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Massapê do Piauí

Doença chamada “Carvão do milho” é registrada no interior de Massapê do PI; engenheira agrônoma explica causas e medidas de controle

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Um fato curioso ocorrido na cidade de Massapê do Piauí, chamou a atenção de moradores. No último domingo (16), uma espiga de milho com grãos cinzas, e de tamanhos desproporcionais, foi encontrada por uma moradora.

A espiga foi colhida por Clara Joana da Silva, na propriedade de sua mãe, situada na localidade Jacu, zona rural do município de Massapê do Piauí.

Segundo informações repassadas ao Cidades Na Net, pela irmã de Clara, esta é a segunda vez que uma espiga com essas características é colhida. O primeiro caso aconteceu na semana passada.

Procurada pelo Cidades Na Net, a Engenheira Agrônoma, Catiana Vieira, do município de Jaicós, informou se tratar de uma doença conhecida como Carvão-Comum-do-Milho, que é causada pelo fungo Ustilago maydis (DC) Cda.

Catiana também explicou sobre as causas da doença, como identificar e quais medidas podem ser adotadas para o controle da mesma. Confira:

Como é o nome dessa doença?

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É conhecida como carvão-comum-do-milho. É uma doença cosmopolita, ou seja, ocorre por todo o mundo. No Brasil é uma doença generalizada em todas as regiões de produção, mas ainda é considerada de importância secundária, ou seja: mesmo havendo a incidência do fungo na área, a doença não trará perdas significativas de produção.

Qual é o agente causador?

É um fungo, cujo nome científico é Ustilago maydis.

Como identificar as plantas doentes?

Quando visível, o fungo é de fácil identificação, podendo ser notado pela formação de galhas tumorosas, formando uma espécie de massa escura (origem do nome carvão do milho). Essa massa contém teliósporos (estruturas de propagação) do fungo, caso esses “tumores de massa” se rompam haverá a disseminação de esporos pelo solo, podendo viver ali por anos. O fungo em questão também pode ser disseminado facilmente pela chuva, vento, animais, aves e insetos. Com isso a identificação e eliminação das plantas infectadas são de fundamental importância.

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As galhas são encontradas com mais frequência na espiga (inflorescência feminina do milho), porém também podem se desenvolverem no pendão (inflorescência masculina), colmos, brotos nodais e nervura central das folhas. A infecção é localizada e vai depender da fase de desenvolvimento da planta infectada. O aparecimento das galhas surge aproximadamente sete dias após a infecção.

Quais as medidas de controle a serem adotadas para conter a doença?

Ainda não existem produtos (fungicidas) registrados no Ministério de Agricultura para essa doença. Sendo assim, o controle deve ser realizado por meio da adoção de boas práticas agrícolas empregadas na condução da cultura. Tais como:

Aquisição de sementes sadias – Pois sementes contaminadas, é um dos principais fatores de disseminação da doença;

Desinfecção das grades que serão utilizadas para preparo do solo – essa prática é muito importante e deve ser levada a sério por todos os produtores- ela evita não somente a disseminação do fungo em questão, mas também, de muitas outras doenças e plantas daninhas como o carrapicho.

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Controle hídrico quando possível – em caso do produtor disponibilizar de sistema de irrigação- considerando que o estresse hídrico favorece o desenvolvimento da doença;

Controle nutricional – evitar excesso de adubações nitrogenadas;

Seleção de semente para o plantio seguinte – é importante o produtor saber que não se deve armazenar sementes de áreas onde houve a incidência da doença;

Eliminação de plantas infectadas – devem ser retiradas, pois são fontes de inoculo, o agricultor deve ter cuidado ao retirar as espigas que contém essas “bolhas”, pois caso elas se rompam irão contaminar o solo e viver ali por anos, uma forma prática é utilizar sacos plásticos bem reforçados para recolher as espigas e descartá-las em locais distantes da plantação.

Rotação de culturas – sempre que possível o produtor deve mudar o tipo de cultura plantada na área, sendo que a cultura de substituição não pode ser da mesma família do milho (gramínea), e sim outras espécies como: feijão, mandioca. Se já planta milho e feijão em consorcio – passa a plantar somente o feijão por um tempo.

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Evitar a ocorrência de injúrias e de lagartas nas espigas.

Contudo, o produtor não precisa SE DESESPERAR com o surgimento inesperado desse fungo em sua plantação, pois como foi dito: até o momento ele é considerado uma doença secundária do milho e de início não lhe trará prejuízos significativos.

No entanto o produtor deve SE PREOCUPAR SIM e ao identificar o fungo, de imediato adotar as medidas cabíveis aqui citadas, uma vez que, se é secundário pode se tornar primário um dia e vir se tornar um problema sério, não somente para ele, mas para todos.

Possíveis causas do surgimento da doença

Provavelmente na aquisição de sementes contaminadas, isso associado à má distribuição das chuvas, pode ter favorecido a doença, considerando que o estresse hídrico é um fator que contribui para a proliferação do fungo.

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