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HISTÓRIAS DA NOSSA GENTE

Mesmo de muletas, jaicoense participa toda semana de atividades da igreja e é exemplo de perseverança

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Uma grande e inabalável fé é o que o move todos os dias e o fortalece para de cabeça erguida, passar por cima das barreiras. O problema físico que ele enfrenta, se torna um detalhe diante da sua coragem, vontade e alegria de viver.

Francisco Jurandi de Lima Oliveira, jaicoense, 46 anos de idade, é o protagonista de mais uma, entre as várias histórias de superação que o portal Cidades na Net já contou e ainda irá contar.

Jurandi, como é popularmente conhecido em Jaicós, faz o uso de muletas, devido a um problema que surgiu ainda na sua juventude. “Meu problema é só que os nervos das pernas ficaram duros. O médico falou que tenho que andar, se não entrevo e aí terei que usar cadeira de roda. Tive esse problema com 20 anos. Comecei andar de bicicleta, e andava como se fosse bebâdo, até que não consegui mais de jeito nenhum. No dia mesmo que descobriu, eu acordei de manhã e fiquei todo duro na cama, aí minha mãe me levou no médico e ele disse que eu até andaria, mas se fosse de muleta”.

Ele disse que nunca chegou a fazer um tratamento. “Tem muita gente que diz que seu eu fosse em Teresina podia fazer uma cirurgia e andar, nem que fosse “coxo”. Mas depois que descobri o problema nunca fiz nenhum tratamento, pois não tenho ajuda, e para fazer pelos outros, não dá certo, aí fiquei assim mesmo”.

O jaicoense viveu por um longo período preso a uma cama, até que corações bondosos surgiram em seu caminho. “Fiquei por anos prostrado, só de cama, sem poder ir para lugar nenhum. Essas muletas que eu estou usando foram os filhos de Deus do ‘Terço dos Homens’ que viram minha situação e me deram. Para mim foi uma alegria muito grande, eu fiquei admirado quando o Silva chegou lá em casa com essas muletas, e eu disse “Silva, só vocês mesmo pra fazer isso’. A igreja me ajuda muito, seu Nelito mesmo já me ajudou até com meus remédios” conta Jurandi.

Com o equipamento para o auxiliar, mas principalmente, a fé no criador, ele começou a participar de todas as atividades da igreja. “Mesmo de muleta eu vou para todo lugar, e venho para a igreja porque tenho muita fé em Deus e é Ele quem me ajuda para que eu venha. Quando venho andando sempre costuma aparecer alguém que dá uma carona, mas se precisar vir a pé, eu venho. Domingo mesmo vim para a procissão de Ramos a pé, uma mulher até perguntou ‘quer que arrume alguém para te buscar?’, e eu disse não, pode deixar, eu vou com Deus na minha frente”.

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Para participar da abertura do festejo da padroeira da cidade, Jurandi sai de casa antes do amanhecer. “No primeiro dia dos festejos de setembro eu sai de casa 4 horas da manhã e 6 horas estava aqui na igreja pra assistir a primeira missa, a abertura. E minha mãe diz ‘Jurandi, o que tu vai fazer na igreja essa hora?’, e eu digo, mãe, eu vou com Deus na minha frente e nossa senhora do lado. Não é tão difícil vir, agora se eu parar, minhas pernas ficam ruins, tremendo, aí eu tenho que conseguir vir direto”, conta ele.

Para muitos, ele se tornou um exemplo de superação e fé. “Eu participo de tudo, toda programação da igreja eu estou, porque tenho muito fé. O povo fica admirado quando me vê, fica olhando para mim e diz ‘rapaz, você é um homem corajoso, que tem muita fé”. E eu digo ‘fé eu tenho, tem gente que não tem, mas eu tenho muita’. O padre mesmo já chegou para mim e disse ‘rapaz, você é homem que tem muita fé, porque toda coisa da igreja está presente”.

Até mesmo na tradicional Missa da Santa Cruz, onde os fiéis sobem uma enorme escadaria para chegar ao topo do Morro dos Três Irmãos, lá está Jurandi. “Todos os anos vou também para a missa dos morros, porque tenho muita fé em Deus. Esses batentes da igreja eu subo todos e o padre fica com medo que eu caia, mas eu digo a ele ‘padre, se a gente olhar para trás cai, por isso temos que seguir em frente, e é assim que faço, tudo em nome da fé. Até para a Fazenda da Esperança eu fui. Minha mãe não queria que eu fosse sozinho, mas eu disse ‘mãe, eu vou com Deus e os amigos da igreja”.

Ele disse que é muito querido por todos na igreja. “O povo da igreja gosta muito de mim, graças a Deus. Nelito mesmo me adora, na hora que termina a missa ele já pergunta logo ‘tu vai embora com quem?’, aí ele diz ‘eu vou falar com uma pessoa pra ir lhe deixar, porque você é um católico mesmo, não perde missa’. O povo me recebe muito bem. Ontem mesmo, na procissão de ramos, eu estava em pé de muleta, aí teve uma mulher que disse assim ‘você não pode ficar em pé’, aí ela saiu do banco para me dar o lugar pra sentar. E quando fui embora ainda teve uma mulher que foi me deixar”.

Por fim, Jurandi disse que é grato a Deus, e que enquanto Ele permitir, seguirá firme na sua fé. “Venho quatro dias na semana para a igreja, mas quando sei que tem missa venho direto. Faço parte também do Terço dos Homens e venho toda terça de noite. A igreja me ajuda muito, meu coração fica alegre quando estou lá, me sinto muito bem quando os irmãos me ajudam. E enquanto Deus permitir vou seguir participando de tudo. E eu não reclamo da minha condição, só agradeço muito a Deus por tudo, porque não só na igreja, mas em todo lugar que vou, graças a Deus o povo me recebe muito bem” finalizou.

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