Atendimentos do SAMU são prejudicados por falta de ambulância em Picos; Servidores lamentam más condições de trabalho

Existem ainda situações mais críticas, quando a única ambulância disponível precisa sem empurrada pelos profissionais porque a mesma apresentou problemas mecânicos. A reportagem do Folha Atual acompanhou por cerca de uma hora a atuação dos servidores do SAMU de Picos, na sede localizada no bairro Ipueiras. Neste pequeno intervalo de tempo, três chamados foram registrados, dois destes em menos de 10 minutos. A orientação para casos como este é atender a vítima que se encontra em estado de saúde mais grave ou pela ordem em que foi solicitado o atendimento.

Um servidor do quadro efetivo do SAMU de Picos, que pediu para ter a identidade preservada, lamentou a situação precária da instituição de saúde. Segundo ele, os salários atrasados que totalizam dois meses no dia 05 de fevereiro tem gerado pressão psicológica e insatisfação na categoria.

 “A ambulância não tem condições de trafegar. Estamos apenas trabalhando para que os serviços não sejam parados, mas não tem nenhuma condição de segurança para as equipes de plantão. O nosso salário está atrasado, as contas atrasam por não termos uma data certa de pagamento. Temos dívidas para pagar, famílias a sustentar e com esse atraso foge ao nosso controle. Pra trabalhar necessitamos pegar dinheiro de outras fontes”, afirmou o servidor.

O servidor explicou ainda que há cerca de três meses, o SAMU funciona apenas com uma ambulância que reponde pelos dois tipos de atendimentos: básico e avançado. O tempo de resposta que deve ser necessariamente 10 minutos também foi aumentado devido a falta do segundo veículo.

“Estamos com uma única ambulância ocorre de ter duas, três ocorrências e a gente vai atender aquela que tem mais prioridade e acabamos ouvindo a revolta da população, reclamando do atraso. Já teve casos de chegarmos e o paciente entrar em óbito”, disse ele.

Outro servidor do SAMU de Picos que está com três meses sem receber pagamento também pediu para ter a identidade preservada. Ele comentou que o quadro atual é o pior dos últimos três anos.

“A situação estava um pouco ruim, mas estava se mantendo. De agosto até agora, a situação se tornou insustentável porque os salários estão atrasados. Promessas nós temos e aguardamos serem cumpridas. A exemplo de muitos aqui tem gente pagando pra trabalhar. O pessoal que mora fora está pegando dinheiro de outros empregos para poder vir trabalhar”, enfatizou.

Ações para os problemas

O diretor administrativo da Secretaria de Saúde de Picos, Bruno Luz, reconheceu que a frota de veículos do SAMU de Picos se encontra deteriorada. Outro fator relatado pelo diretor que tem contribuído para a crise na instituição foi a suspensão desde março de 2016 do repasse federal que garante a prestação dos serviços de saúde.

“O problema do SAMU é um problema antigo. Já estavam sendo reunidos esforços para que ocorresse a volta do recurso federal suspenso desde março de 2016. Vale ressaltar que ele não custeia todo o funcionamento do SAMU e o município complementa com seus recursos próprios para o pleno funcionamento dos serviços e assim tem sido feito. Uma das ações já executadas foi o desfazimento das ambulâncias para que o Ministério pudesse renovar nossa frota, além de adequações na escala de trabalho”, dentre outras ações.

Bruno Luz, diretor administrativo

Bruno Luz pontuou que duas novas ambulâncias serão destinadas ao SAMU, conseguidas junto ao Ministério da Saúde (atendimento básico) que deve chegar na próxima semana e uma segunda a ser doada pelo Governo do Estado (atendimento avançado).

No tocante aos atrasos salariais, o diretor comentou que aguarda-se as deliberações judiciais para serem feitos o repasse dos vencimentos dos servidores da Secretaria de Saúde.