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Um pouco da vida, poesia e sonhos do jovem cordelista picoense Paulo Pereira

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“Sisudo, observador, sincero, sem medo de falar o que pensa. Extremamente apegado a família e amigos. O Poeta Paulo Pereira é nada mais, nada menos, que alguém do povo.Tudo que Escrevo é pra ajudar eles”

A afirmação acima é do jovem picoense Paulo Henrique Pereira, ou simplesmente, Paulo Pereira, filho de Docarmo, como ele mesmo se descreve e como é mais conhecido. O jovem de 22 anos de idade é cordelista e tem conquistado a admiração de muitos com seus versos.

De origem humilde, nascido no município de Picos, Paulo cresceu no bairro Parque de Exposição, um dos mais afetados pela criminalidade. Ele conta que passou por muitas dificuldades, motivo que o levou a começar a escrever. “Eu já sofri muito. Trabalho desde criança, cresci sem pai, muitos alcoólatras na família, suicidas. Cresci traumatizado, revoltado, mas graças a Deus fui curado disso. Passei a escrever sobre tudo que já vivi pra tentar ajudar alguém que também passe por isso. Uso minhas cicatrizes pra mostrar para os feridos que existe cura” disse.

O “filho de Docarmo” começou a escrever aos 6 anos de idade. Quando completou 8 anos, ele conheceu a Literatura de Cordel, através de um livro que ganhou de sua mãe. “Eu sempre lia trechos de Patativa do Assaré, poeta que mais admiro. Mas minha paixão por escrever surgiu após ler um livro de João Ferreira de Lima, que ganhei da minha mãe. Lembro que no dia que ganhei, li o livro 3 vezes. “As proezas de João Grilo”, livro fantástico. Desde então, tudo que escrevo, é em cordel” contou.

Segundo Paulo, esses dois poetas citados por ele foram as figuras que mais o inspiraram.”O mestre Patativa do Assaré era um gênio, sempre via algumas de suas poesias em livros, ficava encantando. Um cara iletrado, com uma sabedoria daquela. Outro foi João Ferreira de Lima, poeta Pernambucano. Acho incrível a forma que ele escrevia. Conseguia utilizar o humor pra transmitir o que pensava” falou.

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Para ele, o cordel é uma forma de expressar o que sente. “O cordel representa muitas coisas para mim. Escrever cordel me acalma. É como se o peso no meu coração fosse aliviando a cada frase escrita. Há uma história por trás de cada frase que faço,seja algo engraçado, sério, de protesto ou de reflexão. Através do cordel consigo expressar tudo o que sinto” ressaltou ele.

Durante muitos anos o talento do jovem poeta esteve escondido, pois ele escrevia, mas não recebia nenhuma forma de apoio ou incentivo. Foi somente ano de 2016, quando o blog valorizando a cultura lançou uma matéria sobre ele, que a realidade começou a mudar. A matéria postada pelo blog contou um pouco sobre a paixão de Paulo pela literatura de Cordel e mostrou um de seus cordéis, o “Empresário do sertão”, que foi escrito a partir de uma história contada por outro poeta.

Hoje, Paulo escreve cordéis e versos e compartilha todos nas redes sociais. Entre os poemas postados por ele, os que mais repercutiram foram “Dar fim a própria vida não é a solução” e “Político que trabalha não faz mais que obrigação”.

Além de postar nas redes sociais, Paulo apresentou o poema “Dar fim a própria vida não é a solução” em dois eventos. O primeiro foi realizado em Jaicós e o outro um evento beneficente na cidade de Itainópolis. O poema trata sobre o suicido e incentiva as pessoas a valorizarem a vida. Para Paulo, esse foi o poema que mais o marcou.

“Com certeza, o cordel que fiz sobre suicídio foi o que mais me marcou. Terminei ele em lágrimas. Chorei muito. Perdi parentes e amigos para o suicídio. Lembrei de cada um deles. Quase não consigo declamar o cordel em um evento que teve. Tanto que não consigo ver o vídeo sem me emocionar. O que me conforta é saber que minha poesia tem ajudado alguém a desistir dessa ideia de suicídio” conta ele.

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O cordel que mais chamou a atenção dos internautas foi o de título “Político que trabalha não faz mais que obrigação”. O vídeo em que Paulo declama o cordel, que foi postado no Facebook, já passa de 265 mil visualizações, 5.000 curtidas e 9.000 compartilhamentos. “Fico feliz com a repercussão do vídeo. É sinal que gostaram, concordaram com o que falei. Acredito que muitos queriam falar aquilo. Quanto mais pessoas tiverem acesso ao cordel, melhor. Fiquei até mesmo surpreso. Nunca imaginei que tantas pessoas iriam gostar. São mais de 260 mil visualizações e 9 mil compartilhamentos. Isso me incentiva a escrever mais” diz.

Perguntado sobre como tem reagido com relação à grande repercussão dos seus cordéis, ele respondeu ” Com humildade, pés no chão. Eu sei que não sou nada. Sou apenas um garoto que escreve alguns versos (risos). Ficar famoso não é meu objetivo principal. Eu só quero ajudar meu povo. Falar o que muitas vezes eles tem vontade, mas não tem coragem ou não sabem como. Se um dia eu chegar a ser famoso, tudo bem. Bom que vou representar meu povo, minha cidade. Mas minha missão é maior que isso. Escrevo pra Ajudar as pessoas de alguma forma”.

O “Poeta do povo”, como poderia ser chamado o jovem Paulo Pereira, tem buscado representar a população e pretende continuar sua missão. “Meu sonho como cordelista é ser um palestrante e utilizar meus cordéis, lançar livros… Tenho tantas coisas pra falar, tantas experiências pra contar. Já sofri muito e superei. Queria ajudar os que estão passando por dias difíceis. Levar um pouco de alegria, poesia, compartilhar minhas experiências com cada um” finalizou ele.

Confira o cordel “Político que trabalha não faz mais que obrigação”:

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