o que fazer, eu ligo toda semana e sempre é a mesma coisa. Já recorremos a quem podíamos, agora estamos esperando e ficando no prejuízo. Queremos aguardar só esse mês e se não tiver solução vamos procurar a justiça, pois estamos no nosso direito”.

Edileusa Lopes, mesmo com sua residência construída, está pagando aluguel. Ela morou por mais de um ano em sua casa própria, sem ter energia, mas há 5 meses decidiu se mudar.

“Fui obrigada sair da minha casa, e agora, sofrendo ou não, só quero voltar para lá quando chegar energia. Não é fácil, foi triste sair da minha casa, mas sem energia não dá para ficar mais lá. Nesse ano que morei lá era sofrendo, tinha que guardar as coisas longe nas casas dos outros” contou.

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Edileusa solicitou a ligação de energia no mês de abril. Na casa, tudo está instalado. A empresa já esteve no local, verificou e aprovou a instalação, mas há meses Edileusa aguarda a conclusão do serviço.

“Na casa por dentro já está tudo no jeito, eles já deram por aprovado, e o que falta na minha agora é a rede de poste. Eles tiraram foto, jogaram no sistema e disseram que era só aguardar, mas está demorando. Já estou para não aguentar, minha casinha lá é boa, mas sem energia fica difícil para nós”.

Apesar de tudo, ela tem fé que um dia voltará para sua casa. “Estou doida para voltar para minha casa, é meu sonho. Eu sou uma pessoa de fé, sei que Deus é bom e acredito que ele está preparando para a energia chegar e a gente poder voltar para lá” concluiu ela.

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